segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ensino religioso: valor essencial para o ser humano



"A religião é parte integral do ser humano. Nunca se viu na história das civilizações uma que não tivesse um templo religioso. A religião, dita por alguns sociólogos, é um elemento intrínseco e essencial ao ser humano. Não pode estar fora de um projeto pedagógico que visa desenvolver todas as possibilidades da pessoa", afirmou o bispo auxiliar e animador do Ensino Religioso nas escolas, Dom Nelson Francelino Ferreira.
Segundo ele, o ensino religioso tem uma função muito importante, porque toca a parte emocional, a personalidade, o caráter, os conceitos e valores dos alunos. Ele lembrou que as pessoas que dizem que a religião deve ser ensinada em casa, de pai para filho, estão fora da realidade, porque não percebem a situação atual da família moderna e urbana.
"Na maioria das vezes, o pai sai de casa às 5h e a mãe às 6h, pegam um engarrafamento terrível, passam o dia inteiro no trabalho e, quando chegam em casa, os filhos já estão dormindo. Então, como os pais vão falar dos valores da fé para os filhos?", questionou Dom Nelson.
Ele ressaltou que a escola deve subsidiar, ou seja, complementar o que a família não pode dar. O bispo também ressaltou que o último responsável pela formação de uma criança ou jovem não é o Estado, mas sim a família, e dessa forma, se os pais optam pela disciplina de ensino religioso para seus filhos no seu próprio credo, a escola não deve impedir, mas sim cumprir a Lei do Ensino Religioso Plural e Confessional, aprovada pelo município e pelo estado.
"As famílias devem encontrar na escola um suporte e não uma oposição. Muitas vezes, o pai ensina os valores religiosos, inicia as crianças numa religião no final de semana e no domingo, e durante a semana, a escola se omite, silencia e, até mesmo, trabalha de forma contrária o valor ensinado no ambiente familiar. Isso pode causar um profundo conflito, porque os pais apontam para uma direção, e a escola e os meios de comunicação dizem o contrário, gerando uma disputa", afirmou Dom Nelson.


"O ESTADO É LAICO, MAS NÃO ATEU"


O bispo destacou que as pessoas que dizem que o Estado é laico precisam redefinir o significado dessa palavra, porque ser um estado laico não é ser um Estado ateu. Ele recordou que, segundo as últimas pesquisas, o Brasil é um país que tem em torno de 67% da população católica e que, somando a porcentagem dos evangélicos, chega a cerca de 90% de cristãos.
"Isso não pode ser ignorado pela escola. O Brasil nunca foi e jamais será um país ateu. Juntando as três tradições, europeia, indígena e afrodescendente, todos esses três povos são profundamente movidos pelo sentido religioso. O Brasil é um país religioso. Isso em momento algum diminui o significado de um país ou de um Estado laico, mas pede que essa pluralidade religiosa, que é uma riqueza cultural do nosso país, seja vivida, dinamizada e promovida também no espaço escolar", orientou.

CLÁUDIA BRITO