
Com a trégua das chuvas que assolaram o Estado do Rio de Janeiro há duas semanas, as Paróquias agradecem a solidariedade dos brasileiros pela grande oferta de donativos. A visita do Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, à comunidade do Morro dos Prazeres, a Missa de Sétimo Dia em nome das vítimas e as cartas enviadas pelo Vaticano são algumas das inúmeras manifestações de apoio que ajudam no amparo à população.
O Arcebispo do Rio recebeu três cartas esta semana. Uma da instituição ADVENIAT (palavra que vem do latim e significa venha), que afirma se solidarizar com todos aqueles que foram atingidos e que espera que a “necessidade mais urgente possa ser atenuada”. A carta foi assinada pelo Monsenhor Bemd Klaschka, diretor da instituição.
Dom Claudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho da Comunicação Social, do Vaticano, também transmitiu seu afeto e seu carinho, e escreveu que “a solidariedade e a simpatia de muitos seres humanos expressam, de maneira mais evidente, a Providência de Deus, que não nos abandona”.
O Papa Bento XVI, além de enviar uma nota oficial de condolências, prestou solidariedade doando US$ 50 mil. Em carta enviada pelo Pontifícium Concilium Cor Unum, o Sumo Pontífice escreveu que deseja “estar perto das famílias que estão sofrendo e também perto de todos que generosamente estão trabalhando na operação de emergência”.
Visita e Missa para as vítimas
O Morro dos Prazeres, assistido pela Paróquia Santa Teresa de Jesus, recebeu na última terça-feira a visita de Dom Orani. O Arcebispo, acompanhado dos Padres Manuel Manangão, Vigário Episcopal para a Caridade Social, e Silmar Alves Fernandes, Pároco da Paróquia Santa Teresa de Jesus, foi até a comunidade ver a situação do local, que também já sofre com as demolições. Dom Orani enfatizou o bonito trabalho que está sendo realizado pela Igreja, e que a sociedade não pode se acomodar com relação aos problemas públicos. “Não podemos nos conformar achando que as coisas estão bem e, quando menos se espera, acontecem os acidentes em uma comunidade, que poderiam ter sido evitados.”
A presidente da associação de moradores da comunidade, Elisa Rosa, contou que a visita do Arcebispo a emocionou. “A visita de Dom Orani me comoveu, porque nós estamos precisando muito do apoio dele para dar dignidade a esse povo. A dignidade é o mínimo que o poder público pode fazer por nós, e tenho certeza que com a ajuda da Igreja isso vai acontecer.”
Elisa, que está entre as vítimas das chuvas, contou como está a sua situação no morro, condição semelhante a dos demais moradores. “Não posso voltar para a minha casa, porque ela está interditada pela Defesa Civil. Estou vivendo na casa de outras pessoas. O deslizamento aconteceu minutos antes de eu ter saído. Quase que aconteceu o pior.”
Na segunda-feira, foi celebrada na comunidade, na Capela Imaculado Coração de Maria, uma Missa de Sétimo Dia pelo falecimento das vítimas. A Celebração Eucarística, presidida pelo Padre Silmar, reuniu amigos e parentes, que lotaram a Capela. Em sua homilia, o Padre pediu a união dos presentes. “Olhando, hoje, pra toda essa situação, pessoas ainda marcadas pela dor e pela saudade, nós devemos pedir a Deus a força do seu Espírito para nos unirmos em comunidade e exigir aquilo que Deus gostaria. O que Deus espera? Uma vida mais digna, pacífica, onde haja mais justiça. Neste momento, importa é que estão todos de mãos dadas.”
Saldo positivo de doações
É expressivo o número de doações que chegaram às Paróquias de todo o Rio. Para Padre Flávio Ramos Vital, da Paróquia Nossa Senhora da Consolata, em São Cristóvão, a arrecadação está sendo positiva. “Nós mandamos vários carros de alimentos para a comunidade conhecida como CCPL, em Benfica, para a Praça da Bandeira, e cinco carros para a comunidade da Mangueira”, contou o Sacerdote, que no momento da entrevista carregava uma Kombi cheia de doações para a Rocinha.
A Paróquia colabora com várias regiões atingidas pelo temporal. A cada dois dias são enviados os donativos para alguma área. De acordo com Padre Flávio, a necessidade maior é de material de limpeza, higiene e comida.
Já na comunidade Beira-Rio, atendida pela Paróquia Santos Mártires Ungandenses e Nossa Senhora de Nazaré, Padre Nixon Bezerra informou que a maior necessidade é de alimentos. “O que mais estamos precisando é de alimentos para oferecer a essa população abrigada aqui. Nós recebemos, graças a Deus, uma solidariedade muito grande.”
Muitas casas da comunidade já passam pelo processo de demolição. A Capela Nossa Senhora dos Navegantes, que pertence à Paróquia do Padre Nixon, também será demolida. O Sacerdote está preocupado em relação às pessoas que estavam abrigadas na Capela e em casas da localidade. “A nossa maior preocupação é para onde levar essas pessoas depois. A prefeitura vai nos ajudar a construir outra Capela? Nós precisamos de garantias do poder público, da prefeitura, para que essas pessoas tenham condições de vida dignas”, desabafou.
No Morro do Borel, a assistente social Ana Paula do Carmo Nascimento, que trabalha em comunhão com a Paróquia São Camilo de Lellis e com a Capela Nossa Senhora das Graças, localizada no alto do morro, informou que o que mais se necessita no momento é material de limpeza. “Nós estamos recebendo muitas doações. Precisamos de material de higiene, mas principalmente de material de limpeza.”
De acordo com Ana Paula, que convive diariamente com a população abrigada tanto no CIEP do morro como nas casas de parentes e amigos, as vítimas se sentem reconfortadas com a ajuda da Igreja, mas a situação é muito complicada. “Eu percebo que eles se sentem de alguma forma apoiados, que eles não estão totalmente abandonados, mas é muito complicado, porque nós estamos lidando com uma perda muito grande”, contou.
Quanto mais ajuda melhor
O Brasil todo se sensibilizou e se sensibiliza com a tragédia no Rio. De acordo com o portal de notícias da Globo, G1, cerca de 130 toneladas de alimentos, água potável, material de higiene, roupas e cobertores já foram doadas para as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.
Apesar das inúmeras ajudas, as Paróquias e as comunidades continuam a pedir colaboração. As doações podem ser entregues na Paróquia mais próxima, que as encaminhará para os desabrigados.
Conheça e ajude o trabalho feito com as comunidades atingidas pelas chuvas:
Paróquia de São Jorge, em Quintino: 2596-0388
Paróquia Sagrada Família, na Taquara: 2446-5231
Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São João de Deus, em Realengo: 2301-0219
Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha: 3322-5525
Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Guaratiba: 2410-7049
Paróquia Santa Clara, em Guaratiba: 3108-1321
Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Rio Comprido: 2273-5143
Paróquia Nossa Senhora da Consolata, em São Cristóvão: 3860-5519
Paróquia Santa Teresa de Jesus, em Santa Teresa: 2224-2809
Capela São José, na Praça da Bandeira: 3872-8680
Paróquia São Camilo de Lellis, na Usina: 2238-3509
Capela Sagrada Família, na Tijuca: 2278-8710, ramais 22 ou 26
Paróquia Santos Mártires Ugandenses e Nossa Senhora de Nazaré, em Acari: 3450-0353
Paróquia Imaculada Conceição e São Sebastião, no Engenho de Dentro: 2599-9900