A
segunda palestra da manhã do Curso para Bispos desta terça-feira foi ministrada
pelo Cardeal João Brás de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de
Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica. Ele falou sobre o Decreto do
Concílio Vaticano II “Perfectae Caritatis”, sobre a renovação da vida
consagrada.
Dom João iniciou sua
conferência relembrando a Jornada Mundial da Juventude que, segundo ele, foi
“um verdadeiro fenômeno”. E agradeceu à Arquidiocese do Rio: “renovamos nossa
gratidão especialmente à Igreja no Rio, que carregou o peso maior da construção
do evento, com suas inevitáveis surpresas”, disse.
Em seguida, falou
sobre o impulso que o Concílio Vaticano II deu à vida consagrada, iniciando um
caminho de renovação dessa experiência.
O prefeito da
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida
Apostólica, fez uma leitura do caminho de reflexão do magistério da Igreja ao
longo desses 50 anos após o Concílio Vaticano II. Para ele, os documentos da
Igreja que tratam sobre o tema, deixam claro que não existe contraposição entre
a dimensão hierárquica e a dimensão carismática.
E citou o Beato João
Paulo II, que em 1998 afirmou em sua mensagem aos participantes do Congresso
Mundial dos Movimentos Eclesiais, realizado em Roma: “Ambas são co-essenciais à
constituição divina da Igreja, fundada por Jesus, porque concorrem juntas para
tornar presentes o mistério de Cristo e a Sua obra salvífica no mundo. Juntas,
além disso, tem em vista renovar, segundo seus modos próprios, a
autoconsciência da Igreja, que se pode dizer, em certo sentido, ela mesma
movimento, enquanto acontecimento no tempo e no espaço, da missão do Filho, por
obra do Pai no poder do Espírito Santo”.
Testemunho de vida
Diante dos desafios
que a sociedade atual impõe à Igreja, o Cardeal Aviz ressaltou que hoje, mais
do que nunca, a presença da mulher consagrada e do homem consagrado na Igreja e
no mundo precisa ser um testemunho para a sociedade, que convida a não ter medo
de ser feliz.
“O consagrado e a
consagrada devem ser eles mesmos pessoas humanamente felizes e realizadas,
testemunhando com autenticidade que seguir Deus e viver o Evangelho realizam as
pessoas”, frisou.
Para Dom Gregório
Paixão, bispo de Petrópolis, o Cardeal Cardeal João Brás de Aviz em sua
conferência trouxe um novo foco sobre a vida consagrada, num momento de
transformação dessa experiência. “Sabendo que as nossas dioceses contam com os
consagrados, sabendo que precisamos desse testemunho, porque os religiosos são
aqueles mais disponíveis à missão, especialmente em regiões como a Amazônia e
os estados do Nordeste do país, Dom Aviz destacou a importância do acolhimento
da vida religiosa por parte dos bispos e da ajuda que devem dar ao
aprofundamento da reflexão e formação nesse tempo histórico”, disse.
Renovação com continuidade
E como viver a
renovação da vida e da disciplina da vida religiosa, conforme propôs o Concílio
Vaticano II há 50 anos?
“Repropondo um
contínuo retorno às fontes da vida cristã, a inspiração primitiva e original
dos institutos e adaptação às novas condições dos tempos”, respondeu o Cardeal,
que ainda apresentou 10 pontos importantes que devem ser levados em
consideração, segundo o espírito do Decreto “Perfectae Caritatis”:
1. Fazer do
seguimento de Cristo proposto no evangelho a regra suprema.
2. Conhecer e
observar fielmente o espírito e as intenções específicas dos fundadores, como
também as sãs tradições.
3. Participar da vida
da Igreja favorecendo as iniciativas e as intenções da Igreja local em matéria
bíblica, litúrgica, dogmática, pastoral, ecumênica, missionária e social.
4. Informar os
membros sobre as condições dos homens e da época, das necessidades da Igreja
para julgar e se inserir com sabedoria.
5. Promover antes de
tudo a renovação espiritual que deve ter sempre a primazia.
6. Adaptar-se por
toda a parte, mas especialmente nos territórios de missão, às condições físicas
e psíquicas de hoje, dos membros, às necessidades do apostolado e às exigências
da cultura, às circunstâncias sociais e econômicas.
7. Cultivar o
espírito de oração, indo às fontes da espiritualidade cristã.
8. Em primeiro lugar
ter todos os dias em mãos a Sagrada Escritura.
9. Celebrar de
coração e boca a sagrada liturgia, sobretudo o mistério eucarístico.
10. Alimentados pela
Palavra e pela Eucaristia, amar os irmãos, respeitar e estimar os pastores com
espírito filial, viver e sentir mais e mais com a Igreja, dedicando-se inteiramente
à sua missão.
Andréia
Gripp
andreiagripp@testemunhodefe.com.br
Foto: Gustavo de Oliveira