A implantação do ensino religioso plural, confessional e
facultativo nas escolas públicas ganha adeptos sempre que se esclarece o
sentido e o valor dessa disciplina. Assim como um pai escolhe um colégio
particular de uma determinada confissão religiosa para seu filho, é preciso
que, na rede pública, os responsáveis também possam escolher o ensino
religioso que seus filhos terão. É obrigatório que a disciplina de ensino
religioso seja oferecida pelas escolas públicas da rede municipal e da rede
estadual de ensino, mas a matrícula deve ser feita de forma facultativa.
Segundo a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro
(Seeduc), a opção por um determinado credo é feita pelo responsável, quando o
aluno for menor de 16 anos, ou pelo próprio, após esta idade, sempre no ato da
matrícula.
Atualmente, a disciplina está presente do 6º ao 9º ano do
Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Os professores são selecionados por
concurso público e credenciados por suas respectivas instituições religiosas.
Estão credenciados os credos: católico, evangélico, judaico, mórmon, espírita,
umbandista e messiânico. At ua lmente, cerca de 600 professores ministram aulas
nas escolas da rede estadual.
Para o diretor do Departamento Arquidiocesano de Ensino
Religioso, padre Paulo Romão, o ensino religioso não pode ser ministrado de
forma genérica, apenas como fenômeno religioso, mas precisa ser confessional,
porque ninguém é neutro e todos nascem dentro de uma identidade; e plural
porque valoriza a identidade do aluno e o direito dos pais de decidirem que o
ensino religioso de seus filhos seja transmitido por um professor do mesmo
credo, e que acredite no conteúdo ministrado.
“Estado laico é aquele que não tem uma religião específica,
mas que de forma democrática apoia e valoriza todas as manifestações religiosas.
O ensino religioso confessional e plural favorece uma formação integral do ser
humano e, portanto, deve ser apoiado e incentivado pelo Estado, que existe e
deve trabalhar em função do cidadão”, disse padre Paulo.
O diretor geral das Edições CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil), padre Valdeir Goulart, responsável pelo Projeto “Anjinhos do
Brasil”, acredita que é importante pais e responsáveis poderem optar por um
ensino religioso para seus filhos na escola, onde eles ingressam cada vez mais
cedo e passam grande parte do tempo de suas vidas.
“Hoje em dia, em muitos casos, quem forma e passa princípios
para as crianças já não é mais o pai, a mãe ou os avós, porque estão
trabalhando; quem passa esse ensino é a professora, aquela que acompanha a
criança desde cedo”, alertou.
O sacerdote acredita que é importante investir em material
educacional que venha ao encontro do que os pais consideram adequado. “O que é
bom para um jovem é ele ter princípios, valores, conhecer a Sagrada Escritura,
ser uma boa pessoa. Porque o que nós queremos é um mundo melhor, que começa a
ser formado com uma boa educação”, ressaltou.
CLÁUDIA BRITO
FOTO: SXC.HU