segunda-feira, 26 de março de 2012

Síndrome Pós-aborto



No debate sobre a descriminalização do aborto, existe uma realidade que não pode ser negligenciada: o aborto é um procedimento traumático, seja por qualquer motivo ou justificativa. Segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio Dom Antonio Augusto Dias Duarte, um aborto, mesmo com o amparo da lei, causa consequências danosas à vida da mulher.
"O que vemos com mais frequência é a Síndrome Pós-aborto, que é um sofrimento muito profundo e muito grave na vida das mulheres, que pode até desestruturar a sua vida profissional e familiar. Acredito que o aborto nunca é solução", afirmou.
Ele explicou que a Síndrome Pós-aborto já está bastante estudada e se tornou uma questão de saúde pública no Brasil e no mundo. "Muitas mulheres que abortaram estão procurando hospitais e clínicas porque estão deprimidas, com insônia, desestruturadas em seus relacionamentos. Porque têm sonhos que causam terror e não podem se relacionar com crianças", disse Dom Antonio.
O bispo também afirmou que o aborto é uma intervenção cirúrgica de uma magnitude imensurável. "A gente não pode imaginar o que vai trazer aquela intervenção, tanto no corpo como na psique da pessoa. Infelizmente, temos encontrado muitas pessoas que estão com essa síndrome hoje em dia. É uma questão muito grave", alertou.
A psicóloga Sonia Nascimento, que faz parte do Grupo de Psicólogos Católicos da Arquidiocese do Rio de Janeiro, observou que em sua experiência clínica os sintomas mais latentes são dor, depressão e, principalmente, a culpa. Ela informou que a Síndrome Pós-aborto afeta tanto a mulher quanto aos demais familiares, pois a mãe normalmente se torna agressiva.
"A mulher normalmente se culpa pela destruição da vida de um filho que é negado por ela. Essa marca faz um registro no inconsciente, e a incapacidade de expressar a angústia e outros sentimentos pode levar à depressão. A mulher precisa exteriorizar a sua dor. O tratamento psicoterapêutico é um aliado nesta fase, pois a mulher passa a ser vítima dela mesma", disse a psicóloga.
Além das questões psicológicas, a interrupção da gravidez é uma violência para o organismo feminino e sempre traz riscos, desde sangramentos que não cessam e podem levar a pessoa a um choque e a uma ruptura de útero. Além disso, tem também as consequências posteriores: infecções, inflamações e a necessidade da curetagem. Tudo isso traz consigo intervenções que alteram o equilíbrio do organismo feminino.

CLÁUDIA BRITO
COLABORAÇÃO: RAPHAEL FREIRE

FOTO: SXC.HU