O velório de Dom Eugenio começou às 12h do dia 10 de julho,
atravessou a madrugada e perdurou por toda a manhã do dia 11, na Catedral de
São Sebastião do Rio de Janeiro, a igreja-mãe da arquidiocese.
Os fiéis se organizaram em uma grande fila para o último
adeus ao cardeal. “Durante 30 anos ele foi o nosso pastor e sempre acolheu a
todos, mesmo aqueles que tinham uma posição e opinião política diferente. No
silêncio dele, acolhia a todos”, disse Cândida Macuco, de 87 anos.
Lembrado a todo momento como o bom pastor, as pessoas tinham
uma expressão única no olhar: a comoção. Havia também um clima de emoção e
consternação. O que mais as pessoas lembravam ao se referirem a ele era o seu
amor aos pobres e a sua fidelidade à Igreja. E a fé que Dom Eugenio professou
em vida as estimulava a lhe prestarem sua última homenagem.
“Apesar do seu jeito introspectivo, era uma pessoa muito
carismática, muito segura daquilo que falava. O que me trouxe aqui é que ele
foi um marco da nossa Igreja no Rio”, disse Eli de Souza Silva, que atua na
Paróquia Sagrada Família, em Jacarepaguá.
Maria de Fátima Lourenço, de 60 anos, contou toda a sua
admiração por Dom Eugenio: “O que me trouxe aqui foi muita admiração, ele que
foi um bom pastor. Dom Eugenio teve uma grande importância para a Igreja no
Brasil, uma influência muito grande. Era um homem movido pela fé”, declarou.
Frei Altair Fernandes Correa, de 27 anos, ressaltou a
imagem de bom pastor pelo seu testemunho. “Dom Eugenio foi um grande pastor,
que conseguiu conciliar a ação pastoral e a transmissão da doutrina da Igreja.
Usou a linguagem do povo, indo ao encontro dos mais necessitados. Por isso
estou aqui, para homenagear esse homem que tanto trabalhou pela Igreja”,
declarou o frade.
Frei Leonardo Calazans dos Santos, de 30 anos, destacou as
pastorais fundadas por Dom Eugenio. “Eu vim prestigiar essa figura tão
importante para a história da Igreja no Brasil e no Rio. O que ele plantou
estamos colhendo hoje, graças ao seu empenho, pois ele compreendeu o que é ser
pastor”, afirmou.
As missas aconteciam de duas em duas horas. Numa delas, na
de meio-dia do dia 11, a
última antes da missa das exéquias presidida por Dom Orani João Tempesta, às
15h, foi dito que o objetivo maior era recordar toda a obra de Dom Eugenio e
pedir aos céus que ele tivesse a sua recompensa. Todos devem fazer o que Dom
Eugenio fez: peregrinar na vida e corresponder ao chamado amoroso de Deus a
uma nova vida. Antes da última missa, os fiéis rezaram o Terço da Misericórdia.
Uma das pessoas que mais se emocionou ao lado do caixão de
Dom Eugenio foi o padre José Valquimar Nogueira, seu último secretário. Ele
relatou que a convivência com Dom Eugenio foi muito pacífica, muito amiga e que
o relacionamento que tiveram era de confiança. “Nós nos tornamos muito
próximos. Eu não era simplesmente um secretário, era um companheiro que estava
lá, no dia a dia, participando da sua vida. Para mim, o legado que Dom Eugenio
deixa é que nós todos vejamos nele o que devemos ser: testemunhas de Jesus
Cristo na terra em qualquer situação”, assinalou.
Por causa da morte de Dom Eugenio foi decretado luto oficial
pela Presidência da República, pelos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande
do Norte, e pela Arquidiocese do Rio.
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA