Depois da Jornada Mundial da
Juventude Rio2013 (JMJ), retorna à Cidade Maravilhosa o presidente da Fundação
João Paulo II, o italiano Marcello Bedeschi, que permanecerá na cidade até o
final do mês de outubro. Entre suas atividades, Bedeschi visitou a exposição “A
Herança do Sagrado”, e ali concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal
Testemunho de Fé, falando sobre o trabalho desenvolvido na fundação, sua
participação nas jornadas, o diferencial da JMJ no Rio de Janeiro, e alguns dos
preparativos para a canonização do Beato João Paulo II, em 27 de abril de 2014,
no Vaticano.
Testemunho
de Fé (TF) - Qual o trabalho desenvolvido pela Fundação João Paulo II?
Marcello Bedeschi - Depois de termos feito a Jornada Mundial da Juventude, em 1991, em
Czestochowa, na Polônia, nasceu a Fundação João Paulo II, com o objetivo de
auxiliar na organização das jornadas. As primeiras duas jornadas mundiais da
juventude não tinham bem uma organização, então pensamos em fazer uma
associação que as apoiasse, e disso nasceu essa organização para as jornadas.
TF - Como foi sua experiência com o beato
João Paulo II?
Marcello Bedeschi - Na época em
que eu era estudante, tive a oportunidade de conhecê-lo em Cracóvia, na
Polônia. Assim, pude observar o belo trabalho que Karol Wojtyla, depois Papa
João Paulo II, desenvolvia com os jovens. Comecei a me encantar por ele, vendo
que sua missão era especial.
TF - Qual sua emoção por ter participado de
todas as jornadas?
Marcello Bedeschi - Para mim, a criação da Jornada Mundial da Juventude foi uma das
iniciativas mais interessantes partidas de um Pontífice. É suficiente lembrar
que, nos anos de 1988 a
1990, havia uma grande dificuldade da Igreja em se aproximar do jovem. Então, o
Papa João Paulo II, à luz de sua experiência com os jovens, teve a ideia de
propor esse encontro de proximidade, de levá-los para fazer essa jornada.
Recordo-me que, em 1983, o Papa João Paulo II lançou um jubileu extraordinário
em Roma, chamado de Jubileu da Redenção, e no âmbito dessa iniciativa desejou
ter um encontro próximo com os jovens. Muitos bispos e autoridades eclesiais
da Igreja achavam que não teriam sucesso. Porém, aconteceu o contrário, tendo
um resultado esplendoroso, reunindo jovens do mundo inteiro. A partir de então,
a Jornada Mundial da Juventude acontece anualmente em âmbito diocesano,
celebrada no Domingo de Ramos e, com intervalos que podem variar entre dois e
três anos, são feitos os grandes encontros internacionais.
TF - Como descreve a JMJ Rio2013?
Marcello Bedeschi - Quando fizemos a primeira Jornada Mundial da Juventude fora da
Itália, na cidade de Buenos Aires, na Argentina, em 1987, constatamos de
verdade que na América Latina temos uma Igreja viva, com muitos jovens
dispostos a participar. Depois disso, realizamos jornadas ao redor do mundo,
como em Santiago de Compostela, na Espanha; Denver, nos Estados Unidos; Manila,
nas Filipinas; Paris, na França, e outros lugares. Já era mais que chegada a
hora de retornar aos países latinos. Assim, o Papa emérito Bento XVI escolheu a
cidade do Rio de Janeiro para sediar o evento. A JMJ Rio2013 aconteceu no tempo
certo, de uma maneira mágica e ainda sendo o atual Papa latino. Por isso tenho
certeza, Deus escreve certo por linhas tortas.
TF - Como estão os preparativos para a canonização
do Papa João Paulo II?
Marcello Bedeschi - Vamos publicar os escritos do
Papa João Paulo II durante todas as jornadas da juventude. E iremos oferecer
bolsas de estudo para jovens estudantes de teologia que queiram se aprofundar
no carisma do Papa João Paulo II. A primeira iniciativa foi fazer a relíquia
com o sangue do beato. Enfim, ele vai se tornar santo.
IGOR MARQUES
igor@testemunhodefe.com.br
Foto: Gustavo de Oliveira