Muitos são os problemas do setor educacional: violência,
professores mal pagos, deficiências na grade curricular, precariedade das
salas de aula e evasão escolar, e são urgentes as mudanças, grandes e pequenas,
que precisam ser realizadas por diferentes segmentos da sociedade, pois erros
no presente podem deixar muitas crianças e jovens sem futuro.
Uma pesquisa realizada por 150 alunos da Faculdade de Educação
da Universidade Federal Fluminense (UFF) revelou que 68% das escolas do Estado
do Rio de Janeiro apresentam alguma forma de violência e 85% não têm
psicólogos. O estudo “Relações entre Psicologia e Educação – Mapeamento das
práticas”, apresentado este ano na UFF, analisou 65 escolas, sendo 83% públicas
e 17% privadas.
A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc)
não quis comentar o estudo, e afirmou, pela assessoria de comunicação, que a
pesquisa não reflete a realidade da rede estadual de ensino, e que não dispõe
de números sobre a violência.
A Seeduc disse que a rede estadual trabalha com medidas
preventivas, com o objetivo de garantir a segurança de alunos e funcionários e
de evitar atos que coloquem estudantes e profissionais em situação de
constrangimento ou risco social; e que desde maio deste ano, 90 escolas da rede
estadual de ensino contam com a presença de policiais militares dentro e fora
das unidades.
Os profissionais trabalham fardados e armados, utilizando as
horas de folga do serviço regular na PM. Os colégios foram escolhidos de
acordo com a realidade de cada unidade escolar e por solicitações dos
diretores. A primeira fase do convênio funcionará como um piloto, após a qual
a Seeduc pretende levar o policiamento militar a toda a rede pública do estado.
A Secretaria de Educação vai investir cerca de R$ 2 milhões por mês para
contar com o patrulhamento extra.
Para o coordenador da Pastoral da Educação do Regional
Leste 1, professor Sérgio Maia, a violência nas escolas não se resolve
colocando policiais dentro das unidades educativas, porque a questão não é
policial.
“É preciso realizar ações pedagógicas e de mobilização
social. Em primeiro lugar, é necessário que existam políticas públicas sérias e
comprometidas para resolver a questão da violência, que é uma doença social. É
necessária a interação de todos, família, escola e sociedade”, disse o
professor.
Ele acredita que o ensino religioso (ER) é um componente
importante para a prevenção da violência nas escolas, porque apresenta valores
permanentes para a sociedade. “Os valores que estão prevalecendo são os transitórios,
que viraram moda. O ensino religioso ajuda a pessoa humana a se juntar, a virar
um todo, porque fala de um homem integral e completo, que tem uma visão geral
da vida e da sociedade, não é um homem partido”, avaliou o professor Sérgio.
PREVENÇÃO PELA RECUPERAÇÃO DE VALORES
Uma educação para a paz pode ser realidade a partir de aulas
que busquem valorizar o que existe de melhor dentro de cada ser humano, pois o
vazio existencial causado pela ausência de Deus pode gerar depressão e violência.
A implantação do Ensino Religioso, plural, confessional e
facultativo, nas escolas públicas da Rede Municipal de Ensino, a partir de
agosto, tem como objetivo saciar a sede natural de toda pessoa humana por um
sentido maior para a existência.
A assessora para o ensino religioso do Regional Leste 1,
professora Vânia Cristina Rafaelli, afirmou que o ER se refere ao ser
religioso presente em cada um. Porque, independentemente de qualquer coisa,
desde os primórdios, o homem nasce com um desejo do transcendente, por algo
que é superior a sua existência e entendimento. “O ensino religioso fala ao
coração do aluno, é um ensinamento de dentro para fora, que completa a formação
do estudante”, afirmou.
O diretor do Departamento Arquidiocesano de Ensino Religioso,
padre Paulo Romão, acredita que este ensino, confessional e plural, contempla e
valoriza o direito dos pais de que seus filhos tenham uma formação integral e
completa. “É papel do Estado favorecer esta educação em todos os sentidos. É um
dever que favorece a formação do cidadão, que nunca é neutro, mas faz parte de
uma cultura, de um povo e de uma religião”, disse o padre.
Segundo o sacerdote, em apenas uma aula de ensino
religioso, o aluno pode escutar algo que o ajude durante toda a sua vida. “Os
alunos se tornam amigos de seus professores de ER, porque veem neles um ponto
de referência, porque aprendem valores fundamentais para a vida, e recuperam
também uma visão mais profunda da própria fé. Numa sociedade onde há tanta
violência, egoísmo e corrupção os valores são destruídos. O ER possibilita uma
recuperação de valores que podem nortear a vida do aluno”, assinalou.
CLÁUDIA BRITO