Estive na abertura ao público do projeto Humanidade 2012 e
notei a ansiedade da população em participar dessa exposição da Rio+20, no
Forte de Copacabana. Na visita ao jardim localizado no terraço, sobre a enorme
estrutura metálica montada, pude contemplar a natureza do Rio de Janeiro: o
mar, as montanhas e o céu azul. E, ao olhar para trás, um contraste de nossa
cidade com prédios luxuosos à beira-mar dividindo o espaço com as comunidades
nos morros.
A reflexão sobre o caminhar da humanidade, em exposição nos
espaços temáticos, foi resumida neste olhar: o homem desafiando a natureza com
suas diferenças sociais; poluindo, silenciosamente, os oceanos através de seus
resíduos tóxicos; o desaparecimento dos peixes pelo consumo desenfreado; a
descaracterização de nossas florestas, e falta de uma consciência de paz e
respeito.
O projeto Humanidade 2012 propôs grandes debates, com a
presença de bons palestrantes. Os assuntos foram pertinentes e focalizados no
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equitativa, na preservação dos
recursos naturais, e nos riscos ambientais pertinentes às atividades
econômicas atuais.
Destaco pontos importantes: os alunos das escolas públicas
chegavam ao evento usando uma camisa verde com os dizeres “Heróis do Futuro”.
Ora, penso que o poder público deveria trabalhar no sentido de aprofundar e
fortalecer, sim, o conceito de “Cidadãos do Futuro”. Essa idéia de Heróis do
Futuro remete aos modismos da propaganda verde superficial.
Outro exemplo gritante, que talvez fosse uma oportunidade
única de se fazer diferente, os banheiros são exemplos de como não poupar a
nossa água tratada, sendo montados com torneiras já ultrapassadas por
desperdiçar a água.
Enfim, presenciei o mau cheiro, logo na entrada do evento,
devido a um vazamento de esgoto que corria para os bueiros das águas pluviais.
Destino final será o mar! A impressão que se tem é que ainda estamos engatinhando
rumo a uma sociedade consciente e propagadora de conhecimentos
técnico-científicos, capaz de superar os desafios ambientais do século 21.
Espero que as palestras proferidas neste evento possam
ultrapassar este emaranhado de ferros – uma referência à estrutura metálica do
evento – e sacudir as mentes e corações de nossa sociedade.
Que a bela vista do terraço não seja apenas um quadro da
natureza do Rio, mas um apelo sensível do meio ambiente e das próximas gerações
para que, a cada dia, possamos permear na humanidade a idéia do desenvolvimento
sustentável.
MARCUS CAVALCANTE
VICENTINO E QUÍMICO INDUSTRIAL
FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM / ABR