Foi um momento histórico
e singular para a Companhia de Jesus a nomeação do novo Pontífice, Cardeal
Jorge Mario Bergoglio, hoje o Papa Francisco. Tudo para nós parecia novo:
primeiro Papa do continente americano, primeiro Papa jesuíta e primeiro
Pontífice com o nome de Francisco. Embora a Companhia de Jesus ao longo de seus
quase 500 anos tenha dado à Igreja excelentes teólogos, filósofos, cientistas e
cardeais, muitos dos quais santos, como São Roberto Bellarmino e São Pedro
Canísio, nunca tivemos um jesuíta bispo de Roma e pastor universal da Igreja.
Contra todas as
previsões e especulações dos meios de comunicação e das apostas, o Espírito
Santo teve o protagonismo no conclave, escolhendo a pessoa certa para o momento
eclesial em que vivemos. Dele três coisas se destacam: a simplicidade do modo
de ser religioso, a sólida formação teológica e cultural e a dimensão pastoral,
com forte preocupação com os pobres.
Formado espiritualmente à luz dos Exercícios Espirituais
de Santo Inácio de Loyola, o Papa Francisco tem certamente como ideal a
dimensão de um contemplativo na ação, um amor incondicional à pessoa de Jesus
Cristo, a experiência do discernimento e a visão amorosa em ver a presença de
Deus em todas as coisas. São traços da espiritualidade inaciana que marcam a
vida de todo jesuíta, riqueza que carregamos como tesouro no vaso de barro de
nossa existência.
Certamente o nosso
querido Papa vive hoje, de maneira radical, uma das regras para sentir com a
Igreja (EE. 253) deixada por Santo Inácio, que diz: “Deposto todo o juízo
próprio, devemos ter o ânimo preparado e pronto para obedecer, em tudo, a
verdadeira esposa de Cristo, Nosso Senhor, que é a nossa santa mãe, a Igreja
hierárquica”
A escolha do nome de Francisco deve estar relacionada com
a simplicidade e o amor pelas criaturas de São Francisco de Assis, como também
pelo ardor missionário de São Francisco Xavier, padroeiro das missões, além de
outros dois santos jesuítas com o nome de Francisco que são: São Francisco de
Borja e São Francisco de Jerônimo, sendo este último tido como o missionário de
Nápoles, conhecido pela mansidão no falar e eloquência na pregação da Palavra
de Deus. Lições dos Santos “Franciscos” são importantes para um mundo onde a
simplicidade é muitas vezes obscurecida pela sofisticação e ostentação. O nome
de Francisco soa para nós cristãos como testemunho de austeridade, desejo de
reforma, amor pela Igreja, e compromisso com a natureza.
Como Pontifícia Universidade Católica, fundada e
administrada até hoje pela Companhia de Jesus, em sintonia apostólica com a
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a PUC-Rio se sente honrada por
ter um Sumo Pontífice jesuíta, que certamente apoiará o trabalho de
evangelização no ensino superior como uma das missões prioritárias da presença
da Igreja no mundo científico e cultural. Estaremos unidos com ele na oração e
solidários na missão.
Pe. Josafá Carlos de Siqueira SJ
Reitor da PUC- Rio
"Formado
espiritualmente à luz dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, o
Papa Francisco tem certamente como ideal a dimensão de um contemplativo na
ação, bem como um amor incondicional à pessoa de Jesus Cristo". Padre Josafá