A família, a grande família humana e cada uma das famílias
que compõem a humanidade, é o grande projeto de Deus para que o homem e a
mulher tenham um sentido nobre e prático para suas vidas.
Ambos, segundo o modo de ser que lhes é próprio, o gênio
feminino e o gênio masculino, colaboram na sustentabilidade e no
desenvolvimento da sociedade humana, que dentro desse projeto divino é
condição necessária e fundamental para que os povos vivam em paz, na justiça e
na igualdade de direitos e deveres.
Considerando a mulher vê-se que ela está cada vez mais
presente na vida social, levando para além dos limites do ambiente familiar a
sua valiosa contribuição como pessoa que é, e sempre com suas peculiares e
profundas riquezas femininas.
Tanto a família como o mundo necessitam de uma mulher real
e autenticamente emancipada, respeitada, madura e competente na profissão,
reconhecida no seu papel público e domiciliar, para que ela possa injetar no
ambiente político, cultural, educacional etc. uma qualidade específica do seu
gênio feminino.
Com palavras de um conhecido psiquiatra austríaco, discípulo
de Freud, o vienense Viktor Frankl, há na mulher – no homem também, de outra
forma – aquilo que ele denominou de “poder de resistência do espírito”, isto
é, a tenaz capacidade de reagir diante dos grandes valores humanos, a força
para voltar a erguer-se e de reempreender o esforço necessário para
comportar-se à altura da sua dignidade humana.
Se é verdade que o ser feminino e o ser masculino são
portadores de igual dignidade e de igual responsabilidade social e familiar, é
preciso considerar que toda a sustentabilidade e desenvolvimento da grande
família humana exigem que o valor total e real da mulher seja respeitado e
colocado numa posição mais visível, para ser devidamente conhecido e admirado
com respeito.
A mulher, com sua dimensão feminina, tem na sua sexualidade
uma propriedade da sua pessoa, que a informa substancialmente sobre o modo de
ser e de atuar ao lado do homem, mas jamais pode ser considerada como um corpo
orientado somente para o sexo.
O verdadeiro papel social da mulher, ao lado do homem, não é
ser uma reprodutora. A mulher, com sua tenacidade de espírito e com sua
delicada ternura, com sua generosidade incansável e com sua agudeza de
inteligência, com sua capacidade de intuição e com seu amor concreto pela outra
pessoa, é a pessoa que no seu gênio feminino alicerça profundamente o projeto
de Deus para a grande família.
Consideremos a Beata Irmã Dulce dos Pobres, a Beata Madre
Teresa de Calcutá, tantas mães de família, outras mulheres que exercem a
medicina, a política, a enfermagem, a pedagogia etc., as meninas e as jovens
que se dispõem a fazer um trabalho de voluntariado em ambientes pobres e
violentos, todas essas mulheres, conhecidas e anônimas, no celibato e no
casamento, na família e no ambiente profissional e social, estão construindo
um mundo melhor e mais justo, só por causa da solidez e da firmeza do seu gênio
feminino.
DOM ANTONIO AUGUSTO DIAS DUARTE
BISPO AUXILIAR DO RIO DE JANEIRO
FOTO: CARLOS MOIOLI