No dia 7 de outubro de 2003, quando estava prestes a completar
84 anos, o Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales escreveu seu testamento
particular.
Fiel à Igreja, ao Papa e aos fiéis, Dom Eugenio Sales manifestou
no documento sua eterna gratidão à família, às arquidioceses por onde passou e
aos benfeitores que o ajudaram. Além disso, em um grande gesto de humildade,
pediu perdão a quem por ventura tenha ofendido, ressaltando que procurou
reparar esses sofrimentos através de suas orações. Leia trechos do documento:
“Dirijo-me em primeiro lugar a Deus, a quem me entrego
inteira e absolutamente. Consagrei-me à Igreja e renovo essa doação integral.
Nunca me arrependi de tê-la feito. Tudo que escrevi, disse e ensinei fica
submetido ao magistério eclesiástico. Deverá ser corrigido, em caso de
discrepância da minha parte. Reafirmo minha fé católica. Creio em tudo que a
Igreja ensina e como ela o ensina. Proclamo a plena aceitação do Mistério da
Trindade, da Encarnação, Redenção e demais, que são parte do conteúdo de nossa
Doutrina. Quero morrer sempre fiel ao Papa, sucessor de Pedro. Não levo mágoas.
Peço perdão a quem ofendi. Procurarei reparar os sofrimentos com minhas
orações. Aceito plenamente a vontade de Deus. Manifesto profunda gratidão à
minha família, às arquidioceses de Natal, Salvador e Rio de Janeiro. Aos
benfeitores que me ajudaram a procurar ser sempre um bom padre e bispo. No céu,
onde espero ser acolhido por meu Pai, o Senhor Jesus e Maria, procurarei
retribuir tudo o que recebi”.
RAPHAEL FREIRE
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PORTAL DA ARQUIDIOCESE DO RIO
FOTO: ARQUIVO TF