sexta-feira, 20 de julho de 2012

Violência nas escolas: doença social



Muitos são os problemas do setor educacional: violência, professores mal pagos, defi­ciências na grade curricular, precariedade das salas de aula e evasão escolar, e são urgentes as mudanças, grandes e pequenas, que precisam ser realizadas por diferentes segmentos da socieda­de, pois erros no presente podem deixar muitas crianças e jovens sem futuro.
Uma pesquisa realizada por 150 alunos da Faculdade de Edu­cação da Universidade Federal Fluminense (UFF) revelou que 68% das escolas do Estado do Rio de Janeiro apresentam alguma forma de violência e 85% não têm psicólogos. O estudo “Rela­ções entre Psicologia e Educação – Mapeamento das práticas”, apresentado este ano na UFF, analisou 65 escolas, sendo 83% públicas e 17% privadas.
A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (See­duc) não quis comentar o estudo, e afirmou, pela assessoria de comunicação, que a pesquisa não reflete a realidade da rede esta­dual de ensino, e que não dispõe de números sobre a violência.
A Seeduc disse que a rede estadual trabalha com medidas preventivas, com o objetivo de garantir a segurança de alunos e funcionários e de evitar atos que coloquem estudantes e profissionais em situação de constrangimento ou risco social; e que desde maio deste ano, 90 escolas da rede estadual de en­sino contam com a presença de policiais militares dentro e fora das unidades.
Os profissionais trabalham fardados e armados, utilizando as horas de folga do serviço re­gular na PM. Os colégios foram escolhidos de acordo com a rea­lidade de cada unidade escolar e por solicitações dos diretores. A primeira fase do convênio fun­cionará como um piloto, após a qual a Seeduc pretende levar o policiamento militar a toda a rede pública do estado. A Secre­taria de Educação vai investir cerca de R$ 2 milhões por mês para contar com o patrulhamen­to extra.
Para o coordenador da Pas­toral da Educação do Regional Leste 1, professor Sérgio Maia, a violência nas escolas não se re­solve colocando policiais dentro das unidades educativas, porque a questão não é policial.
“É preciso realizar ações pe­dagógicas e de mobilização social. Em primeiro lugar, é necessário que existam políticas públicas sérias e comprometidas para resolver a questão da violên­cia, que é uma doença social. É necessária a interação de todos, família, escola e sociedade”, disse o professor.
Ele acredita que o ensino religioso (ER) é um componente importante para a prevenção da violência nas escolas, porque apresenta valores permanentes para a sociedade. “Os valores que estão prevalecendo são os transitórios, que viraram moda. O ensino religioso ajuda a pessoa humana a se juntar, a virar um todo, porque fala de um homem integral e completo, que tem uma visão geral da vida e da sociedade, não é um homem par­tido”, avaliou o professor Sérgio.

PREVENÇÃO PELA RECUPERAÇÃO DE VALORES
Uma educação para a paz pode ser realidade a partir de aulas que busquem valorizar o que existe de melhor dentro de cada ser humano, pois o vazio existencial causado pela ausência de Deus pode gerar depressão e violência.
A implantação do Ensino Reli­gioso, plural, confessional e facul­tativo, nas escolas públicas da Rede Municipal de Ensino, a partir de agosto, tem como objetivo saciar a sede natural de toda pessoa hu­mana por um sentido maior para a existência.
A assessora para o ensino reli­gioso do Regional Leste 1, professo­ra Vânia Cristina Rafaelli, afirmou que o ER se refere ao ser religioso presente em cada um. Porque, in­dependentemente de qualquer coi­sa, desde os primórdios, o homem nasce com um desejo do transcen­dente, por algo que é superior a sua existência e entendimento. “O ensino religioso fala ao coração do aluno, é um ensinamento de dentro para fora, que completa a formação do estudante”, afirmou.
O diretor do Departamento Ar­quidiocesano de Ensino Religioso, padre Paulo Romão, acredita que este ensino, confessional e plural, contempla e valoriza o direito dos pais de que seus filhos tenham uma formação integral e completa. “É papel do Estado favorecer esta educação em todos os sentidos. É um dever que favorece a formação do cidadão, que nunca é neutro, mas faz parte de uma cultura, de um povo e de uma religião”, disse o padre.
Segundo o sacerdote, em ape­nas uma aula de ensino religioso, o aluno pode escutar algo que o ajude durante toda a sua vida. “Os alunos se tornam amigos de seus professores de ER, porque veem ne­les um ponto de referência, porque aprendem valores fundamentais para a vida, e recuperam também uma visão mais profunda da pró­pria fé. Numa sociedade onde há tanta violência, egoísmo e corrup­ção os valores são destruídos. O ER possibilita uma recuperação de valores que podem nortear a vida do aluno”, assinalou.

CLÁUDIA BRITO