quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Clarissas celebram jubileu no Cristo



Com oito séculos de história, a Ordem de Santa Clara viveu um tempo especial de ação de graças nos últimos três anos. No ano passado, o Papa Bento XVI decretou o Ano Clariano, concedendo uma indulgência plenária para os mais de 900 mosteiros existentes em todo o mundo.
Em sinal de unidade, o en­cerramento jubilar no Rio de Janeiro também aconteceu no dia 11 de agosto, na memória litúrgica de Santa Clara de Assis. O arcebispo Dom Orani João Tempesta celebrou a Eucaristia no Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, na Gávea, com transmissão ao vivo para todo o Brasil pela Rede Vida de Televisão. Na tarde de domingo, 12 de agosto, Dom Orani celebrou novamente com as religiosas clarissas, desta vez, aos pés do Cristo Redentor, onde a maioria delas foram pela pri­meira vez.

SEGREDO DA IGREJA
De acordo com Dom Orani, a vida contemplativa é um dom pre­cioso da Igreja para o mundo, tão carente e sedento de Deus. Agra­decendo a presença e a missão de­sempenhada pelas irmãs clarissas no território da arquidiocese, disse que elas são um doce e eloquente sinal de Deus no mundo.
Dom Orani destacou a im­portância da televisão para a evangelização, na qual Santa Clara é padroeira. Segundo as boas tradições, lembrou o arce­bispo, ela ‘assistiu’ a Santa Missa de sua cama quando enferma, no Convento de São Damião, onde viveu por 40 anos.
Nesse contexto, disse que a visita das clarissas ao Cristo Redentor era significativa, uma oportunidade para contemplar o vasto horizonte da missão, onde dentro de cada prédio ou casa, há a presença de pessoas que clamam por uma felicidade que só se encontra em Deus.
“A sede de compreender a própria vida, a busca de Deus, é a grande motivação das pessoas que vem aqui no Cristo”, pontuou.
Dom Orani disse que a vida contemplativa, assim como todos os ministérios, carismas e dons são importantes para a vitalidade da Igreja.
“O grande segredo da Igreja é a oração. É ela que leva os cora­ções a se abrir à ação do Espírito Santo. As atividades que temos dependem da oração, principal­mente a de vocês, a intercessão que fazem pelas necessidades da Igreja”, destacou.

VISITA AO CRISTO
Quando Dom Orani foi cum­primentar as religiosas no par­látorio, após a missa litúrgica de Santa Clara, ele anunciou a visita ao Cristo como presente das co­memorações dos 800 anos. A su­periora perguntou: “Amanhã?”. Ele disse “sim, madre”. Tem que ser no susto, se não nunca irão”.
“A maioria das irmãs nunca tinha visto o Cristo Redentor de perto, nem eu mesmo, que estou aqui no convento há 56 anos. Foi uma emoção muito grande ver esse símbolo da nossa cidade, do Brasil. A vista panorâmica é belíssima. Foi memorável para nós, um momento muito forte, um presente inesquecível de nosso arcebispo”, contou irmã Maria Pacífica.
As religiosas participaram da Eucaristia aos pés do Cristo Re­dentor, no interior do Santuário dedicado a Nossa Senhora Apa­recida. Em seguida, na compa­nhia do reitor, padre Omar Ra­poso, as religiosas participaram de uma pequena procissão na base do monumento, enquanto Dom Orani aspergia o povo com água benta.
“Parecia um sonho, porque não estamos acostumadas a sair da clausura. Algumas diziam: ‘só acredito quando entrar na van’. A visita começou com espírito de peregrinação, de oração e de muita gratidão a Deus pelo dom da vocação e pelos 800 anos da nossa ordem. Foi com muita alegria que a gente foi conhecer o Cristo de braços abertos. E quando a gente chegou lá tudo era novidade, principalmente de contemplar a criação de Deus. Quando jovem, tinha muitos so­nhos de estudos e de trabalhos, mas a grandeza de conhecer o Cristo era inimaginável. Parecia um sonho e o maior presente que Jesus podia ter nos dado, por esse jubileu”, contou a irmã Maria Mirtes da Sagrada Face.

RIO DE JANEIRO
As clarissas foram as primei­ras religiosas a se estabelecerem no Brasil, em 1677, na Bahia.
No Rio de Janeiro, as oito pri­meiras irmãs chegaram no dia 25 de setembro de 1928, vindas de Düsseldorf, na Alemanha. Inicialmente, elas ficaram ins­taladas em uma casa no bairro de Ipanema, até que em 1931 foi iniciada a construção do Mostei­ro Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, na Gávea, de onde nasceram mais 12 mosteiros. A primeira abadessa eleita, madre Maria Seráfica do Santíssimo Sacramento, ficou no cargo até agosto de 1950.Com 28 reli­giosas, atualmente o mosteiro é dirigido pela madre Pacífica.

SANTA CLARA
"Clara de Assis é uma das san­tas mais amadas do mundo. O seu testemunho nos mostra o quanto toda a Igreja é devedora a mulhe­res corajosas e ricas de fé como ela, capazes de dar um impulso decisivo para a renovação. De família nobre, tudo deixou para viver os trabalhos mais humildes, não obstante fosse a superiora. Clara manteve-se no anonimato, mas a sua luz ilumina o mun­do inteiro. São os santos que mudam o mundo, para melhor, transformam-no de modo du­radouro, oferecendo as energias que somente o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os santos são os grandes benfeitores da humanidade!", disse Bento XVI, em 11 de agosto 2011.

CARLOS MOIOLI
FOTO: CARLOS MOIOLI