Os bispos reunidos em Aparecida
(SP) na 50ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
realizada de 17 a
26 de abril, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, aprovaram o
documento relativo ao tema central do encontro: “A Palavra de Deus na vida e
missão da Igreja”, que será posteriormente publicado pela CNBB, em sua série
azul.
Nos dez dias da AG, a pauta foi
intensa, com eleições para delegados do Sínodo dos Bispos, que acontecerá na
cidade de Roma, em outubro de 2012, além de debates sobre solidariedade entre
as dioceses, a reforma do Código Penal, as eleições municipais, a questão do
aborto no Brasil, a missão dos leigos na Igreja e no mundo, a situação das
comunidades indígena e quilombola, a missão no Haiti, a Jornada Mundial da
Juventude e a evangelização dos jovens, entre outros.
Houve, ainda, a visita do novo
núncio apostólico do Brasil, Dom Giovanni D’aniello, que chegou na tarde do dia
25. Ele falou aos bispos no plenário e presidiu a missa de encerramento da
assembleia, no dia 26.
Foi também uma assembleia
festiva: celebrou-se os 60 anos de criação da CNBB, que nasceu no Rio de
Janeiro, numa reunião realizada no Palácio São Joaquim, residência oficial do
arcebispo do Rio; os 50 anos da Assembleia Geral; os 50 anos do Concílio
Vaticano II e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica.
A VOZ PROFÉTICA DOS BISPOS
“A AG teve mais de 30 assuntos e
várias declarações oficiais dos bispos do Brasil acerca de diversos temas.
Quando a CNBB se reúne, são emitidos vários pronunciamentos importantes para a
vida do povo brasileiro, para que o país caminhe melhor”, afirmou o arcebispo
do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Para o bispo de Ipameri (GO) e
presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça
e da Paz da CNBB, Dom Guilherme Werlang, a CNBB exerce no Brasil a missão
profética de Cristo, olhando para a sociedade e apontando caminhos éticos para
resolução dos problemas comuns ao povo brasileiro, que precisa ter a sua
dignidade respeitada.
“Desde Jesus Cristo e os
apóstolos, a Igreja sempre foi voz profética no mundo. A CNBB, como conferência
episcopal, fala em nome da Igreja do Brasil. Juntamente com a Conferência dos
Religiosos e dos Leigos do Brasil, ela não se omite frente aos grandes
problemas de nosso povo. Por isso, a Igreja Católica em nosso país, nas últimas
estatísticas feitas, aparece como a segunda entidade de maior credibilidade
diante do povo brasileiro. Calar-se diante de situações de conf lito em nossa
sociedade seria um pecado muito grave e infidelidade a Jesus Cristo e à Palavra
de Deus como um todo”, afirmou Dom Guilherme.
Presente à assembleia dos bispos
pela primeira vez, o bispo eleito do Rio de Janeiro, monsenhor Luiz Henrique
Brito, falou ao jornal “Testemunho de Fé”. Ele destacou a beleza da
colegialidade e a unidade dos bispos reunidos na AG.
“As assembleias da CNBB marcaram
e continuam a marcar a vida do nosso país. Tudo que aqui é tratado é
importante para a nação. São direcionamentos para o bem do povo de Deus. Em
minha primeira experiência nesse encontro, fiquei muito tocado com a comunhão
dos bispos em torno daqueles que mais precisam, a sensibilidade de ir ao
encontro dos que mais necessitam, nas dioceses mais pobres. Também o respeito e
a valorização da vida humana, desde o ventre materno. De ser a Igreja uma voz
profética numa sociedade hoje muito utilitarista, que não valoriza o ser
humano”, pontuou.
Também para o bispo auxiliar do
Rio Dom Pedro Cunha Cruz, que participa da AG pela segunda vez, além dos
debates acerca do tema central, durante a assembleia, ficou marcado o seu
profetismo com relação à defesa da vida, em todas as suas dimensões.
“Quando a Igreja faz o seu pronunciamento, mostra que tem
uma racionalidade do direito, da ética e da ciência a respeito da vida humana.
Reafirmamos aqui a nossa posição em defesa da vida, desde a concepção até a
morte natural”, afirmou Dom Pedro.
ANDRÉIA GRIPP
FOTO: LUCINEY MARTINS / O SÃO PAULO
FOTO: LUCINEY MARTINS / O SÃO PAULO