Depois de dois anos como responsável pela peregrinação dos símbolos da
Jornada Mundial da Juventude no Regional Leste 1 da CNBB, padre Jefferson
Merighetti se emocionou no dia da despedida, 13 de outubro. Os símbolos
seguiram para o Vaticano junto com a relíquia do Beato João Paulo II. De lá
serão levados, no Domingo de Ramos, para a Polônia, sede da próxima JMJ.
Testemunho de Fé – O que representou
para o Brasil a visita dos símbolos?
Padre Jefferson Merighetti - O Brasil foi
envolvido por uma espiritualidade muito forte da Cruz, e mais de 50 milhões de
pessoas tiveram essa experiência. Os símbolos da jornada nesses dois anos
fizeram uma passagem única, histórica. Por diversos fatores, a peregrinação no
Brasil foi inigualável: pela extensão tanto territorial como de tempo, pela
participação e receptividade dos fiéis, pela diversidade dos ambientes por onde
passou.
TF - O que representou conduzir esses
símbolos por todo o Brasil?
Padre Jefferson - A peregrinação dos símbolos
mudou a minha vida. Foram dois anos acompanhando esses símbolos pelos estados.
Vivi em muitos lugares momentos fortíssimos, ao ver o ser humano sendo tocado
por Deus. Meu sacerdócio foi edificado com essa peregrinação. Eu sou uma pessoa
muito mais feliz hoje, porque através dos símbolos eu me encontrei com o ser
humano. E me encontrando com o ser humano, me encontrei com Cristo. Eu sou profundamente
grato a diversos órgãos, diversas autoridades civis, militares, governos e
tantas pessoas que possibilitaram que, do Oiapoque ao Chuí, o Brasil vivesse
essa experiência de peregrinação dos símbolos.
TF - O que você destacaria nesses dois
anos de peregrinação?
Padre Jefferson - Eu vi atitudes heróicas para
levar os símbolos aos rincões da Amazônia e no Norte, no Nordeste, no Sul...
verdadeiras aventuras para que ninguém fosse esquecido. Em populações ribeirinhas,
presídios, cracolândias, e tantos lugares onde o ser humano está escravo de
coisas ruins, as pessoas queriam de todas as formas levar esses símbolos. E
levaram. Isso marcou muito as nossas dioceses, os muitos municípios, os órgãos
federais... Pessoas de outras crenças, pessoas descrentes, pessoas intolerantes
à fé, à religião, eram surpreendidas pelos símbolos. E eu sou testemunha disso.
TF - E qual foi a importância da
peregrinação dos símbolos para os jovens?
Padre
Jefferson - A juventude, com os símbolos, se tornou muito mais protagonista.
Isso é um mote que, desde o início, como diretor da Pré-Jornada, eu levantei.
Passei por bastante dificuldade para que o jovem fosse protagonista. E foi.
Durante essas peregrinações, nós vimos o jovem, claro que com o apoio de muitos
adultos, com o apoio de muitas instituições, exercer a liderança ao falar de
Deus e conduzir as pessoas a Deus. Viver a experiência de Deus. E isso mexeu
com muitos outros jovens que não tinham essa experiência. É por isso que marcou
tanto a Igreja e a sociedade civil: porque se viram jovens iluminados, com
conteúdo, com vida e com alegria, que tinham garra, que tinham perseverança. E
as pessoas diziam: “Mas o que é que esses jovens estão ganhando? Por que estão
se dedicando tanto assim?”. E quando se deparavam com a gratuidade, com a
alegria, com a doação, com o voluntariado, ficavam edificados. Esta é a
surpresa dos símbolos. Então, o que eu destaco muito é o protagonismo juvenil.
O Brasil pode viver muito mais na alegria de ser uma sociedade harmônica
quando o jovem tem seu espaço, tem seu direito, tem seu dever a ser cumprido. E
os símbolos ajudaram nisso.
TF - Qual o sentimento que fica nesse
momento de despedida?
Padre
Jefferson - É com alegria que a gente termina essa etapa. Ao mesmo tempo com
saudade, com pesar. Porque é uma despedida. E despedida pesa um pouco no
coração, não é? Mas esses símbolos, para mim, têm um valor personificado,
digamos. Para mim, Deus tocou profundamente nesse ícone, nessa cruz. E para
mim isso tem um significado muito especial. Como Dom Orani falou, os símbolos
vêm, os símbolos vão. Então, eu sei que muitos outros símbolos vão passar pela
minha história, e de tantas outras pessoas, mas são delicadezas de Deus que vão
marcando nossa vida, vão marcando a nossa história em cada etapa e deixando ali
o rastro do divino em nossa humanidade.
São dois anos
que vou guardar para o resto da vida no meu coração. E tudo o que eu puder
partilhar sobre essa experiência, eu vou partilhar, porque fui muito feliz e
sou ainda mais feliz agora.
NATHALIA CARDOSO
nathalia@testemunhodefe.com.br
COLABORAÇÃO:
ANDRÉIA GRIPP E RAPHAEL FREIRE (WEBTV REDENTOR)
Foto:
Gustavo de Oliveira