Confira a entrevista que a agência católica internacional ZENIT fez com o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, que em 12 de janeiro foi nomeado cardeal pelo Sumo Pontífice, o Papa Francisco.
Orani João Tempesta nasceu no dia 23 de junho de 1950, na cidade São José do Rio Pardo, interior do estado de São Paulo, filho de Achille Tempesta e de Maria Bárbara de Oliveira.Religioso da Ordem Cisterciense, cursou Filosofia no Mosteiro de São Bento,
ZENIT: A Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 despertou ainda mais a atenção
para a Igreja no Brasil. O que as pessoas esperam dos católicos brasileiros?
D. Orani: A JMJ Rio2013 deu
grande visibilidade para os católicos. Esperamos que continue o espírito do
acolhimento, de boa participação, de crescimento na fé. Todos nós esperamos um
mundo melhor, construído por todos os setores da sociedade. A JMJ deixou esse
legado de convivência fraterna, solidariedade, alegria, paz e união, segundo os
valores do Evangelho. Os católicos devem dar este exemplo como discípulos
missionários de Cristo.
ZENIT: O Pontificado do
Papa Francisco chama a atenção para a dimensão da pobreza. Como explicar a
dimensão do social, especialmente para a América Latina tão ferida pela
Teologia da Libertação?
D. Orani: O Papa tem falado
que todo trabalho social vem do amor a Deus e ao próximo. O trabalho social é
uma consequência deste amor ao próximo. Uma verdadeira teologia da libertação
faz ver as injustiças, mas vai em missão na promoção social, levando-nos a
concretizar essa dimensão social.
ZENIT: Em diversos
países percebe-se um novo despertar da Igreja Católica. Como o senhor vê este
tempo da Igreja?
D. Orani: É tempo de missão,
de conversão, de nova vida e cruz. Ir anunciar o Evangelho, fazer discípulos,
construir novo mundo e, se preciso, morrer com e por Cristo. O tempo que
vivemos agora é da igreja proativa, que sai a frente, chamando atenção para
corrigir as coisas, pautar a sociedade. Os desafios do mundo desigual. É para
isso que o Papa desperta as pessoas.
ZENIT: O Ano da fé
chegou ao fim. E agora?
D. Orani: O Ano da Fé foi
uma oportunidade que o Papa Bento XVI colocou para aprofundar a fé e chamar as
pessoas q ter esta experiência intensamente. Despertou muitas iniciativas,
aprofundamentos, conhecimento, vivência. Desejamos vivamente que o Ano da Fé
não tenha sido ocasião para a simples passagem de uma reflexão a outra, ou de
um ano temático ao outro. Desejamos que as sementes plantadas no Ano da Fé
possam, sim, dar frutos, regadas pela água viva da caridade, a fim de que, de
virtude em virtude possamos crescer sempre mais, até atingirmos o estado de
“homens perfeitos”, homens e mulheres à estatura da maturidade de Cristo.
ZENIT: O Papa Francisco
convocou a 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos cujo tem é:
"Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização. É
possível nomear o maior desafio da pastoral da família?
D. Orani: O desafio é nesta
sociedade de mudança fortalecer os laços familiares, ajudar as famílias a ser
formadora de pessoas que construam a sociedade. Queremos famílias enraizadas
nos valores evangélicos, que geram filhos no amor, que se amam mutuamente e
transbordam este amor para toda a sociedade.
ZENIT: Quais mudanças
podemos esperar do Cardeal Orani João Tempesta?
D. Orani: Temos muito
trabalho no Rio. Estou à disposição para todos pedidos do Papa Francisco. O
trabalho na arquidiocese do Rio continua o mesmo, mas vou atender as demandas
do Papa sempre que ele quiser para as reuniões no Vaticano.
ZENIT
Foto: Gustavo de Oliveira