sexta-feira, 4 de maio de 2012

Vida e missão da Igreja



Os bispos reunidos em Apa­recida (SP) na 50ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada de 17 a 26 de abril, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, aprovaram o documento relativo ao tema central do encontro: “A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja”, que será posteriormente publicado pela CNBB, em sua série azul.
Nos dez dias da AG, a pauta foi intensa, com eleições para delegados do Sínodo dos Bis­pos, que acontecerá na cidade de Roma, em outubro de 2012, além de debates sobre solida­riedade entre as dioceses, a reforma do Código Penal, as eleições municipais, a questão do aborto no Brasil, a missão dos leigos na Igreja e no mundo, a situação das comunidades in­dígena e quilombola, a missão no Haiti, a Jornada Mundial da Juventude e a evangelização dos jovens, entre outros.
Houve, ainda, a visita do novo núncio apostólico do Brasil, Dom Giovanni D’aniello, que chegou na tarde do dia 25. Ele falou aos bispos no plenário e presidiu a missa de encerra­mento da assembleia, no dia 26.
Foi também uma assembleia festiva: celebrou-se os 60 anos de criação da CNBB, que nas­ceu no Rio de Janeiro, numa reunião realizada no Palácio São Joaquim, residência oficial do arcebispo do Rio; os 50 anos da Assembleia Geral; os 50 anos do Concílio Vaticano II e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica.

A VOZ PROFÉTICA DOS BISPOS

“A AG teve mais de 30 assun­tos e várias declarações oficiais dos bispos do Brasil acerca de diversos temas. Quando a CNBB se reúne, são emiti­dos vários pronunciamentos importantes para a vida do povo brasileiro, para que o país caminhe melhor”, afirmou o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Para o bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ser­viço da Caridade, Justiça e da Paz da CNBB, Dom Guilherme Werlang, a CNBB exerce no Bra­sil a missão profética de Cristo, olhando para a sociedade e apontando caminhos éticos para resolução dos problemas comuns ao povo brasileiro, que precisa ter a sua dignidade respeitada.
“Desde Jesus Cristo e os apóstolos, a Igreja sempre foi voz profética no mundo. A CNBB, como conferência epis­copal, fala em nome da Igreja do Brasil. Juntamente com a Conferência dos Religiosos e dos Leigos do Brasil, ela não se omite frente aos grandes problemas de nosso povo. Por isso, a Igreja Católica em nosso país, nas últimas estatísticas feitas, aparece como a segunda entidade de maior credibilida­de diante do povo brasileiro. Calar-se diante de situações de conf lito em nossa sociedade seria um pecado muito grave e infidelidade a Jesus Cristo e à Palavra de Deus como um todo”, afirmou Dom Guilherme.
Presente à assembleia dos bispos pela primeira vez, o bispo eleito do Rio de Janeiro, monsenhor Luiz Henrique Bri­to, falou ao jornal “Testemunho de Fé”. Ele destacou a beleza da colegialidade e a unidade dos bispos reunidos na AG.
“As assembleias da CNBB marcaram e continuam a mar­car a vida do nosso país. Tudo que aqui é tratado é importante para a nação. São direciona­mentos para o bem do povo de Deus. Em minha primeira experiência nesse encontro, fiquei muito tocado com a co­munhão dos bispos em torno daqueles que mais precisam, a sensibilidade de ir ao encontro dos que mais necessitam, nas dioceses mais pobres. Também o respeito e a valorização da vida humana, desde o ventre materno. De ser a Igreja uma voz profética numa sociedade hoje muito utilitarista, que não valoriza o ser humano”, pontuou.
Também para o bispo auxi­liar do Rio Dom Pedro Cunha Cruz, que participa da AG pela segunda vez, além dos debates acerca do tema central, durante a assembleia, ficou marcado o seu profetismo com relação à defesa da vida, em todas as suas dimensões.
“Quando a Igreja faz o seu pronunciamento, mostra que tem uma racionalidade do direito, da ética e da ciência a respeito da vida humana. Rea­firmamos aqui a nossa posição em defesa da vida, desde a concepção até a morte natural”, afirmou Dom Pedro.

ANDRÉIA GRIPP
FOTO: LUCINEY MARTINS / O SÃO PAULO