terça-feira, 17 de abril de 2012

Um homem bom, com um grande coração



Foi difícil para um paulista recém-chegado a Amazônia entender "como pode faltar água potável numa região cercada por água doce?". Com a proposta do sistema alternativo de abastecimento e tratamento de água das chuvas, Dom Orani deixou registrado na história da Igreja de Belém que muitos problemas enfrentados pelas pessoas e comunidades podem ser resolvidos apenas com boa vontade e gestos simples. O projeto que ele deu início às ilhas, em favor dos ribeirinhos, com recursos da Campanha da Fraternidade, teve continuidade por meio do governo estadual.
No Rio de Janeiro, mesmo com toda a sua complexidade urbana, Dom Orani tem se empenhado na dinamização do trabalho social, procurando que a ação solidária da Igreja esteja presente em todas as realidades.
"Minha preocupação com sua chegada era o que ele iria fazer com relação ao trabalho desenvolvido pelo Vicariato da Caridade Social, integrado pelas pastorais sociais, que havia passado anteriormente por experiências contraditórias. Para a minha surpresa, o apoio e as cobranças que ele vem dando para aprimorar a dinâmica dos trabalhos têm me deixado muito feliz. Mesmo que aparentemente ele não esteja presente em tudo, devido à dimensão de seu ofício, ele acompanha todo o trabalho. Seus gestos revelam o quanto ele tem de carinho, de preocupação com o trabalho social", explicou o vigário episcopal do Vicariato para a Caridade Social, cônego Manuel de Oliveira Manangão.
Apesar do pouco tempo, seu ministério no Rio de Janeiro tem ganhado a fisionomia do bom pastor, por causa de sua preocupação com os grupos mais vulneráveis da população.
De acordo com o coordenador arquidiocesano, monsenhor Luiz Antônio Pereira Lopes, Dom Orani tem sido uma bênção para a Pastoral de Favelas. Quando chegou, explicou, ele fez questão de chamar de volta os agentes que haviam sido dispensados na administração anterior, com o objetivo de dar continuidade ao trabalho, de longo tempo.
"Sua primeira atitude marcou o que ele tem demonstrado ser: um homem bom, com um grande coração. A característica de sua bondade está unida à justiça, porque ele tem uma grande preocupação com a promoção da dignidade dos menos favorecidos", afirmou.
Quando nos encontramos, frisou monsenhor Luiz Antônio, ele sempre pergunta sobre o trabalho da pastoral e, particularmente, a situação das famílias que ele visitou quando despejadas por causa do progresso da cidade.
"Numa cidade como o Rio, é significativo verificar a sua serenidade diante dos conflitos com relação ao poder público e à sociedade civil. Homem de diálogo, ele tem capacidade de conversar e, mais que chegar ao entendimento, procura apontar soluções para resolver questões que beneficiam a população", concluiu.
Na expectativa de ampliar a dinâmica da cultura da solidariedade, Dom Orani tem apoiado e valorizado projetos e instituições de cunho social, independente de suas dimensões. Para ele, tudo deve ser valorizado, quer um modesto trabalho paroquial, ou grandes ações, como as desenvolvidas, entre muitas, pelo Banco da Providência, Pastoral do Menor e Pastoral dos Esportes.
"O seu ministério tem semelhanças, nas devidas proporções, ao pontificado do beato João Paulo II, que tudo fez para promover o homem na sua integralidade, empenhando-se em derrubar muros, unir povos. Vejo Dom Orani subir morros, presente nas comunidades, procurando, além do trabalho pastoral próprio de sua missão, também colaborar com o poder público para que o povo possa viver melhor. Ele, que está à frente dos acontecimentos, procura acolher a todos, ensinando a possibilidade de um mundo novo, cheio de paz, que começa primeiro no coração do homem", pontuou o diácono Marcelo Macedo Nascimento, da Paróquia São Dimas, em Padre Miguel.


CARLOS MOIOLI

FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA