segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ações solidárias levam esperança às vítimas das chuvas


O temporal que atingiu o Estado do Rio
essa semana teve um volume recor-
de de chuva para um único dia, o maior em pelo menos 44 anos, e deixou municípios e famílias em alerta de emergência. De acordo com informações da Defesa Civil do estado, o número de desalojados ultrapassa os 11.439 e de desabrigados os 3.262. O órgão informou, também, que o número de mortos, até a quinta-feira, dia 8 de abril, no horário de fechamento desta edição, era de 170 pessoas. Na cidade do Rio, as comunidades do Morro do Borel, Mangueira, Beira-Rio e Jardim Maravilha foram as mais atingidas, segundo as Paróquias que prestam assistência a essas localidades. Diante da perda de casas, alimentos, roupas e familiares o único consolo que resta aos sobreviventes é a solidariedade da população.
O Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, celebrará a Missa do Domingo da Divina Misericórdia, na Catedral de São Sebastião, às 10h, em intenção das vítimas. Também nas Paróquias da cidade as missas serão celebradas nessa intenção.

Ajudas e doações
O Vigário Episcopal para a Caridade Social da Arquidiocese do Rio, Padre Manuel de Oliveira Manangão, informou que a Cáritas Arquidiocesana disponibilizou a sua conta no Banco Bradesco para receber doações. A agência é de número 0814-1 e a conta corrente 48500-4. Também foi aberta uma conta no Banco do Brasil: agência número 3114-3, conta corrente número 30.000-4. “Nessas contas vamos receber as doações que depois serão encaminhadas às Paróquias que apresentarem as situações de emergência”, explicou o Padre.
Padre Manangão informou ainda que todas as Paróquias que estão nas áreas de risco abriram as portas para receber as doações e acolher pessoas desabrigadas ou que estejam em lugares de risco. “As Paróquias no entorno da Praia da Bica, na Ilha do Governador, como a Paróquia São Sebastião que fica nesta região, as Paróquias do Alto da Boa Vista, que ficam próximas do Morro do Borel e Mangueira, e as Paróquias na área do Jardim Maravilha se colocaram disponíveis para receber as doações.”
As comunidades precisam, com urgência, de alimentos não-perecíveis, material de higiene, de limpeza, roupa de cama e colchonetes. A recomendação para a doação desses materiais é que sejam entregues na Paróquia mais próxima. O Banco da Providência e a Cáritas Arquidiocesana também estarão disponíveis para atender, receber e encaminhar essas doações às comunidades que estiverem necessitando.
O Ministério da Saúde também está mobilizado para atender a população. Foram enviadas para o Rio mais de cinco toneladas de medicamentos e insumos para atendimento aos desalojados e desabrigados. Ao todo são 52 kits, o suficiente para atender 26 mil pessoas por um período de três meses. Um esquema de atendimento foi montado também nos hospitais federais para prestar ajuda. Quanto mais contribuição, melhor.

Paróquias mobilizadas
O Morro do Borel, localizado na Zona Norte do Rio, é assistido pela Paróquia São Camilo de Lellis e, de acordo com o Pároco, Padre Zaqueu Geraldo Pinto, mais de 120 famílias estão desabrigadas e mais de dez casas desabaram. Os desabrigados foram acolhidos em um CIEP, mas o local é aberto e faz muito frio. O Padre pede que, entre as colaborações, as pessoas doem agasalhos. Precisa-se muito de alimentos, roupas, mamadeiras e fraldas, uma vez que entre os desabrigados é alto o número de crianças. “Quem puder ajudar com alimentos não-perecíveis, materiais de limpeza e de higiene pessoal, roupas e colchonetes, favor entregar nas secretarias das Paróquias São Camilo de Lelis e Nossa Senhora da Conceição, na Tijuca”, solicitou o Sacerdote. A Paróquia São Camilo de Lelis está localizada na Estrada Velha da Tijuca, 45, na Usina, e a Paróquia Nossa Senhora da Conceição na Rua Conde de Bonfim, 987, na Tijuca.
A Paróquia Santos Mártires Ugandenses e Nossa Senhora de Nazaré, em Acari, que atua na comunidade Beira-Rio, também necessita de apoio. Segundo o Padre Nixon Bezerra, só neste ano é a terceira vez que a região alaga. O rio Acari, que fica à margem da comunidade transbordou, e com isso mais de 30 famílias estão desabrigadas. A população foi levada para o galpão da igreja, e o Padre está recolhendo roupas e mantimentos do estoque da Paróquia. Para quem puder ajudar enviando donativos, a Paróquia fica na Rua Guaiuba, 130, em Acari.
A comunidade Jardim Maravilha, onde atua a Paróquia Santa Clara, possui em torno de 250 pessoas abrigadas no CIEP Posseiro Mário Vaz. Padre Jefferson Gonçalves, Pároco da comunidade, informou que os moradores tiveram que deixar totalmente as suas casas, que existem crianças doentes e que a água do esgoto se misturou com a da chuva e se alastrou por vários lugares. “O problema maior dessa população agora desabrigada é com relação ao desconforto dos alojamentos. Temos, em média, de 15 a 20 pessoas nas salas do CIEP sem colchonete, roupa de cama, entre outras coisas mais. O nosso maior pedido é justamente de colchonetes, roupas de cama, roupas em geral para essa população”, informou o Pároco.
No Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, de acordo com a assessoria de imprensa da escola de samba local, são cerca de 55 famílias desalojadas no bairro.
O Padre Flávio Ramos Vital, da Igreja Nossa Senhora Consolata, esteve na quadra da escola de samba para prestar auxílio aos necessitados. A comunidade paroquial, que já na chuva anterior, quando houve o desabamento de uma casa na região, conseguiu doações para a construção de uma nova moradia para a família, está mobilizada para prestar sua solidariedade.
“É fato que muitas casas estão na iminência de desabamento. Estamos juntos dessas famílias”, contou Padre Flávio.
Em Santa Teresa, a Paróquia de Santa Teresa está centralizando o recebimento de doações.Outras instituições católicas, como as Irmãs de Nossa Senhora da Assunção, as Irmãs Missionárias da Caridade também estão recebendo doações e encaminhando para a Paróquia. Para quem desejar enviar doações, o endereço da igreja Matriz é Rua Aúrea 71, Santa Teresa. Telefone 2224-2809. Padre Silmar Alves pede que aqueles que tenham dificuldades em levar as doações à igreja liguem para os professores Orlando – 9677-9825 e Luís Pestana – 8119-0209.

Paróquias também foram atingidas
A solidariedade manifestada pelo Sacerdote e a comunidade não é interrompida nem mesmo pela falta de solução para um problema crônico de infraestrutura, que atinge há muito tempo a Igreja Nossa Senhora Consolata. A cada temporal, a água da chuva se mistura ao esgoto e ao lixo que vêm da rua e alcança cerca de um metro de altura dentro da Paróquia. “A gente precisa de obra urgente! A obra anterior foi malfeita, de forma que, quando chove, a água desemboca dentro da Igreja e não na rua. E só a prefeitura pode resolver isso. Precisamos muito da colaboração do prefeito para resolvermos essa situação”, pediu Padre Flávio.
De acordo com o Sacerdote, a cada enchente que atinge a Paróquia, doações de alimentos e de outros materiais necessários aos moradores da região são perdidas. Aqueles que quiserem se colocar à disposição da igreja Consolata para auxílio aos desabrigados podem ligar para 3860-5519.

Da Redação, Mayara Benatti
Do Portal da Arquidiocese, Nice Affonso