A ação pastoral de Dom Eugenio Araujo Sales como arcebispo
no Rio ocorreu em meio às transformações e crises da Igreja pós-conciliar.
Apesar de todas as transformações desse tempo, marcado pela
ditadura militar no Brasil, sempre se manteve firme e fiel ao magistério do
Papa e tornou-se ponto de equilíbrio para a Igreja no Brasil, garantindo a
unidade e fomentando as necessárias mudanças.
Manteve a arquidiocese independente de confrontos ideológicos
da sociedade, com liberdade para promover os pobres e defender os oprimidos.
Com discrição, acolheu muitos exilados, visitou os cativos, salvou os
perseguidos pelo regime, promoveu a soltura de presos esquecidos, cuja pena
fora cumprida. Não se omitiu.
Ao logo de seus 30 anos no governo da Arquidiocese do Rio de
Janeiro, o Cardeal Sales criou novas pastorais e apoiou outras que haviam sido
fundadas por seu antecessor, Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. Elaborou nove
planos de Pastoral de Conjunto, criando entrosamento entre todas as pastorais,
além de estabelecer diretrizes para o Batismo, a Crisma e a Primeira Comunhão.
Nos primeiros anos de seu governo pastoral, várias foram as
realizações: criou o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral (responsável pela
implantação e acompanhamento dos planos de Pastoral de Conjunto) e a Assessoria
de Imprensa (responsável pelo relacionamento do governo da arquidiocese com os
órgãos de comunicação). Criou ainda os Centros de Estudos e Formação de
Itaipava e do Sumaré.
Com o passar dos anos, novas realizações surgiram para dinamizar
a Igreja carioca: foi criado o Vicariato Episcopal para as Religiosas,
coordenado por uma religiosa e sob a assistência de um bispo auxiliar. Numa
iniciativa pioneira de Dom Eugenio, durante seu governo, a administração pastoral
de 18 paróquias foi assumida por religiosas. Também foram criadas 61 novas
paróquias no território da arquidiocese.
Com o aumento do número de igrejas, dinamizou a Pastoral
Vocacional, através da criação de clubes vocacionais, grupos de vocações
jovens, grupos de vocações de adultos, cursos de discernimento vocacional e a
implementação do Seminário Arquidiocesano São José. Dom Eugenio também
instituiu o Colégio de Consultores e o conselho de Párocos Consultores.
Investiu na formação dos seminaristas e ajudou muitas dioceses
do Brasil, e até do exterior, a formar novos sacerdotes. “Dom Eugenio acolhia
no Seminário Arquidiocesano São José, no Rio Comprido, pessoas de outras dioceses
brasileiras como Parintins, no Amazonas, e até mesmo de outros países como Cabo
Verde, sempre preocupado com a formação dos seminaristas e o fortalecimento
das vocações”, afirmou Monsenhor José Maria Vasconcelos, que foi reitor do
Seminário São José de 1983 a
1993.
O leigo ganhou voz e vez na Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Dom Eugenio sempre se preocupou com a formação do laicato, por isso, durante
seu governo, os leigos ganharam um assessoramento direto por meio da Comissão
Arquidiocesana para a Doutrina da Fé. Para favorecer a formação doutrinal e
espiritual do laicato, criou a Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo
II, o Instituto Superior de Direito Canônico e o Instituto Superior de
Teologia.
No campo do apostolado leigo, criou e incentivou o movimento
Em Defesa da Vida e diversos serviços pastorais, como o Ministério
Extraordinário da Sagrada Comunhão (Mesc), responsável por levar a Comunhão
Eucarística aos enfermos, e a Pastoral da Esperança, que prestava atendimento
nos cemitérios da cidade do Rio de Janeiro.
Proclamar Cristo a todas as criaturas, sempre foi o grande
incentivo do Cardeal Dom Eugenio Sales junto aos leigos. Por isso, uma de suas
maiores preocupações foi, sem dúvida, a catequese, primeiro passo para um
engajamento pastoral. Para essa dimensão elaborou diversos livros de catecismo,
tanto para catequizandos como para catequistas.
FOTO: ARQUIVO TF