segunda-feira, 7 de maio de 2012

Igreja no Rio celebra 120 anos como arquidiocese



Em 27 de abril de 1892, o então Papa Leão XIII elevava a Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro à condição de arquidiocese. Para comemorar os 120 anos deste arcebispado, um Te Deum foi realizado dia 27 de abril, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no centro da cidade.
Presidida pelo arcebispo do Rio, Dom Orani João Tem­pesta, o Te Deum contou com a presença dos bispos auxiliares Dom Antonio Augusto Dias Duarte, Dom Edson de Castro Homem, Dom Nelson Fran­celino Ferreira, Dom Pedro Cunha Cruz, Dom Paulo Cezar Costa, além do monsenhor Luiz Henrique da Silva Brito – que será sagrado como novo bispo auxiliar da arquidioce­se, no dia 12 de maio –, e de diversos sacerdotes.
Durante a celebração, Dom Orani destacou a importância que a Igreja no Rio de Janeiro teve e tem para o Brasil, e lem­brou diversos trabalhos reali­zados por seus antecessores, que marcaram a história da cidade, do país e da Igreja. O arcebispo ressaltou ainda que a celebração foi um momento de louvar e agradecer a Deus pela história e pela vida do povo que faz parte da Igreja no Rio, em especial, nesse momento em que a arquidiocese vive o Ano do Discipulado, e, em breve, em que viverá o Ano da Fé, procla­mado pelo Papa Bento XVI.
“A Paróquia Nossa Senho­ra do Carmo da Antiga Sé, também conhecida só como Antiga Sé, marca uma parte da história da arquidiocese desde a chegada da família real portuguesa, por isso nós escolhemos esse templo para celebrar os 120 anos da cria­ção da Arquidiocese do Rio de Janeiro. O Rio sempre teve uma importância no Brasil, desde o início do século 16, quando começou a existir aqui a paróquia, depois a prelazia, a diocese e, depois da Repú­blica, quando se retrabalhou a Igreja no Brasil, com a criação da arquidiocese. Creio que no dia de hoje, com 120 anos, é tempo de olhar para o passado e agradecer a todos os que nos precederam, pedindo a Deus que nós consigamos respon­der aos desafios do presente e do futuro da Igreja, da so­ciedade e do Rio de Janeiro”, afirmou.
Quando foi fundada a Ci­dade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565, seu terri­tório ficou sujeito à jurisdição da Diocese de São Salvador, na Bahia, até que, pelo breve “In superemminenti militantis Ecclesiae”, do Papa Gregório XIII, de 19 de julho de 1575, foi criada a prelazia com o mesmo nome da cidade, tendo como território desde a Capitania de Porto Seguro até o Rio da Prata.
Em 16 de novembro de 1676, a bula do Papa Inocêncio XI “Romani Pontificis pasto­ralis sollicitudo” elevou a an­tiga Prelazia de São Sebastião à categoria de diocese, sufra­gânea da Sé Metropolitana da Bahia, criada na mesma data. Da Diocese do Rio de Janeiro foram posteriormente des­membradas 131 arquidioceses, dioceses, e prelazias.
Posteriormente, pela bula “Ad universas orbis ecclesias”, do Papa Leão XIII, de 27 de abril de 1892, foi reorganizada a hierarquia eclesiástica no Brasil, que até então constava de apenas um arcebispado, o de São Salvador da Bahia e de 11 bispados sufragâneos. Na ocasião foram criadas duas províncias eclesiásticas: uma com sede em São Salvador da Bahia, e a outra, o Bispado do Rio de Janeiro, elevado à ca­tegoria de Sé Metropolitana.
Revendo a história, Dom Orani fez questão de, durante a celebração, falar sobre os desafios – próprios de cada época – enfrentados pelos que o precederam e reafirmar a importância da caminhada eclesiástica realizada por Dom João Esberard, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, Dom Jaime de Barros Câmara, Dom Eugenio de Araujo Sales e Dom Eusébio Oscar Scheid – todos seus antecessores no âmbito do arcebispado arqui­diocesano.
“Creio que o primeiro desa­fio de hoje é poder aprofundar a fé do nosso povo, para que possa responder, não só teo­ricamente, mas com a vida e através do testemunho, que desejam viver em Cristo, que são cristãos e que caminham com a Igreja”, destacou Dom Orani.
Um grande desafio que se apresenta nesses 120 anos de arquidiocese é a Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013), que será realizada em julho do próximo ano. Para o arcebispo, mais do que um desafio, a JMJ Rio2013 é um momento de graça que se apresenta durante seu gover­no episcopal.
“Creio que cada arcebispo foi respondendo aos desafios que foram aparecendo duran­te sua época. Hoje, aparente­mente, a Jornada é um desafio, mas é também uma graça. É um desafio porque precisamos organizá-la, e fazemos isso com muita alegria, mas é uma graça também, pois sabemos que o Rio de Janeiro vai re­ceber aqui jovens do mundo inteiro, de todas as línguas, nações e costumes. Se a Jor­nada Mundial da Juventude é o desafio que vai marcar a história do meu ministério no Rio de Janeiro, só o tempo pode dizer, mas espero que seja uma marca positiva de evangelização da juventude”, ressaltou.
Depois da reflexão foi rea­lizado o Te Deum, e o arcebis­po do Rio deu a bênção com o Santíssimo Sacramento. No término da cerimônia, junta­mente com os bispos auxilia­res, sacerdotes, seminaristas e fiéis, Dom Orani depositou uma coroa de flores no túmulo de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti – primeiro Cardeal do Brasil e da América Latina e segundo arcebispo do Rio de Janeiro –, enterrado no subsolo da Antiga Sé, em homenagem a todos os arcebispos falecidos.
Um show de luz e som, que conta a história da cons­trução da Igreja e a chegada da família real, também fez parte da programação das co­memorações dos 120 anos da arquidiocese e pôde ser visto pelos presentes.

RAPHAEL FREIRE
FONTE HISTÓRICA: ANUÁRIO ECLESIÁSTICO DA ARQUIDIOCESE DO RIO DE JANEIRO
MATÉRIA ORIGINALMENTE PUBLICADA NO PORTAL DA ARQUIDIOCESE
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA