
Representante do ACNUR visita a Cáritas do Rio de Janeiro
O novo representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Brasil, Andrés Ramirez, esteve no Rio nos dias 25 e 26 de fevereiro para conhecer de perto os trabalhos da Cáritas Arquidiocesana.
“O objetivo dessa visita foi permitir que o novo representante do ACNUR possa conhecer melhor os projetos que são implementados pelos nossos parceiros nas cidades onde eles atuam”, explicou o porta-voz do ACNUR no Brasil, Luiz Fernando Godinho.
Segundo ele, a missão não teve o propósito de avaliação. “Essa avaliação é feita de maneira constante. O ACNUR e a Cáritas já são parceiros há muitos anos “, disse.
Durante a visita, eles conheceram a equipe da Cáritas Arquidiocesana que trabalha com os refugiados, o espaço onde é feito esse atendimento e alguns dos refugiados. O novo representante e o porta-voz também participaram de reuniões com alguns parceiros locais, como por exemplo, representantes da Secretaria de Assistência Social do Estado, que criou o Comitê Estadual Intersetorial de Políticas de Atenção aos Refugiados e do qual fazem parte diversas secretarias, a Cáritas e o próprio ACNUR. O novo comitê foi instituído em 10 de dezembro de 2009.
A missão visitou o Hospital dos Servidores do Estado e a Casa de Acolhida para Refugiados Dom João Bastista Scalabrini, em Brás de Pina. Depois eles também estiveram na sede da Arquidiocese do Rio, onde se reuniram com o Vigário Episcopal para a Caridade Social, Padre Manuel Manangão, e o diretor da Cáritas Arquidiocesana, Cândido Feliciano da Ponte Neto.
Godinho destacou que a impressão foi muito positiva. “É uma equipe comprometida com o tema do refúgio, muito motivada para esse trabalho que é bastante desafiador.”
Entre os temas tratados pelo ACNUR, está o dos refugiados em situação urbana. “Isso é resultado do próprio processo de urbanização da sociedade. Hoje, mais de 70% das pessoas em todo o mundo vivem em cidades, e esse processo também se reflete na população dos refugiados. Atualmente, 50% dos refugiados atendidos pelo ACNUR vivem em cidades. No Brasil, esse número é de 100%. O país não tem campos de refugiados, o que faz com que os cerca de 4.200 refugiados que vivem no país estejam em centros urbanos”, ressaltou Godinho.
O Rio responde por quase metade dessa população. Segundo a Cáritas, há 2.200 pessoas registradas, sendo as principais nacionalidades de angolanos, congoleses e colombianos.
“O desafio é inserir essas pessoas nas políticas públicas que já são oferecidas aos cidadãos, e isso inclui o tema da educação, da saúde, da segurança, em que o refugiado precisa se beneficiar daquilo que é oferecido para o cidadão daquela comunidade em que ele vive. É importante ressaltar que a integração também depende muito da vontade do refugiado. Não se pode ter uma abordagem assistencialista ao tema do refúgio. Existem projetos, programas, que são implementados, que visam criar condições para que o refugiado possa se inserir”, disse o porta-voz do ACNUR.
Entre os dias 22 e 26 de março, o ACNUR participará do 5º Fórum Urbano Mundial. A Cáritas Arquidiocesana foi convidada a participar de um evento paralelo sobre a questão do refúgio em situações urbanas, promovido pelo ACNUR, que acontecerá dentro do fórum. Está previsto ainda para o final do mês um seminário promovido pelo comitê estadual, com a participação dos refugiados que estão no Rio. O objetivo é que os integrantes do comitê possam escutar dos refugiados quais são as suas percepções, ideias e demandas.