Com oito séculos de história, a Ordem de Santa Clara viveu
um tempo especial de ação de graças nos últimos três anos. No ano passado, o
Papa Bento XVI decretou o Ano Clariano, concedendo uma indulgência plenária
para os mais de 900 mosteiros existentes em todo o mundo.
Em sinal de unidade, o encerramento jubilar no Rio de
Janeiro também aconteceu no dia 11 de agosto, na memória litúrgica de Santa
Clara de Assis. O arcebispo Dom Orani João Tempesta celebrou a Eucaristia no
Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, na Gávea, com transmissão ao
vivo para todo o Brasil pela Rede Vida de Televisão. Na tarde de domingo, 12 de
agosto, Dom Orani celebrou novamente com as religiosas clarissas, desta vez,
aos pés do Cristo Redentor, onde a maioria delas foram pela primeira vez.
SEGREDO DA IGREJA
De acordo com Dom Orani, a vida contemplativa é um dom precioso
da Igreja para o mundo, tão carente e sedento de Deus. Agradecendo a presença
e a missão desempenhada pelas irmãs clarissas no território da arquidiocese,
disse que elas são um doce e eloquente sinal de Deus no mundo.
Dom Orani destacou a importância da televisão para a
evangelização, na qual Santa Clara é padroeira. Segundo as boas tradições,
lembrou o arcebispo, ela ‘assistiu’ a Santa Missa de sua cama quando enferma,
no Convento de São Damião, onde viveu por 40 anos.
Nesse contexto, disse que a visita das clarissas ao Cristo
Redentor era significativa, uma oportunidade para contemplar o vasto horizonte
da missão, onde dentro de cada prédio ou casa, há a presença de pessoas que
clamam por uma felicidade que só se encontra em Deus.
“A sede de compreender a própria vida, a busca de Deus, é a
grande motivação das pessoas que vem aqui no Cristo”, pontuou.
Dom Orani disse que a vida contemplativa, assim como todos
os ministérios, carismas e dons são importantes para a vitalidade da Igreja.
“O grande segredo da Igreja é a oração. É ela que leva os
corações a se abrir à ação do Espírito Santo. As atividades que temos dependem
da oração, principalmente a de vocês, a intercessão que fazem pelas
necessidades da Igreja”, destacou.
VISITA AO CRISTO
Quando Dom Orani foi cumprimentar as religiosas no parlátorio,
após a missa litúrgica de Santa Clara, ele anunciou a visita ao Cristo como
presente das comemorações dos 800 anos. A superiora perguntou: “Amanhã?”. Ele
disse “sim, madre”. Tem que ser no susto, se não nunca irão”.
“A maioria das irmãs nunca tinha visto o Cristo Redentor de
perto, nem eu mesmo, que estou aqui no convento há 56 anos. Foi uma emoção
muito grande ver esse símbolo da nossa cidade, do Brasil. A vista panorâmica é
belíssima. Foi memorável para nós, um momento muito forte, um presente
inesquecível de nosso arcebispo”, contou irmã Maria Pacífica.
As religiosas participaram da Eucaristia aos pés do Cristo
Redentor, no interior do Santuário dedicado a Nossa Senhora Aparecida. Em
seguida, na companhia do reitor, padre Omar Raposo, as religiosas participaram
de uma pequena procissão na base do monumento, enquanto Dom Orani aspergia o
povo com água benta.
“Parecia um sonho, porque não estamos acostumadas a sair da
clausura. Algumas diziam: ‘só acredito quando entrar na van’. A visita começou
com espírito de peregrinação, de oração e de muita gratidão a Deus pelo dom da
vocação e pelos 800 anos da nossa ordem. Foi com muita alegria que a gente foi
conhecer o Cristo de braços abertos. E quando a gente chegou lá tudo era
novidade, principalmente de contemplar a criação de Deus. Quando jovem, tinha
muitos sonhos de estudos e de trabalhos, mas a grandeza de conhecer o Cristo
era inimaginável. Parecia um sonho e o maior presente que Jesus podia ter nos
dado, por esse jubileu”, contou a irmã Maria Mirtes da Sagrada Face.
RIO DE JANEIRO
As clarissas foram as primeiras religiosas a se
estabelecerem no Brasil, em 1677, na Bahia.
No Rio de Janeiro, as oito primeiras irmãs chegaram no dia
25 de setembro de 1928, vindas de Düsseldorf, na Alemanha. Inicialmente, elas
ficaram instaladas em uma casa no bairro de Ipanema, até que em 1931 foi
iniciada a construção do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, na
Gávea, de onde nasceram mais 12 mosteiros. A primeira abadessa eleita, madre
Maria Seráfica do Santíssimo Sacramento, ficou no cargo até agosto de 1950.Com
28 religiosas, atualmente o mosteiro é dirigido pela madre Pacífica.
SANTA CLARA
"Clara de Assis é uma das santas mais amadas do mundo.
O seu testemunho nos mostra o quanto toda a Igreja é devedora a mulheres
corajosas e ricas de fé como ela, capazes de dar um impulso decisivo para a
renovação. De família nobre, tudo deixou para viver os trabalhos mais humildes,
não obstante fosse a superiora. Clara manteve-se no anonimato, mas a sua luz
ilumina o mundo inteiro. São os santos que mudam o mundo, para melhor,
transformam-no de modo duradouro, oferecendo as energias que somente o amor
inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os santos são os grandes benfeitores da
humanidade!", disse Bento XVI, em 11 de agosto 2011.
CARLOS MOIOLI
FOTO: CARLOS MOIOLI