segunda-feira, 12 de março de 2012

Humanização da saúde



Na entrevista exclusiva, o coordenador arquidiocesano da Pastoral da Saúde, diácono Sérgio Catão, aborda algumas das principais colaborações que a Campanha da Fraternidade pretende dar para a saúde pública. O diácono que pertence a Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São José, no Engenho de Dentro, é médico e trabalha no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia e no desenvolvimento de políticas de humanização. Segundo ele, há uma grande expectativa no Rio de Janeiro em relação à melhora no atendimento aos enfermos e à ampliação da participação dos católicos nas visitas nos hospitais e nas casas. "A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como o bem-estar físico, mental e também espiritual. Por isso, essa atenção integral e humanizada é essencial", afirmou.


Testemunho de Fé – Como está sendo feito o treinamento dos agentes da Pastoral da Saúde?
Diácono Sérgio Catão – Além de nossos cursos de formação, há uma necessidade de reorganizar a assistência como um todo. Por isso, estamos voltados para o diálogo ecumênico, inter-religioso, na medida em que , formando com os nossos parceiros uma organização junto à direção de cada hospital público, possamos efetuar de uma forma mais correta a assistência solidária ao enfermo hospitalizado.
A iniciativa de apresentar a cada direção hospitalar um modelo organizado, no qual participam todas as principais tradições religiosas, é uma iniciativa da Igreja Católica, que vê nisso grandes possibilidades. Estamos apresentando esse modelo na medida em que também internamente preparamos os nossos agentes para darem um atendimento solidário a esse enfermo, de uma forma efetiva, treinada, trabalhando tecnicamente a relação de ajuda e escuta, elemento tão importante que envolve também a parte da psicologia. Na área da espiritualidade, trabalhamos com a Palavra de Deus.

TF – Qual é o convite que a CF-2012 faz aos jovens?
Diácono Sérgio – Nossos jovens devem procurar se engajar na Campanha da Fraternidade como voluntários. Hoje, no mundo inteiro, vários grupos jovens trabalham nesse sentido, para trazer solidariedade, apoio e conforto aos enfermos, através de atividades. Os jovens são dinâmicos e podem ajudar em diversas áreas, como a musicoterapia, por exemplo. Já temos uma iniciativa da sociedade que são os Doutores da Alegria, que levam conforto às crianças e aos enfermos nos hospitais.

TF – Quais são os principais projetos?
Diácono Sérgio – Um dos principais projetos é a parte comunitária, no qual vamos treinar os nossos voluntários para aferir a pressão arterial na porta das igrejas. Muitas pessoas são hipertensas e nem sabem. Em uma simples medição passaram a ter noção dos riscos e procuraram atendimento médico. Essa é a dupla finalidade: atender a saúde do corpo e do espírito com essa simples proposta de medir a pressão arterial, entre outras que poderão vir.
A parte comunitária também envolve as questões relacionadas à campanha de doação de sangue. Temos feito uma boa parceria com os representantes da Comissão Arquidiocesana, trabalhando com o HemoRio (Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti) e com os bancos de sangue do Inca (Instituto Nacional de Câncer), na qual envolvemos cada comunidade católica nesse projeto de doação de sangue.

TF – Como está sendo feita a preparação dos conselheiros de saúde?
Diácono Sérgio – Nós estamos indo com cuidado onde estão inseridos os católicos nos conselhos de saúde. Existem alguns, mas há a necessidade de ampliar esse número. Por isso, em parceria com a Cáritas, vamos fazer pelo terceiro ano, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, um curso para a formação de conselheiros, no nosso caso de conselhos de saúde. Com essa proposta, a gente quer elevar o número de católicos e, ao mesmo tempo, somar forças, articular, trabalhar juntos, cada um em seu distrito, mas tendo a mensagem do pastor, da Igreja, sendo ali veiculada, defendida, para que a saúde pública possa realmente acontecer.


CARLOS MOIOLI E CLÁUDIA BRITO

FOTO: CARLOS MOIOLI