
“A vida em primeiro lugar”
A primeira parte do texto-base da CF-2010, “A vida em primeiro lugar”, faz uma reflexão mais aprofundada das principais questões abordadas na campanha desse ano. A defesa por uma vida de solidariedade, amor e justiça é o que embasa os assuntos levantados.
Reflexões
Segundo o texto-base, o gesto da criação divina vem em contraposição com a lógica do mercado. Deus nos criou por amor, por Sua livre vontade, de uma maneira gratuita, demonstrando um sinal de amor por nós. A postura do ser humano é viver a vida como uma dádiva, refletindo essa postura de Deus em nossa maneira de agir. “A dádiva só pode ser acolhida. Nunca seremos donos da vida. Por ela somente podemos ser agradecidos. A dádiva nos introduz num círculo onde tudo é graça e solidariedade”, diz o texto.
Na sociedade de mercado, o homem paga pelos serviços, pelos seus bens. De acordo com o texto, perdem-se ações como agradecer e doar. “A sociedade de mercado nos afasta das raízes da árvore da vida, que são o amor, a dádiva, a fraternidade e a solidariedade (...) Mas não somos mercadoria, e nossa vida não depende dos bens que possuímos”.
Ainda de acordo com o livro da CF-2010, a vida de cada um está ligada à vida de todos. O ser humano depende um do outro, formando uma “família humana”, onde a solidariedade tem que estar presente. “Aprender a solidariedade significa amar o próximo também nas dimensões globais, em uma interdependência mundial”.
O texto mostra que é a maneira de se organizar a sociedade, tanto na economia como na política, que afeta a dignidade humana e a capacidade de viver em comunhão. O que tem que se ter em mente é que o homem “recebe os bens para a vida e não a vida para a riqueza”, informa.
A água e o seu “valor econômico”
Outra reflexão importante abordada pelo livro da CF-2010 é a questão da água e sua transformação em mercadoria. O valor econômico desse recurso e a sua consideração como mercadoria só são favoráveis se servirem para o gerenciamento do uso, estabelecendo preços diferenciados de acordo com a finalidade. Se esse valor cobrado servir como exclusão para aqueles que não puderem pagar para consumir a água, o texto salienta que chegaremos a um impasse ético. “O princípio ‘usuário-pagador’, que obriga a quem usa pagar, não pode ser lido ao contrário (...) Não sendo a água uma mercadoria, mas um bem de domínio público, o princípio só se aplica como norma reguladora de uso, seja quantitativamente (quem usa mais paga mais), seja qualitativamente (quem usa para fins lucrativos paga mais do que quem usa para consumo pessoal). Se assim não fosse, a água deixaria de ser direito de todos os seres vivos...”
O planeta como um jardim que deve ser cuidado
O texto finaliza a reflexão chamando o homem para cuidar de sua casa, o planeta Terra. O “cuidar”, salienta, é uma forma de viver diferente das relações de domínio e de mercado. A humanidade deu início a um processo de autodestruição, consumindo mais do que o planeta pode oferecer. “O desafio agora é refazer a sinfonia universal. O respeito para com a criação é o respeito ao Criador. Cuidar do planeta não é um slogan, mas um dever da nossa fé e um dever para com a vida”, revela.