O Dia de Finados coloca-nos diante de uma questão fundamental para nossa existência: a questão da morte. Nosso modo de enfrentar a vida depende muito do modo como encaramos a morte, e vice-versa! Temos que pensar na morte, pois quando o homem não pensa na morte, esquece que é finito, passageiro, fugaz e se ilude.
Há alguns que diante da morte se angustiam, apavoram-se até ao desespero. A morte os amedronta: parece-lhes uma insensatez sem fim, pois é a negação de todo desejo de vida, de felicidade e eternidade que cresce no coração do homem. Estes sentem-se esmagados pela certeza de um dia ter que encarar, frente a frente, tão fria, tirana e poderosa adversária. Assim, querendo ou não, podem afirmar como Sartre, o filósofo francês: "A vida é uma paixão inútil!" Viver é marchar para esse absurdo. Cada dia que passa, aumenta a sensação de náuseas e cresce em nós uma angústia.
Há um modo de encarar a morte, tipicamente cristão. A morte existe sim! E dói! E machuca! Não somente existe, como também marca toda a nossa existência: vivemos feridos por ela, em cada dor, em cada doença, em cada derrota, em cada medo, em cada tristeza… até a morte final! Não se pode fazer pouco caso dela: ela nos magoa e nos ameaça; desrespeita-nos e entristece-nos, frustra nossas expectativas sem pedir permissão! O cristão é realista diante da morte; recorda-se da palavra de Gn 2,17: "De morte morrerás!" Então, os discípulos de Cristo somos pessimistas? Não! Nós simplesmente não nos iludimos: sabemos que a morte é uma realidade e uma realidade que não estava no plano de Deus para nós: não fomos criados para a ela, mas para a vida! Deus não é o autor da morte, não a quer nem se conforma com ela! Por isso mesmo enviou-nos o seu Filho, aquele mesmo que disse: "Eu sou a vida; eu sou a ressurreição!" Ele morreu da nossa morte para que nós não morramos sozinhos, mas morramos com Ele e como Ele, que venceu a morte! Para nós, cristãos, a morte, que era como uma caverna escura, sem saída, tornou-se um túnel, cujo final é luminoso. Isto mesmo: Cristo arrombou as portas da morte! Ela tornou-se apenas uma passagem, um caminho para a nossa Páscoa, nossa passagem deste mundo para o Pai: "Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal temerei, porque está comigo!" Em Cristo a morte pode ser enfrentada e vencida! Certamente ela continua dolorosa, ela nos desrespeita; mas se no dia a dia aprendermos a viver unidos a Cristo e a vivenciar as pequenas mortes de cada momento em comunhão com Senhor que venceu a morte, a morte final será um "adormecer em Cristo".
Por tudo isso, o Dia de Finados é sempre excelente ocasião não somente para rezar pelos nossos irmãos já falecidos, mas também para alagarmos nosso conceito de vida, pensarmos no modo como estamos vivendo, bem como reforçarmos a nossa esperança de um dia estarmos todos diante do Pai.
Nós, os cristãos, não fugimos do mundo. Desfrutamos esse mundo que o Senhor criou para nós. Ao mesmo tempo, vivendo tão bem nessa pátria mundana, apesar das tribulações da vida, somos conscientes que a nossa pátria definitiva é o céu.
DOM NELSON FRANCELINO FERREIRA - Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio
Há alguns que diante da morte se angustiam, apavoram-se até ao desespero. A morte os amedronta: parece-lhes uma insensatez sem fim, pois é a negação de todo desejo de vida, de felicidade e eternidade que cresce no coração do homem. Estes sentem-se esmagados pela certeza de um dia ter que encarar, frente a frente, tão fria, tirana e poderosa adversária. Assim, querendo ou não, podem afirmar como Sartre, o filósofo francês: "A vida é uma paixão inútil!" Viver é marchar para esse absurdo. Cada dia que passa, aumenta a sensação de náuseas e cresce em nós uma angústia.
Há um modo de encarar a morte, tipicamente cristão. A morte existe sim! E dói! E machuca! Não somente existe, como também marca toda a nossa existência: vivemos feridos por ela, em cada dor, em cada doença, em cada derrota, em cada medo, em cada tristeza… até a morte final! Não se pode fazer pouco caso dela: ela nos magoa e nos ameaça; desrespeita-nos e entristece-nos, frustra nossas expectativas sem pedir permissão! O cristão é realista diante da morte; recorda-se da palavra de Gn 2,17: "De morte morrerás!" Então, os discípulos de Cristo somos pessimistas? Não! Nós simplesmente não nos iludimos: sabemos que a morte é uma realidade e uma realidade que não estava no plano de Deus para nós: não fomos criados para a ela, mas para a vida! Deus não é o autor da morte, não a quer nem se conforma com ela! Por isso mesmo enviou-nos o seu Filho, aquele mesmo que disse: "Eu sou a vida; eu sou a ressurreição!" Ele morreu da nossa morte para que nós não morramos sozinhos, mas morramos com Ele e como Ele, que venceu a morte! Para nós, cristãos, a morte, que era como uma caverna escura, sem saída, tornou-se um túnel, cujo final é luminoso. Isto mesmo: Cristo arrombou as portas da morte! Ela tornou-se apenas uma passagem, um caminho para a nossa Páscoa, nossa passagem deste mundo para o Pai: "Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal temerei, porque está comigo!" Em Cristo a morte pode ser enfrentada e vencida! Certamente ela continua dolorosa, ela nos desrespeita; mas se no dia a dia aprendermos a viver unidos a Cristo e a vivenciar as pequenas mortes de cada momento em comunhão com Senhor que venceu a morte, a morte final será um "adormecer em Cristo".
Por tudo isso, o Dia de Finados é sempre excelente ocasião não somente para rezar pelos nossos irmãos já falecidos, mas também para alagarmos nosso conceito de vida, pensarmos no modo como estamos vivendo, bem como reforçarmos a nossa esperança de um dia estarmos todos diante do Pai.
Nós, os cristãos, não fugimos do mundo. Desfrutamos esse mundo que o Senhor criou para nós. Ao mesmo tempo, vivendo tão bem nessa pátria mundana, apesar das tribulações da vida, somos conscientes que a nossa pátria definitiva é o céu.
DOM NELSON FRANCELINO FERREIRA - Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio