Em 27 de abril de 1892, o então Papa Leão XIII elevava a
Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro à condição de arquidiocese. Para
comemorar os 120 anos deste arcebispado, um Te Deum foi realizado dia 27 de
abril, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no centro da cidade.
Presidida pelo arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, o
Te Deum contou com a presença dos bispos auxiliares Dom Antonio Augusto Dias
Duarte, Dom Edson de Castro Homem, Dom Nelson Francelino Ferreira, Dom Pedro
Cunha Cruz, Dom Paulo Cezar Costa, além do monsenhor Luiz Henrique da Silva
Brito – que será sagrado como novo bispo auxiliar da arquidiocese, no dia 12
de maio –, e de diversos sacerdotes.
Durante a celebração, Dom Orani destacou a importância que a
Igreja no Rio de Janeiro teve e tem para o Brasil, e lembrou diversos
trabalhos realizados por seus antecessores, que marcaram a história da cidade,
do país e da Igreja. O arcebispo ressaltou ainda que a celebração foi um
momento de louvar e agradecer a Deus pela história e pela vida do povo que faz
parte da Igreja no Rio, em especial, nesse momento em que a arquidiocese vive o
Ano do Discipulado, e, em breve, em que viverá o Ano da Fé, proclamado pelo
Papa Bento XVI.
“A Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, também
conhecida só como Antiga Sé, marca uma parte da história da arquidiocese desde
a chegada da família real portuguesa, por isso nós escolhemos esse templo para
celebrar os 120 anos da criação da Arquidiocese do Rio de Janeiro. O Rio
sempre teve uma importância no Brasil, desde o início do século 16, quando
começou a existir aqui a paróquia, depois a prelazia, a diocese e, depois da
República, quando se retrabalhou a Igreja no Brasil, com a criação da
arquidiocese. Creio que no dia de hoje, com 120 anos, é tempo de olhar para o
passado e agradecer a todos os que nos precederam, pedindo a Deus que nós
consigamos responder aos desafios do presente e do futuro da Igreja, da sociedade
e do Rio de Janeiro”, afirmou.
Quando foi fundada a Cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro, em 1565, seu território ficou sujeito à jurisdição da Diocese de São
Salvador, na Bahia, até que, pelo breve “In superemminenti militantis
Ecclesiae”, do Papa Gregório XIII, de 19 de julho de 1575, foi criada a
prelazia com o mesmo nome da cidade, tendo como território desde a Capitania de
Porto Seguro até o Rio da Prata.
Em 16 de novembro de 1676, a bula do Papa Inocêncio XI “Romani
Pontificis pastoralis sollicitudo” elevou a antiga Prelazia de São Sebastião
à categoria de diocese, sufragânea da Sé Metropolitana da Bahia, criada na
mesma data. Da Diocese do Rio de Janeiro foram posteriormente desmembradas 131
arquidioceses, dioceses, e prelazias.
Posteriormente, pela bula “Ad universas orbis ecclesias”, do
Papa Leão XIII, de 27 de abril de 1892, foi reorganizada a hierarquia
eclesiástica no Brasil, que até então constava de apenas um arcebispado, o de
São Salvador da Bahia e de 11 bispados sufragâneos. Na ocasião foram criadas
duas províncias eclesiásticas: uma com sede em São Salvador da
Bahia, e a outra, o Bispado do Rio de Janeiro, elevado à categoria de Sé
Metropolitana.
Revendo a história, Dom Orani fez questão de, durante a
celebração, falar sobre os desafios – próprios de cada época – enfrentados
pelos que o precederam e reafirmar a importância da caminhada eclesiástica
realizada por Dom João Esberard, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque
Cavalcanti, Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, Dom Jaime de Barros Câmara,
Dom Eugenio de Araujo Sales e Dom Eusébio Oscar Scheid – todos seus
antecessores no âmbito do arcebispado arquidiocesano.
“Creio que o primeiro desafio de hoje é poder aprofundar a
fé do nosso povo, para que possa responder, não só teoricamente, mas com a
vida e através do testemunho, que desejam viver em Cristo, que são cristãos e
que caminham com a Igreja”, destacou Dom Orani.
Um grande desafio que se apresenta nesses 120 anos de
arquidiocese é a Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013), que será realizada
em julho do próximo ano. Para o arcebispo, mais do que um desafio, a JMJ
Rio2013 é um momento de graça que se apresenta durante seu governo episcopal.
“Creio que cada arcebispo foi respondendo aos desafios que
foram aparecendo durante sua época. Hoje, aparentemente, a Jornada é um
desafio, mas é também uma graça. É um desafio porque precisamos organizá-la, e
fazemos isso com muita alegria, mas é uma graça também, pois sabemos que o Rio
de Janeiro vai receber aqui jovens do mundo inteiro, de todas as línguas,
nações e costumes. Se a Jornada Mundial da Juventude é o desafio que vai
marcar a história do meu ministério no Rio de Janeiro, só o tempo pode dizer,
mas espero que seja uma marca positiva de evangelização da juventude”,
ressaltou.
Depois da reflexão foi realizado o Te Deum, e o arcebispo
do Rio deu a bênção com o Santíssimo Sacramento. No término da cerimônia, juntamente
com os bispos auxiliares, sacerdotes, seminaristas e fiéis, Dom Orani
depositou uma coroa de flores no túmulo de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque
Cavalcanti – primeiro Cardeal do Brasil e da América Latina e segundo arcebispo
do Rio de Janeiro –, enterrado no subsolo da Antiga Sé, em homenagem a todos os
arcebispos falecidos.
Um show de luz e som, que conta a história da construção da
Igreja e a chegada da família real, também fez parte da programação das comemorações
dos 120 anos da arquidiocese e pôde ser visto pelos presentes.
RAPHAEL FREIRE
FONTE HISTÓRICA: ANUÁRIO ECLESIÁSTICO DA ARQUIDIOCESE DO RIO
DE JANEIRO
MATÉRIA ORIGINALMENTE PUBLICADA NO PORTAL DA ARQUIDIOCESE
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA