quinta-feira, 21 de junho de 2012

O trabalho que limpa o planeta



O mundo se torna mais limpo por meio da reciclagem do lixo. A afirmação, que é também um convite para toda a humanidade, tem sido colocada em prática por pessoas de diversas paróquias e comunidades da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Entre os trabalhos desenvolvidos, destaca-se o da Coop Quitungo, localizada no bairro de Brás de Pina, escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para apresentar seu trabalho na Rio+20.
A cooperativa, que funciona com 15 trabalhadores e tem 60 catadores cadastrados, recebe material reciclável de pessoas físicas e jurídicas. A maior parte vem através do Decreto Nacional 5.940, que obriga os órgãos públi­cos a doar seu material reciclável.
O trabalho, que começou em 2004, é realizado em um galpão próximo da Paróquia de Santo Antônio, localizada na Estrada do Quitungo. Na época, o espaço foi emprestado pelo padre Elói Sperandio Dalla Vecchia, que já faleceu.
Segundo a presidente da Coop Quitungo, Maria do Carmo Bar­bosa, conhecida como Carminha, mesmo sem conhecer nada sobre o assunto, conseguiu iniciar o traba­lho na comunidade, após partici­par de cursos. “Nós tínhamos um balcão de empregos na paróquia, onde atendíamos muitas pesso­as, sendo que a grande maioria delas não tinha capacitação para o mercado de trabalho. Foi uma surpresa quando a Cáritas do Rio de Janeiro nos ofereceu o projeto Reciclagem Solidária”, disse.
Além de contribuir para a reciclagem do lixo, o trabalho também resgata vidas e a dignida­de de pessoas. Muitos cooperati­vados foram incentivados a voltar a estudar e conseguiram mudar de vida. Carminha já visitou 78 paróquias e instituições para re­alizar palestras e demonstrações de artesanato feito com material reciclável.
“Com a reciclagem da caixa de leite, por exemplo, o papelão volta a ser papelão, o plástico se torna polietileno e o alumínio pode se tornar telha. Através de uma cam­panha realizada na comunidade para a doação da caixa de leite, nós conseguimos cobrir grande parte do salão paroquial com a telha ecológica”, afirmou.
A reciclagem, que já avança pela calçada do lado de fora do gal­pão, precisa de um ambiente mais amplo. “Nós estamos pedindo so­corro: precisamos de mais espaço. Necessitamos urgentemente de um lugar onde possamos colocar e separar a grande quantidade de lixo que recebemos, e também para realizar os cursos de arte­sanato com material reciclável. A minha maior preocupação é que nós já ganhamos, através de um edital, os maquinários para ampliar o trabalho de reciclagem que realizamos e não temos onde colocar o que já foi comprado”, afirmou.
Na Rio+20, a Coop Quitungo vai realizar trabalhos ligados à educação ambiental no salão dos governantes e no salão da ONU. “Todas as vezes que nós estamos passando por um momento difícil, aparecem essas surpresas maravilhosas. Eu só agradeço a Deus em primeiro lugar, que nos deu força para chegarmos até aqui. Sei que estamos contribuindo com a preservação do meio ambiente e que todos devem fazer a sua parte”, concluiu Carminha.

CLÁUDIA BRITO
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA