O mundo se torna mais limpo por meio da reciclagem do lixo.
A afirmação, que é também um convite para toda a humanidade, tem sido colocada
em prática por pessoas de diversas paróquias e comunidades da Arquidiocese do
Rio de Janeiro. Entre os trabalhos desenvolvidos, destaca-se o da Coop Quitungo,
localizada no bairro de Brás de Pina, escolhida pela Organização das Nações
Unidas (ONU) para apresentar seu trabalho na Rio+20.
A cooperativa, que funciona com 15 trabalhadores e tem 60
catadores cadastrados, recebe material reciclável de pessoas físicas e
jurídicas. A maior parte vem através do Decreto Nacional 5.940, que obriga os
órgãos públicos a doar seu material reciclável.
O trabalho, que começou em 2004, é realizado em um galpão
próximo da Paróquia de Santo Antônio, localizada na Estrada do Quitungo. Na
época, o espaço foi emprestado pelo padre Elói Sperandio Dalla Vecchia, que já
faleceu.
Segundo a presidente da Coop Quitungo, Maria do Carmo Barbosa,
conhecida como Carminha, mesmo sem conhecer nada sobre o assunto, conseguiu
iniciar o trabalho na comunidade, após participar de cursos. “Nós tínhamos um
balcão de empregos na paróquia, onde atendíamos muitas pessoas, sendo que a
grande maioria delas não tinha capacitação para o mercado de trabalho. Foi uma
surpresa quando a Cáritas do Rio de Janeiro nos ofereceu o projeto Reciclagem
Solidária”, disse.
Além de contribuir para a reciclagem do lixo, o trabalho
também resgata vidas e a dignidade de pessoas. Muitos cooperativados foram
incentivados a voltar a estudar e conseguiram mudar de vida. Carminha já
visitou 78 paróquias e instituições para realizar palestras e demonstrações de
artesanato feito com material reciclável.
“Com a reciclagem da caixa de leite, por exemplo, o papelão
volta a ser papelão, o plástico se torna polietileno e o alumínio pode se
tornar telha. Através de uma campanha realizada na comunidade para a doação da
caixa de leite, nós conseguimos cobrir grande parte do salão paroquial com a
telha ecológica”, afirmou.
A reciclagem, que já avança pela calçada do lado de fora do
galpão, precisa de um ambiente mais amplo. “Nós estamos pedindo socorro:
precisamos de mais espaço. Necessitamos urgentemente de um lugar onde possamos
colocar e separar a grande quantidade de lixo que recebemos, e também para
realizar os cursos de artesanato com material reciclável. A minha maior
preocupação é que nós já ganhamos, através de um edital, os maquinários para
ampliar o trabalho de reciclagem que realizamos e não temos onde colocar o que
já foi comprado”, afirmou.
Na Rio+20,
a Coop Quitungo vai realizar trabalhos ligados à
educação ambiental no salão dos governantes e no salão da ONU. “Todas as vezes
que nós estamos passando por um momento difícil, aparecem essas surpresas
maravilhosas. Eu só agradeço a Deus em primeiro lugar, que nos deu força para
chegarmos até aqui. Sei que estamos contribuindo com a preservação do meio
ambiente e que todos devem fazer a sua parte”, concluiu Carminha.
CLÁUDIA BRITO
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA