sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Na Diocese de Mogi das Cruzes, a Cruz da JMJ vai até moradores de lixão



Saí de casa às 10h, mochila nas costas, sem saber exatamente o que ia fazer nem quem iria encontrar, que horas iria voltar, mas com a certeza que naquele domingo eu teria uma missão muito importante, inimaginável para mim alguns dias antes: seria “guardiã” dos símbolos da JMJ, que estariam em carreata pela minha diocese. Principal­mente por ter acabado de participar da JMJ em Madri e ter visto de tão longe a Cruz e o ícone de Nossa Senhora, junto aos dois milhões de jovens em Cuatro Vientos. Não tenho palavras para descrever minha alegria imensa em assumir esta missão.
Ouvimos com atenção as orien­tações dos guardiões anteriores da Diocese de São Miguel Paulista. Há muito cuidado com o manuseio dos símbolos, por seu valor espiritual e mesmo material. Após as orientações, saímos em carreata pelas ruas de minha cidade, Itaquaquecetuba. Os lugares escolhidos por nossa diocese, tendo à frente do Setor Juventude o padre Reginaldo Martins, que vem atu­ando com muito entusiasmo – para as paradas da carreata, nas quais a Cruz e o ícone foram carregados pelo povo, foram extremamente significativos. Primeiramente, em Itaquaquecetuba, os símbolos foram levados ao aterro sanitário.


MARIA E A CRUZ ENTRE OS QUE SOFREM


Mas levar a Cruz dos jovens para o lixão? Como nos disse Dom Eric Ja­cquinet, “na Cruz, Cristo se identificou com aqueles que sofrem. Descubra os que sofrem em torno de ti. Jesus está presente neles. Vá servi-los! Recebe­rás alegrias!”. Aquele lugar recebe todo nosso lixo, das cidades da região. Mas e os que vivem naquela região, como vivem? Muito mal amigos. Que nos diga o pároco local, padre Sidney Kenji, que vem passando grandes dificuldades e riscos em sua missão. Vivem cercados de pobreza: social, educacional, espi­ritual. Vivem em desamparo, aban­donados pelo poder público, sofrendo problemas de saúde causados pelos detritos. Vivem ameaçados pelos “co­ronéis” locais. E nós, que mandamos pra lá o que não nos serve mais, não co­nhecíamos aquela realidade. Estar em contato com aquele povo e reconhecer sua devoção deu novo significado à nossa peregrinação do dia.
Prosseguimos com a carreata, rumo ao Complexo de Detenção Provisória de Suzano. Lá encontramos famílias que foram passar o domingo com seus pais, esposos, filhos, que buscam também novo significado em sua vida. Uma garotinha pediu para ser levantada e alcançar a Cruz por uma das guardiãs. E disse à sua mãe: “Eu consegui, peguei na Cruz, rezei por ele!”. Nesses mo­mentos, sentíamos que ser guardião da Cruz era trazê-la cada vez mais perto do povo, pois para quem podia tocá-la, era o próprio Espírito Santo que as tocava. E a carreata seguiu, cantando e anunciando que a Cruz da Jornada Mundial da Juventude passava por ali.
No início da noite chegamos à Cate­dral Diocesana de Sant’Anna, em Mogi das Cruzes, onde uma grande festa nos esperava.
E ao final do dia, nós, guardiões da Cruz, fomos privilegiados com um momento único: pudemos ter um momento de oração (e fotos, claro!). Somente nós, na Catedral já vazia, afinal já passava da meia-noite, as fes­tividades já tinham acabado, a cidade dormia. Pude abraçar e me despedir da Cruz, de Nossa Senhora, cansada pelas quase 15 horas de trabalho naquele dia, feliz por ter tido o privilégio de cuidar da Cruz, de levá-la ao povo fazendo-a seguir seu propósito, e na certeza que na continuação de sua peregrinação, trará muita alegria e esperança a to­dos nossos irmãos brasileiros que a acompanharão até nossa JMJ no Rio de Janeiro!

JAILTA CAVALCANTE
DO GRUPO JOVENS MISSIONÁRIOS EM CRISTO