sexta-feira, 29 de junho de 2012

Um olhar sobre o projeto Humanidade 2012



Estive na abertura ao público do projeto Humanidade 2012 e notei a ansiedade da população em participar dessa exposição da Rio+20, no Forte de Copacabana. Na visita ao jardim localizado no terraço, sobre a enorme estru­tura metálica montada, pude contemplar a natureza do Rio de Janeiro: o mar, as montanhas e o céu azul. E, ao olhar para trás, um contraste de nossa cidade com prédios luxuosos à beira­-mar dividindo o espaço com as comunidades nos morros.
A reflexão sobre o caminhar da humanidade, em exposição nos espaços temáticos, foi re­sumida neste olhar: o homem desafiando a natureza com suas diferenças sociais; poluindo, silenciosamente, os oceanos através de seus resíduos tóxicos; o desaparecimento dos peixes pelo consumo desenfreado; a descaracterização de nossas flo­restas, e falta de uma consciência de paz e respeito.
O projeto Humanidade 2012 propôs grandes debates, com a presença de bons palestrantes. Os assuntos foram pertinentes e focalizados no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equitativa, na preservação dos recursos naturais, e nos riscos ambientais pertinentes às ativi­dades econômicas atuais.
Destaco pontos importantes: os alunos das escolas públicas chegavam ao evento usando uma camisa verde com os dizeres “Heróis do Futuro”. Ora, penso que o poder público deveria tra­balhar no sentido de aprofundar e fortalecer, sim, o conceito de “Cidadãos do Futuro”. Essa idéia de Heróis do Futuro remete aos modismos da propaganda verde superficial.
Outro exemplo gritante, que talvez fosse uma oportunidade única de se fazer diferente, os banheiros são exemplos de como não poupar a nossa água tratada, sendo montados com torneiras já ultrapassadas por desperdiçar a água.
Enfim, presenciei o mau cheiro, logo na entrada do even­to, devido a um vazamento de esgoto que corria para os bueiros das águas pluviais. Destino final será o mar! A impressão que se tem é que ainda estamos engati­nhando rumo a uma sociedade consciente e propagadora de co­nhecimentos técnico-científicos, capaz de superar os desafios ambientais do século 21.
Espero que as palestras pro­feridas neste evento possam ultrapassar este emaranhado de ferros – uma referência à estrutu­ra metálica do evento – e sacudir as mentes e corações de nossa sociedade.
Que a bela vista do terraço não seja apenas um quadro da natureza do Rio, mas um apelo sensível do meio ambiente e das próximas gerações para que, a cada dia, possamos permear na humanidade a idéia do desenvol­vimento sustentável.

MARCUS CAVALCANTE
VICENTINO E QUÍMICO INDUSTRIAL
FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM / ABR