“A presença da Igreja na Conferência das Nações Unidas
sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20” foi o tema da coletiva de imprensa que
aconteceu no dia 17 de junho, na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro.
O encontro foi organizado pela Arquidiocese do Rio, pela Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Aliança Internacional de Agências Católicas
de Desenvolvimento (CIDSE). Os principais temas abordados no encontro foram
assuntos ligados à economia “verde”, à centralidade da pessoa humana, à
preocupação com o futuro da humanidade e aos resultados práticos da Rio 92.
“Vinte anos se passaram, o Rio de Janeiro sedia uma nova
conferência sobre o desenvolvimento sustentável. A atitude da arquidiocese é de
acolhida e de respeito a todos, para contribuir com o presente e com o futuro
do mundo. Pedimos a Deus que a semente caída na terra possa produzir o seu
fruto no devido tempo”, incentivou o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Além de Dom Orani, a mesa da coletiva foi formada pelo
observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Francis Chullikatt; pelo
secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner; pelo bispo de Wa, em
Gana, Dom Paul Bemile; pelo secretário geral da CIDSE, Bernd Nilles, e pela
diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase),
Moema de Miranda, que integra o comitê facilitador da Cúpula dos Povos para a
Rio+20.
CLÁUDIA BRITO
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA
“O sistema que temos
agora está destruindo a natureza. Os recursos naturais estão diminuindo e o
continente da África está virando um deserto por causa do desmatamento. É
preciso defender os direitos dos mais pobres. Os governos devem adotar
políticas públicas que garantam a distribuição dos bens comuns de uma maneira
justa, de forma a ajudar no desenvolvimento das pessoas, para que elas possam
usufruir os recursos naturais da terra onde vivem. Os bens comuns são para
todos os homens e mulheres, e devem estar disponíveis para o bem estar de todas
as pessoas”.
BISPO DE WA, EM GHANA, DOM PAUL BEMILE
“A nossa geração é a
primeira na face da terra que tem a possibilidade de acabar com a pobreza;
precisamos utilizar a oportunidade da Rio+20 para fazer isso. Precisamos
questionar o modelo atual. Muitos querem manter o crescimento econômico apenas
para os seus países, mas nós queremos desafiar isso, e gostaríamos de ver os
governos saírem dessa economia ‘cinza’, do petróleo e do gás.
Os governos medem o desenvolvimento pelo PIB, mas deveriam
medi-lo pelo índice de redução de pobreza e por quanto conseguem proteger a
ecologia e o planeta; Precisamos de novos indicadores. Cada pessoa deve
ajudar, diminuindo o consumo próprio e fazendo as escolhas certas”.
SECRETÁRIO GERAL DA CIDSE, BERND NILLES
“Vivemos sob o tempo
da urgência, não podemos esperar outros 20 anos, na Rio+40, para encontrar
soluções. Agora é o momento de tomar decisões que possam mudar profundamente as
causas da destruição do planeta e da vida.
No documento oficial da Rio+20, acredito que houve um
retrocesso em relação aos princípios que já haviam sido aprovados na Rio 92,
como o princípio de responsabilidades diferentes, de acordo com a sua própria
capacidade e com a sua poluição. Os documentos finais não devem ser simples
declarações, é necessário pressionar os governos por compromissos mais
profundos, com soluções que atinjam as causas e não só as superfícies dos
problemas.”
DIRETORA DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E
ECONÔMICAS (IBASE), MOEMA DE MIRANDA