A missa de exéquias do Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales
começou pontualmente às 15h, presidida pelo arcebispo do Rio, Dom Orani João
Tempesta, e concelebrada por seis cardeais, diversos bispos e sacerdotes
presentes.
A celebração, realizada na Catedral Metropolitana do Rio de
Janeiro, contou com a participação de autoridades como o governador do Estado
do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo
Paes e outros representantes da vida política, legislativa e do judiciário
(veja o box).
Participaram ainda religiosos, leigos e consagrados, representantes
de várias confissões cristãs e outras religiões, como as de tradição africana,
das comunidades judaicas e muçulmana, além de milhares de fiéis que lotaram a
catedral.
Também se encontravam presentes familiares de Dom Eugenio,
tendo à frente seu irmão caçula, o professor Otto Santana. Vieram do Rio Grande
do Norte para dar seu adeus ao parente tão querido. Seu outro irmão, Dom Heitor
Sales, arcebispo emérito de Natal, estava na Europa, não conseguiu chegar a
tempo.
Na homilia, Dom Ora ni exaltou que a presença de tantas
pessoas ilustres demonstrava uma merecida homenagem às virtudes de Dom Eugenio
e ao grande papel que ele desempenhou nos acontecimentos decisivos de sua
época.
“Além dos destaques que a justo título a mídia lhe prestou,
e das mensagens que nos chegam sobre diversos aspectos de sua brilhante
carreira, que marcou a vida nacional em boa parte do século 20, destacamos
aquilo que é verdadeiramente sua coroa de glória, como batizado, como
sacerdote e como bispo: sua conformidade com Jesus Cristo. É este o ideal que
todos nós, leigos ou clérigos, em qualquer função que sejamos chamados a
desempenhar, devemos ter continuamente diante dos olhos e que somos chamados a
buscar sem cessar. Será este, também o critério, pelo qual seremos julgados,
quando Deus nos chamar. Foi esse o segredo de todas as suas atividades sociais,
culturais, religiosas e da incansável fidelidade à Igreja e à sua doutrina”,
disse.
Dom Orani afirmou que todos aqueles que conviveram com Dom
Eugenio puderam perceber a segurança que transparecia dele, o bom pastor que
anunciou a verdade e esperava a recompensa que Deus lhe reservava. Lembrou que
o cardeal deixou um legado múltiplo: social, religioso, evangelizador, de
animação vocacional, de luta pela dignidade humana, de acolhida aos
perseguidos políticos e refugiados, de criação das pastorais e fidelidade a
Pedro e seus sucessores e à doutrina da Igreja. E concluiu com trechos do
testamento de Dom Eugenio, redigido no dia 7 de outubro de 2003 e que foi
divulgado na terça-feira, dia 10 de julho.
No final da celebração eucarística, o governador do Estado
do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, deu um depoimento tocante sobre a vida
de Dom Eugenio destacando sua preocupação política, mas sempre aliada à sua
extrema serenidade para conduzir a arquidiocese.
“Dom Eugenio sempre passou para todos nós muita serenidade
e assumiu o arcebispado do Rio num período muito duro da vida nacional, e a
primeira década foi muito difícil do ponto de vista político. Ele, com a sua
expressão e forma de ser, salvou muitas vidas. Em casa, eu sempre ouvi do meu
pai isso: a solidariedade de Dom Eugenio. Era um homem muito sereno, muito
tranquilo e que amava o Rio”, resumiu o governador do estado.
Após a missa de exéquias aconteceu o sepultamento do Cardeal
Sales, às 17h13, na cripta que fica no subsolo da Catedral, próximo à de Dom
Jaime de Barros Câmara, seu antecessor na arquidiocese. Foi um momento de muita
emoção marcado pela fé e pela plena certeza de que a recompensa para Dom
Eugenio no Céu estava assegurada por sua demonstração de amor a Deus e pela sua
fidelidade aos princípios da Igreja. O Bom Pastor retorna finalmente à casa do
Pai, retorna para o seu Senhor, a quem consagrou toda a sua vida.
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA