sexta-feira, 29 de junho de 2012

A contribuição da Igreja para a Rio+20



“A presença da Igreja na Con­ferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20” foi o tema da coletiva de imprensa que aconteceu no dia 17 de junho, na Catedral de São Sebas­tião do Rio de Janeiro. O encontro foi organizado pela Arquidiocese do Rio, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Aliança Internacional de Agências Católicas de Desenvolvimento (CIDSE). Os principais temas abor­dados no encontro foram assun­tos ligados à economia “verde”, à centralidade da pessoa humana, à preocupação com o futuro da hu­manidade e aos resultados práticos da Rio 92.
“Vinte anos se passaram, o Rio de Janeiro sedia uma nova conferência sobre o desenvolvimento sustentável. A atitude da arquidiocese é de acolhida e de respeito a todos, para contribuir com o presente e com o futuro do mundo. Pedimos a Deus que a semente caída na terra possa produzir o seu fruto no devido tempo”, incentivou o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Além de Dom Orani, a mesa da coletiva foi formada pelo observador permanente da San­ta Sé na ONU, Dom Francis Chullikatt; pelo secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner; pelo bispo de Wa, em Gana, Dom Paul Bemile; pelo secretário geral da CIDSE, Bernd Nilles, e pela diretora do Institu­to Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Moema de Miranda, que integra o comitê facilitador da Cúpula dos Povos para a Rio+20.

CLÁUDIA BRITO
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA


 “O sistema que temos agora está des­truindo a natureza. Os recursos naturais estão diminuindo e o continente da África está virando um deserto por causa do des­matamento. É preciso defender os direitos dos mais pobres. Os governos devem adotar políticas públicas que garantam a distribui­ção dos bens comuns de uma maneira justa, de forma a ajudar no desenvolvimento das pessoas, para que elas possam usufruir os recursos naturais da terra onde vivem. Os bens comuns são para todos os homens e mulheres, e devem estar disponíveis para o bem estar de todas as pessoas”.
BISPO DE WA, EM GHANA, DOM PAUL BEMILE


 “A nossa geração é a primeira na face da terra que tem a possibilidade de acabar com a pobreza; precisamos utilizar a oportunidade da Rio+20 para fazer isso. Precisamos questionar o modelo atual. Muitos querem manter o crescimento econômico apenas para os seus países, mas nós queremos desafiar isso, e gostaríamos de ver os governos sa­írem dessa economia ‘cinza’, do petróleo e do gás.
Os governos medem o desenvolvimento pelo PIB, mas deveriam medi-lo pelo índice de redução de pobreza e por quanto conseguem proteger a ecologia e o planeta; Precisamos de novos indi­cadores. Cada pessoa deve ajudar, diminuindo o consumo próprio e fazendo as escolhas certas”.
SECRETÁRIO GERAL DA CIDSE, BERND NILLES


 “Vivemos sob o tempo da urgência, não podemos esperar outros 20 anos, na Rio+40, para encontrar soluções. Agora é o momento de tomar decisões que possam mudar profundamente as causas da destruição do planeta e da vida.
No documento oficial da Rio+20, acredito que houve um retrocesso em relação aos princípios que já haviam sido aprovados na Rio 92, como o princípio de responsabilidades diferentes, de acordo com a sua própria capacidade e com a sua poluição. Os docu­mentos finais não devem ser simples declarações, é necessário pressionar os governos por compromissos mais profundos, com soluções que atinjam as causas e não só as superfícies dos problemas.”
DIRETORA DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS (IBASE), MOEMA DE MIRANDA