Confira a entrevista com o padre Carlo Battistoni, superior
geral da Congregação das Filhas e Filhos do Coração Imaculado de Maria e
diretor do Centro Bíblico de Ponta Grossa, no Paraná, sobre alguns dos
fundamentos para o ensino religioso.
TF – Qual a sua opinião sobre o ensino religioso nas escolas
públicas?
Padre Carlo – Eu acredito que o ensino religioso é fundamental.
Nos anos 70 e 80, nós cometemos gravíssimos erros ao dividir o homem em
setores, porque esquecemos que ele é uma dimensão única, onde o lado
espiritual e o lado físico coincidem perfeitamente, e são essenciais para o
equilíbrio de uma pessoa no seu desenvolvimento global. É essencial o ensino
religioso, porque dividindo
o homem em setores nós acabamos com a estrutura primária do
homem que é uma só coisa, não existe divisão, ou seja, mesmo feito de
dimensões diferentes, o homem é uma única realidade.
TF – Quais são as consequências da exclusão da dimensão
religiosa de uma pessoa?
Padre Carlo – Excluir a dimensão religiosa de uma vida é uma
catástrofe. O resultado disso é o aumento de depressão, frustração,
agressividade etc. A criminalidade cresce na medida em que diminui a
referência aos pontos que estão acima de nós mesmos. A exclusão da dimensão
religiosa faz com que a pessoa minta a si mesma e minta aos outros. Na verdade
ela se torna incapaz de se relacionar com outras pessoas. Se nós tirarmos essa
dimensão que transcende a dimensão humana, antes ou depois o homem ficará
frustrado, e as pessoas vão buscar esse algo a mais em coisas estranhas,
porque há um desespero para o desconhecido. Quando tiramos
do homem a dimensão vertical, transcendente, deixamos ele simplesmente a mercê
de tensões que lutam entre si apenas no plano horizontal.
TF – Existe algum aspecto que deve ser evitado na transmissão
dos valores transcendentes?
Padre Carlo – A dimensão religiosa é essencial quando ela
não é individualista. Quando as pessoas utilizam a religião para manipular
sentimentos e gerar medos, ou seja, para finalidades que não são de fé,
evidentemente, estamos esmagando a dignidade do homem. Esse tipo de coisa não
é religião, mas um manuseio que utiliza elementos afetivos e emotivos, medos e
inseguranças. Isso não é religião, isso não é fé, absolutamente. Também sou
contra esse tipo de atitude, no sentido de que nós não podemos ensinar religião
feita para manipular as pessoas. A fé que nos dá Jesus é um equilíbrio entre a
pessoa e o outro, o homem consigo mesmo e o homem com Deus, são esses três elementos
CLÁUDIA BRITO
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