segunda-feira, 23 de julho de 2012

Oração e emoção no adeus a Dom Eugenio



O velório de Dom Eugenio começou às 12h do dia 10 de julho, atravessou a madrugada e perdurou por toda a manhã do dia 11, na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, a igreja-mãe da arquidiocese.
Os fiéis se organizaram em uma grande fila para o último adeus ao cardeal. “Durante 30 anos ele foi o nosso pastor e sempre acolheu a todos, mesmo aqueles que tinham uma posição e opinião política diferente. No silêncio dele, acolhia a todos”, disse Cândida Macuco, de 87 anos.
Lembrado a todo momento como o bom pastor, as pessoas tinham uma expressão única no olhar: a comoção. Havia também um clima de emoção e conster­nação. O que mais as pessoas lembravam ao se referirem a ele era o seu amor aos pobres e a sua fidelidade à Igreja. E a fé que Dom Eugenio professou em vida as estimulava a lhe prestarem sua última homenagem.
“Apesar do seu jeito intros­pectivo, era uma pessoa muito carismática, muito segura daquilo que falava. O que me trouxe aqui é que ele foi um marco da nossa Igreja no Rio”, disse Eli de Souza Silva, que atua na Paróquia Sagra­da Família, em Jacarepaguá.
Maria de Fátima Lourenço, de 60 anos, contou toda a sua admiração por Dom Eugenio: “O que me trouxe aqui foi muita admiração, ele que foi um bom pastor. Dom Eugenio teve uma grande importância para a Igreja no Brasil, uma influência muito grande. Era um homem movido pela fé”, declarou.
Frei Altair Fernandes Cor­rea, de 27 anos, ressaltou a imagem de bom pastor pelo seu testemunho. “Dom Eugenio foi um grande pastor, que conse­guiu conciliar a ação pastoral e a transmissão da doutrina da Igreja. Usou a linguagem do povo, indo ao encontro dos mais necessitados. Por isso estou aqui, para homenagear esse homem que tanto trabalhou pela Igreja”, declarou o frade.
Frei Leonardo Calazans dos Santos, de 30 anos, destacou as pastorais fundadas por Dom Eugenio. “Eu vim prestigiar essa figura tão importante para a história da Igreja no Brasil e no Rio. O que ele plantou estamos colhendo hoje, graças ao seu empenho, pois ele compreendeu o que é ser pastor”, afirmou.
As missas aconteciam de duas em duas horas. Numa delas, na de meio-dia do dia 11, a última antes da missa das exéquias presidida por Dom Orani João Tempesta, às 15h, foi dito que o objetivo maior era recordar toda a obra de Dom Eugenio e pedir aos céus que ele tivesse a sua recompensa. Todos devem fazer o que Dom Eugenio fez: peregrinar na vida e corres­ponder ao chamado amoroso de Deus a uma nova vida. Antes da última missa, os fiéis rezaram o Terço da Misericórdia.
Uma das pessoas que mais se emocionou ao lado do caixão de Dom Eugenio foi o padre José Valquimar Nogueira, seu último secretário. Ele relatou que a convivência com Dom Eugenio foi muito pacífica, muito amiga e que o relacionamento que tiveram era de confiança. “Nós nos tornamos muito próximos. Eu não era simplesmente um secretário, era um companheiro que estava lá, no dia a dia, parti­cipando da sua vida. Para mim, o legado que Dom Eugenio deixa é que nós todos vejamos nele o que devemos ser: testemunhas de Jesus Cristo na terra em qualquer situação”, assinalou.
Por causa da morte de Dom Eugenio foi decretado luto oficial pela Presidência da República, pelos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte, e pela Arquidiocese do Rio.

FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA