sexta-feira, 15 de março de 2013

Servir à Igreja


Foi um momento histórico e singular para a Companhia de Jesus a nomeação do novo Pontífice, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje o Papa Francisco. Tudo para nós parecia novo: primeiro Papa do continente americano, primeiro Papa jesuíta e primeiro Pontífice com o nome de Francisco. Embora a Companhia de Jesus ao longo de seus quase 500 anos tenha dado à Igreja excelentes teólogos, filósofos, cientistas e cardeais, muitos dos quais santos, como São Roberto Bellarmino e São Pedro Canísio, nunca tivemos um jesuíta bispo de Roma e pastor universal da Igreja.

Contra todas as previsões e especulações dos meios de comunicação e das apostas, o Espírito Santo teve o protagonismo no conclave, escolhendo a pessoa certa para o momento eclesial em que vivemos. Dele três coisas se destacam: a simplicidade do modo de ser religioso, a sólida formação teológica e cultural e a dimensão pastoral, com forte preocupação com os pobres.
Formado espiritualmente à luz dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, o Papa Francisco tem certamente como ideal a dimensão de um contemplativo na ação, um amor incondicional à pessoa de Jesus Cristo, a experiência do discernimento e a visão amorosa em ver a presença de Deus em todas as coisas. São traços da espiritualidade inaciana que marcam a vida de todo jesuíta, riqueza que carregamos como tesouro no vaso de barro de nossa existência.
Certamente o nosso querido Papa vive hoje, de maneira radical, uma das regras para sentir com a Igreja (EE. 253) deixada por Santo Inácio, que diz: “Deposto todo o juízo próprio, devemos ter o ânimo preparado e pronto para obedecer, em tudo, a verdadeira esposa de Cristo, Nosso Senhor, que é a nossa santa mãe, a Igreja hierárquica”
A escolha do nome de Francisco deve estar relacionada com a simplicidade e o amor pelas criaturas de São Francisco de Assis, como também pelo ardor missionário de São Francisco Xavier, padroeiro das missões, além de outros dois santos jesuítas com o nome de Francisco que são: São Francisco de Borja e São Francisco de Jerônimo, sendo este último tido como o missionário de Nápoles, conhecido pela mansidão no falar e eloquência na pregação da Palavra de Deus. Lições dos Santos “Franciscos” são importantes para um mundo onde a simplicidade é muitas vezes obscurecida pela sofisticação e ostentação. O nome de Francisco soa para nós cristãos como testemunho de austeridade, desejo de reforma, amor pela Igreja, e compromisso com a natureza.
Como Pontifícia Universidade Católica, fundada e administrada até hoje pela Companhia de Jesus, em sintonia apostólica com a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a PUC-Rio se sente honrada por ter um Sumo Pontífice jesuíta, que certamente apoiará o trabalho de evangelização no ensino superior como uma das missões prioritárias da presença da Igreja no mundo científico e cultural. Estaremos unidos com ele na oração e solidários na missão. 
Pe. Josafá Carlos de Siqueira SJ 
Reitor da PUC- Rio


"Formado espiritualmente à luz dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, o Papa Francisco tem certamente como ideal a dimensão de um contemplativo na ação, bem como um amor incondicional à pessoa de Jesus Cristo". Padre Josafá