O Rio de Janeiro possui 1.132 comunidades. Todas
são contempladas com a presença da Pastoral de Favelas e 185 contam com a
presença de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). De uma população de mais
de 1,5 milhões de pessoas que vivem nessas regiões, 11,9 mil deixaram de
conviver com risco geotécnico devido à ação das UPPS, segundo dados da UPP
Social (http://bit. ly/1gCXha5).
Todas as comunidades contam com a assistência da Pastoral
de Favelas, que auxilia os que ali residem em diversas situações. A pastoral
chega às comunidades através das paróquias, onde padres, religiosas e leigos
doam suas vidas diariamente para levar uma palavra de esperança aos moradores e
testemunhar a fé através de obras de caridade e promoção humana.
“Eu
digo com muita clareza e muita beleza que, mesmo diante de todas as
dificuldades e da violência, a Igreja nunca deixou de celebrar, de rezar, de
ter catequese nas comunidades carentes do Rio. Sempre estivemos presentes
dentro dessas regiões, conhecidas como favelas. Fomos sempre uma atuação do
Evangelho, da presença de Cristo. E como cristãos, lutamos pela garantia dos
direitos humanos dos moradores”, afirmou o coordenador arquidiocesano da
Pastoral de Favelas, monsenhor Luiz Antônio Pereira Lopes.
FÉ E
OBRAS
A ação da Igreja junto às comunidades carentes do Rio de
Janeiro foi estruturada na época em que a população do Rio começou a criar associações de
bairro por volta dos anos 70.
A pastoral incentivou a criação das associações de moradores nas comunidades
e formou pessoas para atuarem nesses órgãos.
O trabalho é
importante não apenas de forma abstrata: nas comunidades, as paróquias fazem,
na maioria das vezes, a mediação entre a população e o governo. Dessa forma,
conseguem melhorias para os moradores. Um exemplo disso é a atuação da pastoral
ao longo do processo de pacificação das comunidades do Rio.
Segundo monsenhor
Luiz Antônio, a preocupação da Pastoral de Favelas, que há 37 anos atua
concretamente nas regiões carentes da cidade, é de que o processo de pacificação
vá além dos postos policiais.
“A UPP dentro das
favelas é como a presença de um batalhão de polícia. Mas não adianta apenas
colocar um mini quartel dentro de uma comunidade para afirmar que uma realidade
está pacificada. Por isso cobramos do governo que além de UPP haja a presença
do Estado oferecendo serviços públicos de primeira necessidade para a
população, que garantam o acesso à moradia digna, à educação, à saúde, ao
transporte, ao emprego”, afirmou o coordenador.
Para isso, é
importante que o governo invista em infraestrutura mais do que em força
policial. Habitação, transporte, saúde, educação, e saneamento básico são
primordiais.
MEDIAÇÃO ENTRE MORADORES E ESTADO
A
formação dos agentes da pastoral é feita desde o seminário, na formação dos
padres, que exercerão seu ministério nas comunidade. Para os agentes pastorais
leigos, a formação acontece através de encontros, a cada dois meses, no Colégio
Padre Butinha, em Jacarepaguá.
Esses
encontros são muito importantes, porque ajudam os leigos a entender que a sua
missão não se resume às salas e muros da paróquia. Seu campo de missão se
estende aos conselhos comunitários. Agentes pastorais bem formados exercem ali
sua cidadania cristã, tendo em vista a dignidade dos filhos de Deus.
“A
Pastoral de Favelas representa a Igreja nos conselhos do Estado. E a Igreja
defende a dignidade humana. No que diz respeito à pacificação, defendemos que
seja um processo muito maior do que o que está acontecendo. Perguntamos: será
que ao lado da UPP foi construída uma escola nova? Um posto de saúde novo? Não
podemos achar que a pacificação vai se consolidar apenas com a presença
ostensiva da Polícia Militar, da Força Nacional, do Exército ou da Marinha.
Pacificação é cidadania”, defendeu monsenhor Luiz Antônio.
Nathalia Cardoso
Foto: Carlos Moioli