domingo, 31 de outubro de 2010

Papa cria Conselho Pontifício para a Nova Evangelização

O Conselho Pontifício para a Nova Evangelização foi apresentado no dia 12 de Outubro, no Vaticano, com a publicação da Carta Apostólica de Bento XVI, sob forma de Motu Próprio, intitulada “Ubicumque et semper”.

Este organismo, que será presidido pelo arcebispo italiano Rino Fisichella (foto), pretende fazer face aos desafios que a evolução e as transformações sociais e econômicas colocam à Igreja, particularmente no que diz respeito ao anúncio da Palavra de Deus.

Na sua carta apostólica, o Papa começa por referir que “é o Primeiro Mundo que precisa de maneira específica de uma nova evangelização”.

De acordo com a Rádio Vaticano, Bento XVI aponta no documento que “a indiferença, secularismo e ateísmo alastram sobretudo nos países e nas nações do chamado Primeiro Mundo, no qual o bem estar econômico e o consumismo, embora misturado com situações terríveis de pobreza e de miséria, inspiram e sustentam uma vida vivida como se Deus não existisse”.

Para o Papa, “a indiferença religiosa e a total insignificância prática de Deus para os problemas também graves da vida não são menos preocupantes e relevantes do que o ateísmo declarado”. E mesmo a fé cristã, “embora sobreviva nalgumas suas manifestações tradicionais e rituais, tende a estar desenraizada dos momentos mais significativos da existência; o nascimento, o sofrimento e a morte”, refere.

Esta perda do sentido do sagrado, na opinião de Bento XVI, tem convivido lado a lado com as mudanças sociais que se têm verificado nas últimas décadas, e com a evolução científica e tecnológica, com a crescente interdependência entre os povos, com a globalização, que alimentaram dúvidas em áreas que pareciam indiscutíveis, como a fé, a vida em família, a lei moral natural.

O problema, segundo o Papa, não está nos benefícios resultantes da evolução, mas sim no fato do Homem parecer estar a querer ser "o único artífice do seu destino, pondo de lado aquilo que deveria ser o fundamento de todas as coisas".

D. Rino Fisichella destaca “a visão profética de Bento XVI”, que foi capaz de “olhar com realismo para o presente e para o futuro da Igreja”.

Numa intervenção publicada pelo site oficial do Vaticano, depois da apresentação do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, o prelado relembra ainda uma passagem da Carta Apostólica, onde o Papa alerta para o fato de todo este contexto estar a contribuir para “a criação de um deserto interior”, em cada homem, de um mundo onde Deus não tem lugar.

“Este é um dos motivos que levou Bento XVI a criar um departamento para a promoção da Nova Evangelização”, explica o arcebispo italiano, para quem o grande desafio da Igreja passa por “renovar o seu anúncio a tantos batizados que já não compreendem o sentido de pertença à comunidade cristã”.

Antes de mais, para D. Rino Fisichella, importa evitar que o conceito “Nova Evangelização” soe como um conceito abstrato.

“Vamos ter de enchê-lo com conteúdo pastoral e teológico, fortalecê-lo, de acordo com o magistério praticado nas últimas décadas”.

O prelado apontou como exemplos “as muitas iniciativas através das quais, durante estes anos, os bispos e as suas Igrejas, Conferências Episcopais e grupos de crentes, têm mostrado a sua sensibilidade para a questão da nova evangelização”.

Em 2012, será assinalado o vigésimo aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, e entre as atribuições que lhe estão confiadas, o Conselho Pontifício para a Nova Evangelização está a ponderar renovar aquela obra.

Considerando o Catecismo como “um dos frutos conciliares mais maduros” o arcebispo defende ser essencial “encontrar todas as formas que coloquem o progresso da comunicação ao serviço da nova evangelização”.

“O Evangelho não é um mito, mas um testemunho vivo de um evento histórico que mudou a face da história”, afirma D. Rino Fisichella, para quem o trabalho do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização só terá sucesso de conseguir, em primeiro lugar, levar aos crentes “a pessoa histórica de Jesus e os seus ensinamentos”.

Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=81960