“Muita coisa mudou depois que fiz o
curso profissionalizante do Projeto Além das Fronteiras. Nele, eu aprendi a
falar, a escrever melhor e a ter responsabilidade”, afirmou Talita Nóbrega, de
16 anos, que participa das oficinas do projeto de inclusão social desenvolvido
pela Pastoral do Menor da Arquidiocese do Rio de Janeiro, patrocinado pelo
Programa Petrobrás, Desenvolvimento e Cidadania.
A jovem Talita realizou os cursos de
auxiliar de gabinete odontológico, de cabeleleira e manicure numa unidade
militar localizada em
Triagem. Para ela, esses cursos foram uma oportunidade de
contato com o mercado de trabalho e também pode ser para outros jovens.
“Foi um ótimo início para mim. Hoje,
eu estou querendo me formar em dentista. Recomendo para todas as meninas e todos
os meninos”, frisou.
O projeto visa à inclusão social de
adolescentes por meio de diversos tipos de atividades, como cursos
profissionalizantes, desenvolvidos em unidades militares parceiras. Os
participantes do programa são atendidos pelos 22 pólos da pastoral, que abrangem
102 comunidades em toda a cidade do Rio de Janeiro. O Além das Fronteiras oferece
atividades esportivas, oficinas profissionalizantes e oficinas temáticas.
A assistente social do Projeto Moíra
Gomes realiza, de forma lúdica, grupos temáticos de acordo com a idade e escolaridade
de cada adolescente. Entre os temas que percorrem o cotidiano dos jovens, estão:
desigualdade social, direitos humanos, trabalho infantil e a Lei da
Aprendizagem.
“O espaço que cada um tem para opinar
e refletir é de grande valor. Essas discussões vão além das paredes e dos muros
das unidades militares. Eles projetam, levam para a escola, para a família e
trazem ainda novas informações, através da troca de ideias, de opiniões e da
construção de novos valores”, destacou.
A psicóloga Sandra Fonseca, que
integra a equipe, afirmou que o Além das Fronteiras também ajuda muito as
famílias dos adolescentes.
“Nos encontros com os responsáveis,
tratamos de temas que perpassam a convivência familiar e comunitária, como a
violência doméstica, a questão das drogas e a criação e educação dos filhos. Abordamos
esses assuntos de forma que esses pais possam repensar suas práticas dentro da
educação de seus filhos”, disse.
De acordo com Sandra, quando surge
alguma demanda nestes grupos, são realizados atendimentos particulares com os pais,
onde é feito um trabalho de equipe visando o bem-estar das pessoas, para
melhorar a convivência familiar e comunitária.
A psicóloga e professora Maria
Escócia ministra as aulas do módulo de Ética, Consumo e Cidadania para os
jovens, na Pastoral do Menor, que faz parte da formação técnico-profissional em
auxiliar de escritório do Programa de Aprendizagem da pastoral. Segundo ela, os
alunos gostam muito das aulas e participam bastante porque elas possuem uma
parte teórica e outra parte prática em que acontecem
dinâmicas e debates.
“Nós apresentamos vídeos e fazemos
dinâmicas com eles para que também tenham esse conhecimento para participar do
mercado de trabalho. Fazemos a temática, mas eles também podem trazer. Tentamos
interagir com eles em seu dia-a-dia para colocarmos, hoje, o que é necessário
num ambiente de trabalho, como a postura e a diferenciação”, explicou.
Segundo a agente da Pastoral do Menor
Sandra Ribeiro, que trabalha diretamente com os adolescentes no bairro de
Paciência e adjacências, o Projeto Além das Fronteiras é importante para esses
jovens e seus pais porque desenvolve muito a cidadania desses adolescentes.
“As capacitações que nós fazemos
envolvem várias situações, desde a aprendizagem de informática até o cuidado
com os jovens, ou seja, com os menores com problemas com a sociedade. A
importância desse programa é muito grande também para as mães. Elas estão muito
felizes e cada vez o programa cresce mais”, destacou.
O tenente da Marinha, Carlos Henrique
Aveiro, dá aulas de Educação Física no Centro de Educação Física Almirante
Adalberto Nunes (CEFAN), iniciando os jovens em atividades esportivas. De
acordo com ele, não há, inicialmente, a perspectiva de os jovens que chegam ao
projeto tornarem-se atletas profissionais, porém vários talentos já foram
descobertos.
“O projeto não tem um cunho de alto
rendimento. Mas, aqui no CEFAN, como existem profissionais de várias áreas de
esportes, a gente faz essa parceria de iniciar atletas nessas modalidades e
acaba descobrindo talentos. A partir disso, a gente consegue tirar atletas
campeões que já foram até para campeonatos internacionais”, ressaltou.
Segundo a coordenadora do projeto, Anna
Gabriela Candido, os participantes do Além das Fronteiras, que apresentam um
bom desempenho, têm a oportunidade de participar do processo seletivo do
Programa de Aprendizagem. “São oferecidas vagas para aprendizes, que são contratados
por empresas conveniadas a Pastoral do Menor”, afirmou.
Informações sobre o Projeto Além das Fronteiras: (21)
2292-3132 ramal: 333 e pelo site www.pastoraldomenorrj.org.br.
RENATO FRANCISCO
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