Um dia histórico! Assim foi considerado o dia de acolhida da
primeira turma de professores de ensino religioso (ER) católico da Rede
Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que aconteceu no dia 13 de agosto, no
Edifício João Paulo II, na Glória. No encontro, os novos professores receberam
os subsídios que deverão ser utilizados em sala de aula, no 2º semestre deste
ano nas turmas de 4º e 5º ano, nas escolas de turno integral. O acontecimento
cumpre a lei nº 5303, de 19 de outubro de 2011, que criou no quadro permanente
do Poder Executivo do Município do Rio a categoria funcional de professor de
ER.
“Brota uma esperança de uma cultura que viva o diálogo, o
respeito e a sadia democracia em torno dos valores essenciais. Eu creio que
cada credo tem muito a contribuir com uma sociedade justa, fraterna e pacífica.
Levar isso para as escolas é um marco importante e referencial. As crianças
vão abrir os olhos e a inteligência e saberão expressar os valores da fé, da
religião e da transcendência. Eu creio que esse é o caminho para o ser humano
que nós sonhamos e esperamos”, desejou o bispo auxiliar Dom Nelson Francelino
Ferreira.
Na acolhida, os professores receberam diversas orientações
para preparar as aulas de ER. A partir de setembro, os novos professores serão
auxiliados com cursos de atualização continuada que acontecerão de forma quinzenal,
nas tardes de sextas-feiras. A programação pedagógica aborda “os grandes
porquês” da vida e a descoberta de Deus, revelado em Jesus Cristo. A
metodologia de ensino busca fazer como que o aluno descubra que a mensagem de
Cristo continua acontecendo na vida de muitos cristãos, testemunhas fiéis de
que o “mal” pode ser vencido.
“Esse é um dia histórico, porque realizamos aquilo que
desejamos durante muito tempo, foi um longo trabalho. Muitos professores
passaram no concurso, os primeiros 55 foram chamados e começarão a lecionar
nos colégios neste semestre. Acolhemos e enviamos esses educadores para uma
bela missão”, disse.
Para os alunos, cujos responsáveis não optaram pelo ER na
confissão católica, evangélica ou afro-brasileiras, serão ministradas aulas de
Educação em Valores, por um professor de Ensino Fundamental, sendo, nos anos
iniciais, o próprio professor regente da turma.
A assessora da coordenadoria de Educação da Secretaria Municipal
de Educação (SME-RJ), professora Glória Antonieta Macedo, afirmou que cada
credo deve ser respeitado em sua especificidade, para que não aconteça o proselitismo
religioso, e que os novos professores devem ter como norte na prática cotidiana
a agregação de seres humanos e o respeito mútuo entre as diferentes religiões.
“Queremos desenvolver o sentimento de fraternidade, de
solidariedade e de amor. Nosso cotidiano tem que ser de muito respeito, diálogo
e aproximação. Para enfrentar os desafios que virão, com coragem, garra e determinação,
só amando como Jesus amou”, motivou a professora Glória.
Após o encontro de boas-vindas, o padre Paulo presidiu a
missa de envio da primeira turma. No final da celebração, os educadores leram o
texto do compromisso, assumindo a responsabilidade que terão. “Minha esperança
é colocar sementes nos corações dessas crianças e que elas possam frutificar
algum dia”, disse a professora, Erika Barbosa, da Paróquia da Apresentação, em
Irajá, que vai lecionar na 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).
O ENSINO RELIGIOSO FAZ A DIFERENÇA
Conforme o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB) de 2011, divulgado em 14 de agosto, o Rio ainda precisa melhorar suas
notas, especialmente, no rendimento dos alunos das séries finais. O IDEB é o
principal indicador da qualidade do ensino brasileiro, de zero a dez, que leva
em conta índices de aprovação, abandono e pontuação dos estudantes.
Para reduzir os índices de evasão escolar, medidas
preventivas para evitar o bullying, a gravidez na adolescência e o desinteresse
pelo estudo são algumas das soluções que devem ser utilizadas.
“O bullying é algo que nos preocupa muito, porque diminui a
participação e o comprometimento do aluno na sala de aula. É necessário um
trabalho preventivo que envolve um conjunto de fatores. Acredito que o ER é
uma contribuição importante para o ambiente educacional, porque resgata valores
e valoriza a família. Existem testemunhos e depoimentos de professores que
perceberam uma diminuição da violência e um ambiente mais amigável na
comunidade escolar”, afirmou o subsecretário de Gestão de Pessoas da Secretaria
de Educação do Estado do Rio (Seeduc/RJ), Luiz Carlos Becker Junior.
Para padre Paulo, a evasão escolar acontece porque os alunos
perdem a motivação para estudar. “O ensino religioso fala de coisas que tocam
questões existenciais. Eu acredito que essa disciplina tem muito a colaborar
para que a evasão seja reduzida”, observou o sacerdote.
O estudante da rede estadual de ensino, Alan Gripp Souza, de
16 anos, acredita que o ensino religioso é benéfico. “A fé é a base para os
jovens. As pessoas sem fé chegam num ponto onde ficam sem um lugar para se
apoiar, para buscar uma saída e se sentem sozinhas porque não têm em quem
acreditar. A fé faz diferença na vida de uma pessoa, é algo fundamental”,
afirmou.
CLÁUDIA BRITO
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Departamento Arquidiocesano de Ensino Religioso
COMPROMISSO
Eu, (...) ao
ingressar na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro como Professor
(a) do Ensino Religioso Católico, diante de Deus e de sua Igreja, comprometo-me
a guardar absoluta fidelidade ao Santo Evangelho e à doutrina de Cristo tal
como é ensinada pelo Magistério da Santa Igreja.
Assumo também o encargo de me empenhar pela difusão da fé
católica, seja no magistério, na pastoral, seja no lar e no convívio cotidiano
com os meus semelhantes, levando assim os meus alunos à alegria de conhecer o
sentido da vida dos filhos de Deus, co-herdeiros com Cristo e herdeiros de Pai
Celeste.
Para realizar este propósito, comprometo-me participar nas
reuniões periódicas oferecidas pelo Departamento Arquidiocesano de Ensino
Religioso.
Confio também no auxílio de Maria Santíssima, Mãe da Igreja
e Rainha dos Apóstolos.