O Papa Francisco recebeu em audiência, no dia 7 de abril, os membros do
Comitê Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude do Rio de
Janeiro.
Em seu discurso, o Pontífice repetiu o que tinha
dito ao arcebispo de Rio e presidente do COL, Cardeal Orani João Tempesta, por
ocasião do Consistório, de que os brasileiros “roubaram” seu coração.
“Quando cheguei ao Brasil, no meu primeiro discurso
oficial disse que queria ingressar pelo portal do imenso coração dos
brasileiros, pedindo licença para bater delicadamente à sua porta e passar a
semana com o povo brasileiro. Porém, ao término daquela semana, voltando para
Roma, cheio de saudades, dei-me conta de que os cariocas são uns ‘ladrões’!
Sim, ‘ladrões’, pois roubaram o meu coração! Aproveito a presença de vocês aqui
hoje para agradecer-lhes por este ‘roubo’. Muito obrigado por terem me
contagiado com o entusiasmo de vocês lá no Rio de Janeiro, e por hoje me
ajudarem a ‘matar’ as saudades do Brasil.”
DISCURSO DO PAPA
Queridos amigos,
Nove meses após a minha inesquecível viagem ao
Brasil, onde fui recebido de braços abertos pelo povo carioca, sinto uma
alegria especial acolhendo hoje este grupo, guiado pelo Cardeal Dom Orani
Tempesta, que representa todos os que de alguma forma colaboraram na XXVIII
Jornada Mundial da Juventude, tornando possível que o amor de Deus tocasse –
literalmente – no coração de milhões de pessoas.
Falando de coração, tenho uma confidência a
fazer-lhes: quando cheguei ao Brasil, no meu primeiro discurso oficial, disse
que queria ingressar pelo portal do imenso coração dos brasileiros, pedindo
licença para bater delicadamente à sua porta e passar a semana com o povo
brasileiro. Porém, ao término daquela semana, voltando para Roma, cheio de
saudades, dei-me conta de que os cariocas são uns “ladrões”! Sim, “ladrões”,
pois roubaram o meu coração!
Aproveito a presença de vocês aqui hoje para
agradecer-lhes por este “roubo”. Muito obrigado por terem me contagiado com o
entusiasmo de vocês lá no Rio de Janeiro, e por hoje me ajudarem a “matar” as
saudades do Brasil.
Como dizia, cada um dos que estão presentes aqui
representa os leigos, religiosos, sacerdotes e bispos que deram a sua contribuição
generosa durante a Jornada. Sei que não foi fácil organizar um evento destas dimensões.
Imagino que, às vezes, houve quem pensasse que não tinha como dar certo. Por
isso, como é bom poder olhar para atrás e ver que as horas de trabalho, os
sacrifícios, até mesmo os desentendimentos passageiros são pouca coisa quando
comparados com a grandiosidade da ação de Deus sobre os nossos pobres recursos
humanos. É a dinâmica da multiplicação dos pães. Quando Jesus pediu aos
apóstolos que dessem de comer à multidão. Estes sabiam que isso era impossível.
Porém, foram generosos. Deram ao Senhor tudo aquilo que tinham. E Jesus
multiplicou os seus esforços. Não foi assim que aconteceu com a Jornada Mundial
da Juventude?
Mas, não só devemos olhar para trás. Devemos,
antes, olhar para o futuro, fortalecidos com a certeza de que Deus sempre
multiplicará os nossos esforços. Jesus constantemente nos repete: “Dai-lhes
vós mesmos de comer»” (Mc 6, 37). Por isso, este milagre vivido na Jornada da
Juventude deve se repetir todos os dias, em cada paróquia, em cada comunidade,
no apostolado pessoal de cada um! Não podemos ficar tranquilos sabendo que há
ainda “tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da
amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um
horizonte de sentido e de vida” (Exort. ap. “Evangelii gaudium”, 45). Por isso,
é preciso repensar naquelas três ideias que, em certo sentido, resumem toda a
mensagem da Jornada Mundial da Juventude: ide, sem medo, para servir. Devemos
ser uma “Igreja em saída” (cf. ibid., 20), como discípulos missionários que não
têm medo das dificuldades, pois já vimos que o Senhor multiplica os nossos
esforços, e por isso estamos sempre mais motivados em servir, doando-nos sem
reservas, cheios da alegria do Evangelho.
Queridos
amigos, na realização desse compromisso, olhemos para o exemplo de José de
Anchieta, o Apóstolo do Brasil, recentemente declarado santo. Numa de suas
cartas, ele escreveu: “Nada é difícil para aqueles que acalentam no coração e
têm como fim único a glória de Deus e a salvação das almas, pelas quais não
hesitam em dar a sua vida” (Carta ao padre Tiago Laynez). Pois é pela sua
intercessão que lhes animo a seguir adiante, com alegria e coragem na bela
missão de manter viva no coração dos brasileiros a chama de amor por Cristo e
pela sua Igreja. Novamente agradeço a presença de vocês, e peço-lhes que nunca
deixem de rezar por mim. Muito obrigado!
Fonte: Rádio Vaticano