sexta-feira, 15 de março de 2013

Dia do Direito à Vida


O dia 25 de março seria só mais um dia do ano 2013 se não existisse no Brasil e no mundo a presença triste e malévola da cultura da morte, que gera ondas de violência contra crianças ainda no seio materno, contra jovens através das drogas, do álcool, que leva a ataques constantes à dignidade humana, que lesa a população privando-a dos recursos públicos básicos na área da saúde e que abandona muitos idosos e enfermos no final de suas vidas.

Essa jornada convida a todo o povo católico para uma reflexão mais séria e para ter muitas iniciativas, pessoais e públicas, que revelem um desejo dos brasileiros para o nosso país: Sim à Vida, Não à Morte!

A fim de facilitar tal ponderação e para inspirar tais iniciativas, proponho os seguintes itens:

1. A construção da cultura da vida deve ter seu alicerce principal na família, berço da vida e do amor, onde qualquer pessoa é acolhida e querida como dom de Deus.
Perguntemo-nos: que podemos fazer em favor de famílias, especialmente daquelas que têm pessoas passando dificuldades econômicas, que sofrem com os jovens enveredando pelo caminho do álcool e das drogas, que se enganam com a propaganda do sexo “seguro” e permissivo?
A resposta é somente uma e, atualmente, não dá mais para esperar outra.
Defender e promover a vida humana desde a sua concepção até seu término natural, construindo, assim, a família sobre a base sólida do amor-doação e do afeto profundo entre pais e filhos.
A construção da cultura da vida reclama das instituições públicas uma política educacional que considere sobretudo a aberta e reta formação para os valores humanos, entre os quais encontra-se a religião, elo essencial entre o Criador da vida e as criaturas vivas.
Não se constrói, nem se promove, nem se defende e nem se valoriza a vida humana sem o senso religioso presente na educação das crianças e da juventude.
Uma escola sem Deus é uma escola contra a vida dessas novas gerações, já tão impactadas pela violência dos video games, dos filmes e da violência dentro da própria  casa e pelas ruas por onde elas andam.
O que podemos fazer em favor da educação infantil, juvenil e universitária para que todos tenham a consciência de que só existe paz e ordem pública onde há o devido respeito ao semelhante e à natureza viva?
Não basta denunciar os males públicos. Estamos na hora de anunciar os valores que preservam a humanidade e o seu bem maior: a pessoa humana educada.
A construção da cultura da vida pede ao povo brasileiro que use todos seus direitos e deveres políticos para conscientizar aos seus governantes, aos seus legisladores, aos seus magistrados e desembargadores, que o favorecimento da cultura da morte é um grave atentado não só à vida, mas à democracia que eles tanto pregam e defendem.
Leis, decretos e liminares feitos com o único objetivo de matar crianças em gestação, sobretudo se elas sofrem de doenças incuráveis, anestesiam a mentalidade do povo, e este acaba sendo cada vez mais insensível ao bem do próximo.
O que podemos fazer para acompanhar mais de perto aqueles representantes do povo, eleitos num clima de democracia, para que eles sejam, de verdade, promotores da vida humana e defensores da vida da natureza?
Pensemos agora – não na época eleitoral – como podemos influenciar os nossos vereadores, deputados, prefeitos, governadores nas suas atuações política, dando-lhes informações mais científicas e mais verdadeiras sobre a pessoa humana e seus bens vitais, para que ela seja defendida e protegida contra os que só querem “roubar” a sua dignidade humana, contra os que só querem impedir que histórias de tantos bebês sejam escritas com suas vidas num livro que será lido pelas futuras gerações.
Constrói a cultura da vida quem tem presente que um dia todos iremos comparecer diante do Criador do Universo, e teremos que prestar contas da “árvore da vida” que nos coube cuidar e de quem se espera frutos abundantes.
Sem a consciência do juízo divino não se promove, nem se defende, nem se valoriza, nem se legisla, nem se julga, nem se atua com dignidade sobre a saúde do próximo, nem se protege o moribundo, nem se abre à maternidade e à fraternidade, nem se vive e nem se goza da vida, se tudo é abortado com a morte.
A cultura da vida é uma cultura que nasce da fé no Criador, no Redentor e no Juiz da História dos homens e das mulheres que fazem parte de um mundo realmente justo, solidário, pacífico, realmente humano.

Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro


"Não se constrói, nem se promove, nem se defende e nem se valoriza a vida humana sem o senso religioso presente na educação das crianças e da juventude".
             Dom Antonio




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