Com uma vida dedicada à
evangelização, José de Anchieta é um exemplo para os jovens missionários. A sua
fé a confiança em Deus foram os principais motivos que o levaram a vir ao
Brasil com apenas 19 anos, destacou o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani
João Tempesta. Ele presidiu missa em ação de graças pela canonização do
“apóstolo do Brasil” na quarta-feira, 2 de abril, às 18h, na Catedral
Metropolitana de São Sebastião. O Papa Francisco deverá assinou o decreto de
canonização nesta quinta-feira, 3 de abril, depois de ter adiado em um dia a data
prevista.
Durante
a celebração, houve homenagens ao beato. O provincial da Companhia de Jesus no
Brasil, Carlos Palácio, entregou a Dom Orani uma medalha de prata comemorativa
de José de Anchieta cunhada por ocasião dos 400 anos da morte do beato, em
1997. O reitor da PUC Rio, padre Josafá Carlos da Siqueira, ressaltou o ardor
missionário que marcou a vida do novo santo. “Um homem que teve uma visão muito
grande em termo de evangelização”.
“Como ser humano era cristão e como cristão foi chamado a
servir a Deus na vida consagrada como jesuíta e como sacerdote”, destacou Dom
Orani durante a homilia. O santo também foi muito importante para a história do
Brasil. “É impossível escrever a história sem a presença de José de Anchieta”,
completou o arcebispo. Ele lembrou que o santo esteve presente em episódios de
fundação de cidades, pacificação de indígenas, questões de saúde, com as Santas
Casas de Misericórdia.
Investindo em educação, cultura e respeito às diferenças,
José de Anchieta “soube encontrar os caminhos” para anunciar o Evangelho.
“Naquele jovem agia o Senhor e por causa da fé entrou na companhia e aceitou a
vinda para cá, trabalhou incansavelmente e como evangelizador, soube aproveitar
o teatro, a música as tradições para isso. Buscou inculturar-se”.
Quando o Papa Francisco esteve no Brasil, também falou
sobre a evangelização do santo, relembrou Dom Orani. Durante a missa de envio
da Jornada Mundial da Juventude, o Pontífice citou a importância da vida de
santidade do jovem, que, como beato, foi um dos intercessores da Jornada
Mundial da Juventude. “Um grande apóstolo do Brasil, o bem-aventurado José de
Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas 19 anos! Sabem qual é o melhor
instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser
percorrido!”, disse o Santo Papa.
Evangelizar
“É muito bom ver como um jovem, na época com 19 anos, fez
a diferença”, afirmou Dom Orani. O arcebispo ressaltou que além das questões
políticas e históricas, das quais Anchieta teve participação imprescindível,
ele soube sempre priorizar um trabalho evangelizador “testemunhar cristo,
apresentar Cristo às pessoas”. E, com a sua atitude, levou o País a constituir
bases cristãs. “Trouxe os valores do Evangelho, mostrando que quem vive o
Evangelho mesmo nas crises culturais e nas dificuldades sabe fazer o bem”,
pontuou o cardeal.
É preciso, de acordo com Dom Orani, visualizar o exemplo
de Anchieta e pô-lo em prática em tempos de conflitos. “Quando se vive o
Evangelho e coloca em prática a Palavra de Deus, ela vai conduzir o nosso modo
de viver, de ser e de olhar o ser humano. José de Anchieta soube ter em seus
alicerces justamente a fé cristã e por isso ele é feliz e bem-aventurado”. Ele
lembrou ainda a preocupação do santo com as pessoas doentes. No Rio de Janeiro,
em 1582, iniciou a construção da Santa Casa de Misericórdia. “Presença da
Igreja junto ao povo que sofre”.
O reitor da PUC Rio, padre Josafá, destacou que foram
muitos os motivos que levaram à canonização de José de Anchieta, dentre os
quais causas religiosas e culturais. “Foi um religioso exemplar, um missionário
que gastou sua vida por Cristo”, destacou. No Brasil, começou um trabalho
missionário percorrendo Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia.
Processo
de canonização
A causa de Anchieta foi iniciada na Capitania da Bahia ainda em
1617, mas não foi dado segmento ao processo. Ele foi beatificado pelo então
Papa beato João Paulo II, em 22 de junho de 1980.
Nascido em 1534 em Tenerife, nas Ilhas Canárias, na
Espanha, foi um religioso fortemente ligado à evangelização no Brasil. Em 1551,
ingressou na Companhia de Jesus, chegando ao Brasil em 1553.
Teresa Fernandes
Fotos: Gustavo de Oliveira