terça-feira, 26 de junho de 2012

Solidariedade com o Haiti


As cinco dimensões do desen­volvimento sustentável, para a construção do futuro na perspec­tiva da Cáritas, são desenvolvidas pela Cáritas Brasil em diversos programas de ajuda aos mais necessitados.
Dia 12 de janeiro de 2010: no país mais pobre das Américas, o Haiti, milhares de pessoas morreram ou ficaram feridas no terremoto de magnitude 7.0 na escala Richter.
Em caráter de urgência, vá­rias organizações arrecadaram doações para os atingidos. Entre elas, Cáritas Brasileira, entidade da Igreja Católica de promoção e atuação social, com trabalho na defesa dos direitos humanos, de segurança alimentar e do desen­volvimento sustentável solidário. Hoje, após dois anos e cinco me­ses da tragédia, integrantes da Cáritas continuam desenvolven­do trabalhos missionários para os necessitados do país.
Após a tragédia, a Igreja no Brasil lançou a Campanha da Solidariedade, sob a coordenação da Cáritas, com uma proposta de apoio por meio de missionários que foram ajudar o povo haitiano. No primeiro momento, foi desenvolvido um plano de ações de urgência, que arrecadou recursos financeiros para a compra de água, alimentos, produtos de higiene, roupas e remédios, e a construção de tendas. Depois, foi montado um programa de reabilitação. Segundo o presidente da Cáritas Brasileira e bispo de Abaetetuba, no Pará, Dom Flávio Giovenale, em colaboração com a Cáritas do Haiti, a entidade elaborou um plano com várias linhas de ação.
“Uma linha foi a reconstrução de casas. Outra, a reconstrução de escolas, porque o sistema educacional do Haiti, a alfabetização, especialmente nas escolas do interior, está nas mãos das paróquias, das comunidades eclesiais. Mais uma linha respondeu pela reestruturação do campo da saúde, tanto de atendimento ambulatorial como da saúde preventiva. Outra visava a construção de uma economia solidária, ou seja, o incentivo para que famílias ou grupos comunitários pudessem gerar renda ajudando-se uns aos outros. E ainda, a busca pela segurança alimentar de maneira a produzir alimentos e, depois, processá-los para que se tivesse uma alimentação saudável”, explicou.
Em abril, uma delegação da Cáritas Brasileira esteve no Haiti para visitar os programas em andamento. De acordo com a di­retora executiva nacional, Maria Cristina dos Anjos, o objetivo foi começar a trabalhar mais a inte­gração de todos os missionários para contribuir, com qualidade, para o trabalho da Igreja do Brasil no Haiti. Até março de 2012 fo­ram construídas, com o auxílio da Cáritas, dez escolas com seis salas de aula em cada uma, e 53 casas com 40 metros quadrados e cinco cômodos. O planejamento é de construção de mais cinco escolas e 60 moradias.

“Há uma proposta de amplia­ção e de continuidade da campa­nha. Esperamos, neste e no pró­ximo ano, avançar nesse número. O que nós queremos é não sair do Haiti agora. Pelo menos 500 mil pessoas ainda estão vivendo em barracas. Então, há uma necessi­dade tremenda de continuar esse suporte nosso”, frisou.
Para Dom Flávio, agora co­meça a terceira fase, uma conti­nuação da segunda fase, incre­mentando e incentivando a re­construção de casas e de escolas, a economia solidária, a segurança alimentar e a saúde.
“Eu estive lá a dois anos do ter­remoto e é preocupante o nível de estragos que ainda se vê, e o quanto se precisa investir em curto, médio e longo prazo. Temos que pensar em ações que, mesmo que de­morem mais, possam de verdade resolver os problemas”, disse.
Nesta terceira fase, o bispo lembra que é muito importante o fortalecimento do trabalho em conjunto entre as congregações tradicionais e as novas comuni­dades no Haiti.
“Há congregações que es­tavam lá antes do terremoto e continuam renovando sua ação e missão. É bonito ver a Igreja que nós somos como uma mão, que precisa de todos os dedos para escrever, ou seja, um modelo só não funciona, precisamos de vários modelos de ação. É bonito ver essa complementaridade entre as novas comunidades, que trabalham para resolver o problema do dia a dia, e as tradi­cionais congregações, que estão há séculos vivendo lá e investindo forte numa educação técnica. Há espaço para todo mundo e é bom que todos se ajudem, respeitem e complementem”, destacou.

RENATO FRANCISCO

FOTOS: CÁRITAS BRASILEIRA