sábado, 26 de outubro de 2013

Uma Igreja em permanente estado de missão

Depois da Jornada Mundial da Juventude Rio2013 (JMJ), retorna à Cidade Maravilhosa o presidente da Fundação João Paulo II, o italiano Marcello Bedeschi, que permanecerá na cidade até o final do mês de outubro. Entre suas atividades, Bedeschi visitou a exposição “A Herança do Sagrado”, e ali concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal Testemunho de Fé, falando sobre o trabalho desenvolvido na fundação, sua participação nas jornadas, o diferencial da JMJ no Rio de Janeiro, e alguns dos preparativos para a canonização do Beato João Paulo II, em 27 de abril de 2014, no Vaticano.

Testemunho de Fé (TF) - Qual o trabalho desenvolvido pela Fundação João Paulo II?
Marcello Bedeschi - Depois de termos feito a Jornada Mundial da Juventude, em 1991, em Czes­tochowa, na Polônia, nasceu a Fundação João Paulo II, com o ob­jetivo de auxiliar na organização das jornadas. As primeiras duas jornadas mundiais da juventude não tinham bem uma organiza­ção, então pensamos em fazer uma associação que as apoiasse, e disso nasceu essa organização para as jornadas.

TF - Como foi sua experiên­cia com o beato João Paulo II?
Marcello Bedeschi - Na época em que eu era estudante, tive a oportunidade de conhecê-lo em Cracóvia, na Polônia. Assim, pude observar o belo trabalho que Karol Wojtyla, depois Papa João Paulo II, desenvolvia com os jovens. Comecei a me encantar por ele, vendo que sua missão era especial.

TF - Qual sua emoção por ter participado de todas as jornadas?
Marcello Bedeschi - Para mim, a criação da Jornada Mundial da Juventude foi uma das iniciativas mais interessantes partidas de um Pontífice. É suficiente lembrar que, nos anos de 1988 a 1990, havia uma grande dificuldade da Igreja em se aproximar do jovem. Então, o Papa João Paulo II, à luz de sua experiência com os jovens, teve a ideia de propor esse encontro de proximidade, de levá-los para fazer essa jornada. Recordo-me que, em 1983, o Papa João Paulo II lançou um jubileu extraordinário em Roma, chama­do de Jubileu da Redenção, e no âmbito dessa iniciativa desejou ter um encontro próximo com os jovens. Muitos bispos e autorida­des eclesiais da Igreja achavam que não teriam sucesso. Porém, aconteceu o contrário, tendo um resultado esplendoroso, reunindo jovens do mundo inteiro. A partir de então, a Jornada Mundial da Juventude acontece anualmente em âmbito diocesano, celebrada no Domingo de Ramos e, com intervalos que podem variar entre dois e três anos, são feitos os grandes encontros interna­cionais.

TF - Como descreve a JMJ Rio2013?
Marcello Bedeschi - Quando fizemos a primeira Jornada Mundial da Ju­ventude fora da Itália, na cidade de Buenos Aires, na Argentina, em 1987, constatamos de verdade que na América Latina te­mos uma Igreja viva, com muitos jovens dispostos a participar. Depois disso, realizamos jornadas ao redor do mundo, como em Santiago de Compostela, na Espanha; Denver, nos Estados Unidos; Mani­la, nas Filipinas; Paris, na França, e outros lugares. Já era mais que chegada a hora de retornar aos países latinos. Assim, o Papa emérito Bento XVI escolheu a cidade do Rio de Janeiro para sediar o evento. A JMJ Rio2013 aconteceu no tempo certo, de uma maneira mágica e ainda sendo o atual Papa latino. Por isso tenho certeza, Deus escreve certo por linhas tortas.

TF - Como estão os prepa­rativos para a canonização do Papa João Paulo II?
Marcello Bedeschi - Vamos publicar os escritos do Papa João Paulo II durante todas as jornadas da juventude. E iremos oferecer bolsas de estudo para jovens es­tudantes de teologia que queiram se aprofundar no carisma do Papa João Paulo II. A primeira iniciativa foi fazer a relíquia com o sangue do beato. Enfim, ele vai se tornar santo.

IGOR MARQUES

igor@testemunhodefe.com.br

Foto: Gustavo de Oliveira