sexta-feira, 29 de junho de 2012

O gênio feminino



A família, a grande família humana e cada uma das famílias que compõem a humanidade, é o grande projeto de Deus para que o homem e a mulher tenham um sentido nobre e prático para suas vidas.
Ambos, segundo o modo de ser que lhes é próprio, o gênio feminino e o gênio masculino, colaboram na sustentabilidade e no desenvolvimento da so­ciedade humana, que dentro desse projeto divino é condição necessária e fundamental para que os povos vivam em paz, na justiça e na igualdade de direi­tos e deveres.
Considerando a mulher vê­-se que ela está cada vez mais presente na vida social, levan­do para além dos limites do ambiente familiar a sua valiosa contribuição como pessoa que é, e sempre com suas peculiares e profundas riquezas femininas.
Tanto a família como o mun­do necessitam de uma mulher real e autenticamente eman­cipada, respeitada, madura e competente na profissão, reco­nhecida no seu papel público e domiciliar, para que ela possa injetar no ambiente político, cultural, educacional etc. uma qualidade específica do seu gênio feminino.
Com palavras de um conhe­cido psiquiatra austríaco, discí­pulo de Freud, o vienense Viktor Frankl, há na mulher – no ho­mem também, de outra forma – aquilo que ele denominou de “poder de resistência do espíri­to”, isto é, a tenaz capacidade de reagir diante dos grandes valores humanos, a força para voltar a erguer-se e de reem­preender o esforço necessário para comportar-se à altura da sua dignidade humana.
Se é verdade que o ser fe­minino e o ser masculino são portadores de igual dignidade e de igual responsabilidade social e familiar, é preciso considerar que toda a sustentabilidade e desenvolvimento da grande família humana exigem que o valor total e real da mulher seja respeitado e colocado numa posição mais visível, para ser devidamente conhecido e ad­mirado com respeito.
A mulher, com sua dimensão feminina, tem na sua sexuali­dade uma propriedade da sua pessoa, que a informa substan­cialmente sobre o modo de ser e de atuar ao lado do homem, mas jamais pode ser conside­rada como um corpo orientado somente para o sexo.
O verdadeiro papel social da mulher, ao lado do homem, não é ser uma reprodutora. A mulher, com sua tenacidade de espírito e com sua delicada ternura, com sua generosidade incansável e com sua agudeza de inteligência, com sua capacidade de intuição e com seu amor concreto pela outra pessoa, é a pessoa que no seu gênio feminino alicerça pro­fundamente o projeto de Deus para a grande família.
Consideremos a Beata Irmã Dulce dos Pobres, a Beata Madre Teresa de Calcutá, tantas mães de família, outras mulheres que exercem a medicina, a política, a enfermagem, a pedagogia etc., as meninas e as jovens que se dispõem a fazer um trabalho de voluntariado em ambientes po­bres e violentos, todas essas mu­lheres, conhecidas e anônimas, no celibato e no casamento, na família e no ambiente profissio­nal e social, estão construindo um mundo melhor e mais justo, só por causa da solidez e da firmeza do seu gênio feminino.

DOM ANTONIO AUGUSTO DIAS DUARTE
BISPO AUXILIAR DO RIO DE JANEIRO
FOTO: CARLOS MOIOLI