segunda-feira, 31 de março de 2014

Presença viva da Igreja nas comunidades

 O Rio de Janeiro possui 1.132 comunidades. Todas são con­templadas com a presença da Pastoral de Favelas e 185 contam com a presença de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). De uma população de mais de 1,5 milhões de pessoas que vivem nessas regiões, 11,9 mil deixaram de conviver com risco geotécnico devido à ação das UPPS, segundo dados da UPP Social (http://bit. ly/1gCXha5).

Todas as comunidades con­tam com a assistência da Pastoral de Favelas, que auxilia os que ali residem em diversas situações. A pastoral chega às comunida­des através das paróquias, onde padres, religiosas e leigos doam suas vidas diariamente para levar uma palavra de esperança aos moradores e testemunhar a fé através de obras de caridade e promoção humana.

“Eu digo com muita clareza e muita beleza que, mesmo diante de todas as dificuldades e da vio­lência, a Igreja nunca deixou de celebrar, de rezar, de ter catequese nas comunidades carentes do Rio. Sempre estivemos presentes dentro dessas regiões, conhecidas como favelas. Fomos sempre uma atuação do Evangelho, da presen­ça de Cristo. E como cristãos, luta­mos pela garantia dos direitos hu­manos dos moradores”, afirmou o coordenador arquidiocesano da Pastoral de Favelas, monsenhor Luiz Antônio Pereira Lopes. 
                                               
                                                                     

FÉ E OBRAS
A ação da Igreja junto às comunidades carentes do Rio de Janeiro foi estruturada na época em que a população do Rio começou a criar associações de bairro por volta dos anos 70. A pastoral incentivou a criação das associações de moradores nas comunidades e formou pessoas para atuarem nesses órgãos.
O trabalho é importante não apenas de forma abstrata: nas comunidades, as paróquias fazem, na maioria das vezes, a mediação entre a população e o governo. Dessa forma, conseguem melhorias para os moradores. Um exemplo disso é a atuação da pastoral ao lon­go do processo de pacificação das comunidades do Rio.
Segundo monsenhor Luiz Antônio, a preocupação da Pastoral de Favelas, que há 37 anos atua concretamente nas regiões carentes da cidade, é de que o processo de paci­ficação vá além dos postos policiais.
“A UPP dentro das fave­las é como a presença de um batalhão de polícia. Mas não adianta apenas colocar um mini quartel dentro de uma comunidade para afirmar que uma realidade está pacificada. Por isso cobramos do governo que além de UPP haja a pre­sença do Estado oferecendo serviços públicos de primeira necessidade para a população, que garantam o acesso à mora­dia digna, à educação, à saúde, ao transporte, ao emprego”, afirmou o coordenador.
Para isso, é importante que o governo invista em infraes­trutura mais do que em força policial. Habitação, transpor­te, saúde, educação, e sanea­mento básico são primordiais. 

MEDIAÇÃO ENTRE MORADORES E ESTADO

A formação dos agentes da pastoral é feita desde o seminá­rio, na formação dos padres, que exercerão seu ministério nas co­munidade. Para os agentes pasto­rais leigos, a formação acontece através de encontros, a cada dois meses, no Colégio Padre Butinha, em Jacarepaguá.
Esses encontros são muito importantes, porque ajudam os leigos a entender que a sua mis­são não se resume às salas e mu­ros da paróquia. Seu campo de missão se estende aos conselhos comunitários. Agentes pastorais bem formados exercem ali sua cidadania cristã, tendo em vista a dignidade dos filhos de Deus.
“A Pastoral de Favelas re­presenta a Igreja nos conselhos do Estado. E a Igreja defende a dignidade humana. No que diz respeito à pacificação, defende­mos que seja um processo muito maior do que o que está aconte­cendo. Perguntamos: será que ao lado da UPP foi construída uma escola nova? Um posto de saúde novo? Não podemos achar que a pacificação vai se consolidar ape­nas com a presença ostensiva da Polícia Militar, da Força Nacio­nal, do Exército ou da Marinha. Pacificação é cidadania”, defen­deu monsenhor Luiz Antônio. 

Nathalia Cardoso
Foto: Carlos Moioli