sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O bem comum e a justiça social

Em muitos momentos de nossa vida, falamos em bem comum, justiça social e solidariedade. Vejamos o que nos diz sobre isso o Catecismo de nossa Igreja.
O bem comum só pode ser definido em referência à pessoa humana. Não podemos viver isolados em nós mesmos. Assim o bem comum deve entender-se como o conjunto das condições sociais que permitem atingir a sua perfeição. O bem comum interessa à vida de todos e supõe: respeito aos direitos fundamentais e inalienáveis da pessoa humana; bem-estar social e o desenvolvimento da própria sociedade; a paz, isto é, a permanência e segurança duma ordem justa (cf. Catecismo, 1906).
A dignidade da pessoa humana implica a busca do bem comum e todos devem estar envolvidos na sua promoção.
Bem comum está ligado à justiça social que deve ser garantida pela sociedade. A justiça social só pode ser alcançada no respeito à dignidade transcendente do homem, pois a pessoa constitui o fim último da sociedade, e não o contrário. A defesa e promoção da dignidade da pessoa humana "foram-nos confiadas pelo Criador (Sollicitudo rei socialis, 47). O dever de nos fazermos o "próximo" do outro, e de o servirmos, é tanto mais premente quanto esse outro for mais indefeso (Mt 25, 40).
A igualdade entre os homens é afirmada na sua dignidade pessoal: "Toda a espécie de discriminação aos direitos fundamentais da pessoa, quer por razão do sexo, quer da raça, cor, condição social, língua ou religião, deve ser ultrapassada e eliminada como contrária ao desígnio de Deus. Com efeito, as excessivas desigualdades econômicas e sociais provocam escândalo e são obstáculo à justiça social, à equidade, à dignidade da pessoa humana e, finalmente, à paz social e internacional" (Gaudium et spes, 29).
Na busca do bem comum e da justiça social aparece o princípio da solidariedade como exigência direta da fraternidade humana e cristã. É na solidariedade entre todos que os problemas socioeconômicos vão encontrar solução. A solidariedade individual e internacional é uma exigência de ordem moral. Há dois mil anos persevera na alma da Igreja este sentimento, que levou centenas de pessoas ao heroísmo dos monges agricultores, dos libertadores de escravos, dos que cuidam dos doentes e a todas as gerações, em vista a criar condições sociais capazes de tornar possível vida digna para o ser humano (Cf. Pio XII, Mensagem radiofônica).
Estas palavras nos estimulam a lutar sempre pelo bem comum, na implantação de justiça social, vivendo uma dinâmica solidariedade.

CÔN. MANUEL MANANGÃO
VICARIATO EPISCOPAL PARA A CARIDADE SOCIAL