sexta-feira, 11 de abril de 2014

Papa recebe comitê da JMJ Rio2013

 O Papa Francisco recebeu em audiência, no dia 7 de abril, os membros do Comitê Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro.
Em seu discurso, o Pontífice repetiu o que tinha dito ao arcebispo de Rio e presidente do COL, Cardeal Orani João Tempesta, por ocasião do Consistório, de que os brasileiros “roubaram” seu coração.

“Quando cheguei ao Brasil, no meu primeiro discurso oficial disse que queria ingressar pelo portal do imenso coração dos brasileiros, pedindo licença para bater delicadamente à sua porta e passar a semana com o povo brasileiro. Porém, ao término daquela semana, voltando para Roma, cheio de saudades, dei-me conta de que os cariocas são uns ‘ladrões’! Sim, ‘ladrões’, pois roubaram o meu coração! Aproveito a presença de vocês aqui hoje para agradecer-lhes por este ‘roubo’. Muito obrigado por terem me contagiado com o entusiasmo de vocês lá no Rio de Janeiro, e por hoje me ajudarem a ‘matar’ as saudades do Brasil.”  

DISCURSO DO PAPA

Queridos amigos,
Nove meses após a minha inesquecível viagem ao Brasil, onde fui recebido de braços abertos pelo povo carioca, sinto uma alegria especial acolhendo hoje este grupo, guiado pelo Cardeal Dom Orani Tempesta, que representa todos os que de alguma forma colaboraram na XXVIII Jornada Mundial da Juventude, tornando possível que o amor de Deus tocasse – literalmente – no coração de milhões de pessoas.
Falando de coração, tenho uma confidência a fazer-lhes: quando cheguei ao Brasil, no meu primeiro discurso oficial, disse que queria ingressar pelo portal do imenso coração dos brasileiros, pedindo licença para bater delicadamente à sua porta e passar a semana com o povo brasileiro. Porém, ao término daquela semana, voltando para Roma, cheio de saudades, dei-me conta de que os cariocas são uns “ladrões”! Sim, “ladrões”, pois roubaram o meu coração!
Aproveito a presença de vocês aqui hoje para agradecer­-lhes por este “roubo”. Muito obrigado por terem me con­tagiado com o entusiasmo de vocês lá no Rio de Janeiro, e por hoje me ajudarem a “matar” as saudades do Brasil.
Como dizia, cada um dos que estão presentes aqui representa os leigos, religiosos, sacerdotes e bispos que deram a sua con­tribuição generosa durante a Jornada. Sei que não foi fácil organizar um evento destas di­mensões. Imagino que, às vezes, houve quem pensasse que não tinha como dar certo. Por isso, como é bom poder olhar para atrás e ver que as horas de traba­lho, os sacrifícios, até mesmo os desentendimentos passageiros são pouca coisa quando compa­rados com a grandiosidade da ação de Deus sobre os nossos pobres recursos humanos. É a dinâmica da multiplicação dos pães. Quando Jesus pediu aos apóstolos que dessem de comer à multidão. Estes sabiam que isso era impossível. Porém, foram generosos. Deram ao Senhor tudo aquilo que tinham. E Jesus multiplicou os seus esforços. Não foi assim que aconteceu com a Jornada Mundial da Juventude?
Mas, não só devemos olhar para trás. Devemos, antes, olhar para o futuro, fortalecidos com a certeza de que Deus sempre multiplicará os nossos esforços. Jesus constantemente nos re­pete: “Dai-lhes vós mesmos de comer»” (Mc 6, 37). Por isso, este milagre vivido na Jornada da Ju­ventude deve se repetir todos os dias, em cada paróquia, em cada comunidade, no apostolado pes­soal de cada um! Não podemos ficar tranquilos sabendo que há ainda “tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a con­solação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida” (Exort. ap. “Evangelii gaudium”, 45). Por isso, é preciso repensar naquelas três ideias que, em certo sentido, resumem toda a mensagem da Jornada Mundial da Juventude: ide, sem medo, para servir. Devemos ser uma “Igreja em saída” (cf. ibid., 20), como discípulos missionários que não têm medo das dificulda­des, pois já vimos que o Senhor multiplica os nossos esforços, e por isso estamos sempre mais motivados em servir, doando­-nos sem reservas, cheios da alegria do Evangelho.
Queridos amigos, na rea­lização desse compromisso, olhemos para o exemplo de José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, recentemente declarado santo. Numa de suas cartas, ele escreveu: “Nada é difícil para aqueles que acalentam no co­ração e têm como fim único a glória de Deus e a salvação das almas, pelas quais não hesitam em dar a sua vida” (Carta ao padre Tiago Laynez). Pois é pela sua intercessão que lhes animo a seguir adiante, com alegria e co­ragem na bela missão de manter viva no coração dos brasileiros a chama de amor por Cristo e pela sua Igreja. Novamente agradeço a presença de vocês, e peço-lhes que nunca deixem de rezar por mim. Muito obrigado!

 Fonte: Rádio Vaticano