quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Vitória para a educação

Da esquerda para a direita, professora Ediléia da Silva Santos, da Associação de Professores de Ensino Religioso Católico (Asperc); professor Nonato Coelho, coordenador da Pastoral da Educação da Arquidiocese do Rio; ex-deputado Carlos Dias; padre Paulo Romão; Dom Nelson Francelino; professora Glória Macedo, e professora Simone Vital, responsável pelo ER na Coordenadoria de Educação da SME


Um dia histórico! Assim foi considerado o dia de acolhida da primeira turma de professores de ensino religioso (ER) católico da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que aconteceu no dia 13 de agosto, no Edifício João Paulo II, na Glória. No encontro, os novos professores receberam os subsídios que deverão ser utiliza­dos em sala de aula, no 2º semestre deste ano nas turmas de 4º e 5º ano, nas escolas de turno integral. O acontecimento cumpre a lei nº 5303, de 19 de outubro de 2011, que criou no quadro permanente do Poder Executivo do Município do Rio a categoria funcional de professor de ER.
“Brota uma esperança de uma cultura que viva o diálogo, o respei­to e a sadia democracia em torno dos valores essenciais. Eu creio que cada credo tem muito a contribuir com uma sociedade justa, fraterna e pacífica. Levar isso para as escolas é um marco importante e referen­cial. As crianças vão abrir os olhos e a inteligência e saberão expressar os valores da fé, da religião e da transcendência. Eu creio que esse é o caminho para o ser humano que nós sonhamos e esperamos”, desejou o bispo auxiliar Dom Nel­son Francelino Ferreira.
Na acolhida, os professores receberam diversas orientações para preparar as aulas de ER. A partir de setembro, os novos professores serão auxiliados com cursos de atualização continuada que acontecerão de forma quinze­nal, nas tardes de sextas-feiras. A programação pedagógica aborda “os grandes porquês” da vida e a descoberta de Deus, revelado em Jesus Cristo. A metodologia de ensino busca fazer como que o aluno descubra que a mensagem de Cristo continua acontecendo na vida de muitos cristãos, teste­munhas fiéis de que o “mal” pode ser vencido.
“Esse é um dia histórico, por­que realizamos aquilo que deseja­mos durante muito tempo, foi um longo trabalho. Muitos professores passaram no concurso, os primei­ros 55 foram chamados e começa­rão a lecionar nos colégios neste semestre. Acolhemos e enviamos esses educadores para uma bela missão”, disse.
Para os alunos, cujos respon­sáveis não optaram pelo ER na confissão católica, evangélica ou afro-brasileiras, serão ministradas aulas de Educação em Valores, por um professor de Ensino Funda­mental, sendo, nos anos iniciais, o próprio professor regente da turma.
A assessora da coordenadoria de Educação da Secretaria Muni­cipal de Educação (SME-RJ), pro­fessora Glória Antonieta Macedo, afirmou que cada credo deve ser respeitado em sua especificidade, para que não aconteça o prose­litismo religioso, e que os novos professores devem ter como norte na prática cotidiana a agregação de seres humanos e o respeito mútuo entre as diferentes religiões.
“Queremos desenvolver o sentimento de fraternidade, de solidariedade e de amor. Nosso cotidiano tem que ser de muito respeito, diálogo e aproximação. Para enfrentar os desafios que virão, com coragem, garra e de­terminação, só amando como Jesus amou”, motivou a professora Glória.
Após o encontro de boas-vin­das, o padre Paulo presidiu a missa de envio da primeira turma. No final da celebração, os educadores leram o texto do compromisso, assumindo a responsabilidade que terão. “Minha esperança é colocar sementes nos corações dessas crianças e que elas possam frutificar algum dia”, disse a profes­sora, Erika Barbosa, da Paróquia da Apresentação, em Irajá, que vai lecionar na 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).
O ENSINO RELIGIOSO FAZ A DIFERENÇA
Conforme o Índice de De­senvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2011, divulgado em 14 de agosto, o Rio ainda precisa melhorar suas notas, especialmente, no rendimento dos alunos das séries finais. O IDEB é o principal indicador da qualidade do ensino brasileiro, de zero a dez, que leva em conta índices de aprovação, abandono e pontuação dos estudantes.
Para reduzir os índices de eva­são escolar, medidas preventivas para evitar o bullying, a gravidez na adolescência e o desinteresse pelo estudo são algumas das soluções que devem ser utilizadas.
“O bullying é algo que nos preocupa muito, porque diminui a participação e o comprometi­mento do aluno na sala de aula. É necessário um trabalho preven­tivo que envolve um conjunto de fatores. Acredito que o ER é uma contribuição importante para o ambiente educacional, porque resgata valores e valoriza a família. Existem testemunhos e depoimen­tos de professores que perceberam uma diminuição da violência e um ambiente mais amigável na comunidade escolar”, afirmou o subsecretário de Gestão de Pessoas da Secretaria de Educação do Esta­do do Rio (Seeduc/RJ), Luiz Carlos Becker Junior.
Para padre Paulo, a evasão escolar acontece porque os alunos perdem a motivação para estudar. “O ensino religioso fala de coisas que tocam questões existenciais. Eu acredito que essa disciplina tem muito a colaborar para que a evasão seja reduzida”, observou o sacerdote.
O estudante da rede estadual de ensino, Alan Gripp Souza, de 16 anos, acredita que o ensino religio­so é benéfico. “A fé é a base para os jovens. As pessoas sem fé chegam num ponto onde ficam sem um lu­gar para se apoiar, para buscar uma saída e se sentem sozinhas porque não têm em quem acreditar. A fé faz diferença na vida de uma pes­soa, é algo fundamental”, afirmou.

CLÁUDIA BRITO
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA


Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Departamento Arquidiocesano de Ensino Religioso


COMPROMISSO


Eu, (...) ao ingressar na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro como Professor (a) do Ensino Religioso Católico, diante de Deus e de sua Igreja, comprometo-me a guardar absoluta fidelidade ao Santo Evangelho e à doutrina de Cristo tal como é ensinada pelo Magistério da Santa Igreja.
Assumo também o encargo de me empenhar pela difusão da fé católica, seja no magistério, na pastoral, seja no lar e no convívio co­tidiano com os meus semelhantes, levando assim os meus alunos à alegria de conhecer o sentido da vida dos filhos de Deus, co-herdeiros com Cristo e herdeiros de Pai Celeste.
Para realizar este propósito, comprometo-me participar nas reuniões periódicas oferecidas pelo Departamento Arquidiocesano de Ensino Religioso.
Confio também no auxílio de Maria Santíssima, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos.