As cinco dimensões do desenvolvimento sustentável, para a
construção do futuro na perspectiva da Cáritas, são desenvolvidas pela Cáritas
Brasil em diversos programas de ajuda aos mais necessitados.
Dia 12 de janeiro de 2010: no país mais pobre das Américas,
o Haiti, milhares de pessoas morreram ou ficaram feridas no terremoto de
magnitude 7.0 na escala Richter.
Em caráter de urgência, várias organizações arrecadaram
doações para os atingidos. Entre elas, Cáritas Brasileira, entidade da Igreja
Católica de promoção e atuação social, com trabalho na defesa dos direitos
humanos, de segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário.
Hoje, após dois anos e cinco meses da tragédia, integrantes da Cáritas
continuam desenvolvendo trabalhos missionários para os necessitados do país.
Após a tragédia, a Igreja no Brasil lançou a Campanha da
Solidariedade, sob a coordenação da Cáritas, com uma proposta de apoio por meio
de missionários que foram ajudar o povo haitiano. No primeiro momento, foi
desenvolvido um plano de ações de urgência, que arrecadou recursos financeiros
para a compra de água, alimentos, produtos de higiene, roupas e remédios, e a construção
de tendas. Depois, foi montado um programa de reabilitação. Segundo o
presidente da Cáritas Brasileira e bispo de Abaetetuba, no Pará, Dom Flávio
Giovenale, em colaboração com a Cáritas do Haiti, a entidade elaborou um plano
com várias linhas de ação.
“Uma linha foi a reconstrução de casas. Outra, a
reconstrução de escolas, porque o sistema educacional do Haiti, a
alfabetização, especialmente nas escolas do interior, está nas mãos das
paróquias, das comunidades eclesiais. Mais uma linha respondeu pela
reestruturação do campo da saúde, tanto de atendimento ambulatorial como da
saúde preventiva. Outra visava a construção de uma economia solidária, ou seja,
o incentivo para que famílias ou grupos comunitários pudessem gerar renda
ajudando-se uns aos outros. E ainda, a busca pela segurança alimentar de
maneira a produzir alimentos e, depois, processá-los para que se tivesse uma
alimentação saudável”, explicou.
Em abril, uma delegação da Cáritas Brasileira esteve no
Haiti para visitar os programas em andamento. De acordo com a diretora executiva nacional,
Maria Cristina dos Anjos, o objetivo foi começar a trabalhar mais a integração
de todos os missionários para contribuir, com qualidade, para o trabalho da
Igreja do Brasil no Haiti. Até março de 2012 foram construídas, com o auxílio
da Cáritas, dez escolas com seis salas de aula em cada uma, e 53 casas com 40 metros quadrados
e cinco cômodos. O planejamento é de construção de mais cinco escolas e 60
moradias.
“Há uma proposta de ampliação e de continuidade da campanha.
Esperamos, neste e no próximo ano, avançar nesse número. O que nós queremos é
não sair do Haiti agora. Pelo menos 500 mil pessoas ainda estão vivendo em barracas. Então ,
há uma necessidade tremenda de continuar esse suporte nosso”, frisou.
Para Dom Flávio, agora começa a terceira fase, uma continuação
da segunda fase, incrementando e incentivando a reconstrução de casas e de
escolas, a economia solidária, a segurança alimentar e a saúde.
“Eu estive lá a dois anos do terremoto e é preocupante o
nível de estragos que ainda se vê, e o quanto se precisa investir em curto,
médio e longo prazo. Temos que pensar em ações que, mesmo que demorem mais,
possam de verdade resolver os problemas”, disse.
Nesta terceira fase, o bispo lembra que é muito importante o
fortalecimento do trabalho em conjunto entre as congregações tradicionais e as
novas comunidades no Haiti.
“Há congregações que estavam lá antes do terremoto e
continuam renovando sua ação e missão. É bonito ver a Igreja que nós somos como
uma mão, que precisa de todos os dedos para escrever, ou seja, um modelo só não
funciona, precisamos de vários modelos de ação. É bonito ver essa
complementaridade entre as novas comunidades, que trabalham para resolver o
problema do dia a dia, e as tradicionais congregações, que estão há séculos
vivendo lá e investindo forte numa educação técnica. Há espaço para todo mundo
e é bom que todos se ajudem, respeitem e complementem”, destacou.
RENATO FRANCISCO
FOTOS: CÁRITAS
BRASILEIRA