segunda-feira, 25 de junho de 2012

Alto Comissário da ONU para Refugiados visita a arquidiocese



O Alto Comissário da ONU para Refugiados (Acnur), António Guterres, com sua comitiva, esteve durante a Rio+20 em visita à Ar­quidiocese do Rio. No dia 19 de ju­nho, teve um encontro particular com o arcebispo Dom Orani João Tempesta, e com o coordenador da Cáritas Arquidiocesena, Antônio Feliciano da Ponte Neto.
O encontro foi motivado pela celebração, no dia seguinte, do Dia Mundial do Refugiado. Isto porque, no Brasil, a Arquidiocese do Rio é uma importante parceira da ONU no acolhimento e acom­panhamento de refugiados.
“Temos uma gratidão e apreço pela ação da Cáritas e todo o conjunto de outras organizações do estado civil ligadas à Igreja no Rio de Janeiro, que são um pilar fundamental na proteção aos refugiados e na assistência aos mesmos, trabalhando por sua integração harmoniosa no território brasileiro. Esse trabalho é admirável. Sem ele nós não poderíamos exercer nosso mandato e eu quis vir precisamente à arquidiocese para exprimir ao senhor arcebispo nossa gratidão e nosso apreço”, afirmou Guterres.

DESLOCAMENTOS EM 2011 ATINGIRAM RECORDE
Segundo o relatório lançado no dia 18 de junho pelo Acnur, o ano de 2011 registrou um nú­mero recorde de deslocamentos forçados entre fronteiras inter­nacionais: 800 mil pessoas.
Somando-se ao número de refugiados já existentes, a ONU revela que, ao final de 2011, no total 42,5 milhões de indivíduos terminaram o ano numa situação de refúgio. “Infelizmente o que tivemos foi uma multiplicação de conflitos em nível mundial, que proporcionaram um aumento significativo do número de des­locados, com gravíssimas conse­qüências para o sofrimento das pessoas”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados.
Para agravar ainda mais a situação, nem todos os 42,5 milhões de refugiados estão sob o mandato do Acnur. Apenas 25,9 deles são assistidos pela ONU e por suas entidades parceiras, como a Cáritas. “A ação humanitária tem hoje uma dificuldade enorme em atender a grande demanda de refugiados. Também sofremos restrições ao nosso trabalho, impostas por alguns estados. E isso, sem dúvida, aumenta em muito o sofrimento dessas pessoas”, pontuou Guterrez.
O Brasil é apontado pelo Alto Comissário como um dos maiores parceiros do Acnur, pois, além de possuir uma tradição acolhedora, conta com uma legislação avançada em termos humanitários para com os refugiados.
Segundo a assessoria de imprensa do Acnur, no país atualmente residem 4,5 mil refugiados, de 77 nacionalidades. Destes, 2.687, de 54 nacionalidades diferentes, são assistidos pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro. Desses, 77% já foram reconhecidos pelo governo brasileiro e 23% aguardam a resolução de seus casos. Graças ao trabalho da Cáritas, os indivíduos já reconhecidos ganharam status de refugiados pelo Conare – o Comitê Nacional para os Refugiados, vinculado ao Ministério da Justiça – e isto lhes garante inúmeros direitos e a assistência do Estado.

RIO: CIDADE ACOLHEDORA
Segundo Heloisa Santos Nu­nes, assistente social e membro da Cáritas Rio de Janeiro, as maio­res demandas de refugiados que chegam ao Rio são de oriundos de Angola, República Democrática do Congo, Libéria, Somália, Co­lômbia e Guiné Bissau. “Por mês estamos recebendo em média de 30 a 35 novas pessoas”, informou.
Os refugiados que pedem ajuda à Cáritas são encaminhados para uma entrevista social. Nela se faz o currículo para busca de trabalho, e logo se encaminha a pessoa para cursos profissionalizantes, oferecidos através de convênios firmados com o Senai, o Sesi, o Senac e o Sesc. Também é oferecida assistência médica. Isso se dá pela parceria com o Hospital dos Servidores do Estado, o Hospital Pedro Ernesto, e a Associação Brasileira de Odontologia. No setor de educação básica, o trabalho é desenvolvido com o apoio da Secretaria de Estado de Educação. Outros trabalhos recebem o apoio das Faculdades Veiga de Almeida, da Defensoria Pública, e do Centro de Tradições Afro-Brasileiras (Cetrab).
Pelo trabalho realizado, a Cáritas Arquidiocesana é membro do Comitê Estadual Intersetorial de Políticas de Atenção aos Refugiados.

ANDRÉIA GRIPP
COLABORAÇÃO: JULIANE FREITAS