terça-feira, 25 de março de 2014

Um ano com Francisco



 O Papa Francisco completou um ano de Pontificado no dia 19 de março, e continua a testemunhar uma Igreja alegre, vibrante e atenta às necessidades dos novos tempos
 Abraços e apertos de mão nas saudações aos fiéis na Praça de São Pedro; atenção especial às crianças, jovens, enfermos e pobres; sorriso nos lábios. Estas características marcaram o primeiro ano do pontificado de Francisco e mostraram que o Sumo Pontífice continua a aprofundar valores essenciais, como a caridade e a humildade, e encanta a todos com sua postura espontânea e simples.
No dia 19 de março de 2013, o Papa Francisco celebrava a missa de abertura de seu pontificado. Diante da Praça de São Pedro lotada de fiéis e na presença de centenas de chefes de Estado e autoridades civis, o Papa denun­ciou o engano de encarar o assu­mir um cargo como conquista de poder.
“Jamais nos esqueçamos de que o verdadeiro poder é o ser­viço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos”, disse.

COMO SÃO JOSÉ, SEJAMOS GUARDIÕES
Na homilia, Papa Francisco também indicava algo que teste­munharia com a sua própria vida nos meses seguintes: que todos são chamados a serem guardi­ões e de cuidar uns dos outros, especialmente os que “muitas vezes estão na periferia do nosso coração”, e da criação inteira.
Porém para “cuidar” é neces­sária uma virtude cristã impor­tante: a ternura! “Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura”, reforça a frase que se tornou célebre.
Também foi a primeira vez que o Papa falou sobre esperança alegre e missionária do fiel, que deve ser vivida e testemunhada em todos os momentos.
“Perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o hori­zonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da espe­rança!”, disse.

UMA ARQUIDIOCESE QUE AMA O PAPA FRANCISCO
Destino da primeira viagem internacional do Papa Francis­co, o Rio de Janeiro e os cariocas conquistaram, ou melhor, “rou­baram” o coraçãodo Pontífice, como ele mesmo contou ao arce­bispo Dom Orani João Tempesta, que já afirmou a recíproca ser verdadeira.
“Nós rezamos pelo Papa Fran­cisco para que Deus continue iluminando-o e fortalecendo-o nessa missão que ele recebeu. Estamos rezando para que Deus dê saúde e força em todas as lutas necessárias, e também pedindo a Deus, para que ele possa sempre contar com a nossa comunhão e a nossa unidade”, declarou Dom Orani.
O jeito pastoral de Francis­co inspira uma nova geração de seminaristas, preocupados com o testemunho de vida e em estar com o povo, espe­cialmente quando forem or­denados sacerdotes e enviados à missão.
Para o seminarista do Semi­nário Propedêutico Rainha dos Apóstolos, Peterson de Almei­da Figueiredo, duas caracterís­ticas do Santo Padre inspiram sua caminhada vocacional: “a humildade que dedica a todos ao seu redor e o estar junto com o povo, caminhando junto, não levando em si vaidades ou interesses”.
O seu sorriso e seu olhar doce e direto a que dirige a to­dos que encontra também são marcas que atingem a prepara­ção vocacional do seminarista Ian Costa Valentim. O que ele faria se pudesse encontrar o Papa? “Ah, eu daria um abraço nele e o agradeceria por esse exemplo tão grandioso que ele testemunha de Nosso Senhor”, respondeu.

PRIMEIRO ANO COM DOIS PAPAS
Desde que renunciou em fevereiro do ano passado, o Papa emérito Bento XVI tem procu­rado viver uma vida pacata e reservada no mosteiro Mater Ecclesiae, nos Jardins do Vati­cano. Porém, inúmeros foram os sinais de respeito, admiração e colaboração mútuos. Os dois mantêm conta­to por telefone, pessoalmente e através de cartas e notas.
A última demonstração pública do afeto nascido entre eles ocorreu na ceri­mônia do primei­ro Consistório do Papa Francisco, em que Bento XVI esteve presente a convite pessoal de Jorge Bergoglio.
Segundo matéria publicada na agência de notícias Zenit, um outro exemplo da proximidade entre eles foi divulgado recente­mente pelo monsenhor Georg Gaenswein, secretário pessoal de Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia. O homem que serve aos dois Papas disse à emissora alemã ZDF que Francisco tinha lhe dado uma primeira cópia da entrevista divulgada no mundo todo em uma revista jesuíta.
“Leve isso ao Papa Bento. Você vai ver que a primeira página após o conteúdo está vazia. Papa Bento deve escrever lá tudo o que consi­derar, em forma de crítica, quando ler e então enviar-me de volta”, havia dito o Papa Francisco.
“Três dias de­pois, ele me disse: ‘Eu tenho quatro pá­ginas aqui em uma carta. Por favor, dê esta carta ao Papa Francisco”, lembrou Gaenswein. “Ele fez a lição de casa; leu e, de acordo com o pedido do seu sucessor, Bento XVI, de fato, ofere­ceu alguns pensamentos e algumas observações sobre certos comentá­rios ou certas questões onde achava que algo a mais pudesse ser dito em outro lugar”, afirmou.
FABÍOLA GOULART (fabiolagoulart@testemunhodefe.com.br)

FOTOS: RÁDIO VATICANO