sexta-feira, 27 de julho de 2012

Ensino para o equilíbrio do ser



Confira a entrevista com o padre Carlo Battistoni, superior geral da Congregação das Filhas e Filhos do Coração Imaculado de Maria e diretor do Centro Bíblico de Ponta Grossa, no Paraná, sobre alguns dos fundamentos para o ensino religioso.

TF – Qual a sua opinião sobre o ensino religioso nas escolas públicas?
Padre Carlo – Eu acredito que o ensino religioso é fun­damental. Nos anos 70 e 80, nós cometemos gravíssimos erros ao dividir o homem em setores, porque esquecemos que ele é uma dimensão úni­ca, onde o lado espiritual e o lado físico coincidem per­feitamente, e são essenciais para o equilíbrio de uma pes­soa no seu desenvolvimento global. É essencial o ensino religioso, porque dividindo
o homem em setores nós acabamos com a estrutura primária do homem que é uma só coisa, não existe divi­são, ou seja, mesmo feito de dimensões diferentes, o ho­mem é uma única realidade.

TF – Quais são as con­sequências da exclusão da dimensão religiosa de uma pessoa?
Padre Carlo – Excluir a dimensão religiosa de uma vida é uma catástrofe. O resultado disso é o aumento de depressão, frustração, agressividade etc. A crimina­lidade cresce na medida em que diminui a referência aos pontos que estão acima de nós mesmos. A exclusão da dimensão religiosa faz com que a pessoa minta a si mes­ma e minta aos outros. Na verdade ela se torna incapaz de se relacionar com outras pessoas. Se nós tirarmos essa dimensão que transcende a dimensão humana, antes ou depois o homem ficará frustrado, e as pessoas vão buscar esse algo a mais em coisas estranhas,
porque há um desespero para o desconhecido. Quando tiramos do homem a dimen­são vertical, transcendente, deixamos ele simplesmente a mercê de tensões que lu­tam entre si apenas no plano horizontal.

TF – Existe algum aspecto que deve ser evitado na trans­missão dos valores transcen­dentes?
Padre Carlo – A dimensão religiosa é essencial quan­do ela não é individualista. Quando as pessoas utilizam a religião para manipular sentimentos e gerar medos, ou seja, para finalidades que não são de fé, evidentemente, estamos esmagando a digni­dade do homem. Esse tipo de coisa não é religião, mas um manuseio que utiliza elementos afetivos e emotivos, medos e inseguranças. Isso não é religião, isso não é fé, absolutamente. Também sou contra esse tipo de atitude, no sentido de que nós não podemos ensinar religião feita para manipular as pes­soas. A fé que nos dá Jesus é um equilíbrio entre a pessoa e o outro, o homem consigo mesmo e o homem com Deus, são esses três elementos

CLÁUDIA BRITO
FOTO: SXC.HU