Cruz foi recolocada na Praça
Pio X para recordar a chacina de 1993
No dia 30 de setembro, foi
realizado um Ato de Desagravo em frente à Igreja Nossa Senhora da Candelária,
na Praça Pio X, no centro do Rio. O objetivo foi reparar o ato de vandalismo
que aconteceu na madrugada do dia 25 de setembro, quando a cruz que estava há
20 anos no local foi arrancada e destruída.
Durante o ato, foi realizada a
recolocação de uma nova cruz em memória de todas as vítimas da Chacina da
Candelária, quando oito crianças e adolescentes foram assassinados em julho de
1993. O evento foi promovido pela Associação Beneficente Amar, pelo Movimento
Candelária Nunca Mais e por diversas entidades civis.
“Lutamos para que a Chacina da
Candelária não seja esquecida, buscando denunciar a violência contra crianças e
adolescentes, porque lembrar é reagir, esquecer é permitir”, afirmou Fatima
Silva, integrante do Movimento Candelária Nunca Mais.
Para o desembargador do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro, Siro Darlan, o mês de outubro é oportuno para
recordar a importância da valorização das crianças.
“Queremos que ressurja na sociedade
o respeito pelas crianças e adolescentes, pelos seus direitos e cidadania. A
sociedade precisa mudar, porque se não respeita as suas crianças está
construindo um mundo cada vez mais violento, porque elas crescem, reagem e
viram adultos violentos se são tratados com violência”, destacou o
desembargador.
Este ano, durante a Jornada Mundial
da Juventude Rio2013, o Papa Francisco também disse ‘Candelária nunca mais’ no
encontro com oito jovens privados de liberdade, dia 26 de julho, no Palácio
Episcopal São Joaquim, na Glória. O Papa abençoou um rosário que continha
nomes de vítimas de chacinas e que, a partir de agora, será utilizado nas
celebrações, caminhadas e vigílias.
“A VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA É INADMISSÍVEL”
“Para nós, a cruz é um símbolo de
defesa da vida, em favor dos direitos da criança e do adolescente, e é um marco
para a cidade do Rio de Janeiro, de que a violência contra a criança é
inadmissível e não podemos tolerar esse tipo de crueldade”, afirmou Roberto
Santos, que é membro da coordenação executiva da Amar, que acolhe menores em
situação de rua.
O diácono permanente Sebastião
Bernardino de Andrade, membro da coordenação executiva da Amar, recordou que a
primeira cruz foi colocada após a Missa de Sétimo Dia pelos mortos na chacina,
celebrada pelo Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales.
“Nos primeiros três meses, a cruz
foi arrancada duas vezes. Depois de 20 anos, fomos surpreendidos por esse ato
de barbárie com um símbolo religioso, e de desrespeito com a causa da criança.
Houve um vandalismo, uma profanação, por isso entendemos que era necessário
fazer esse desagravo à Santa Cruz do Senhor”, disse o diácono.
claudiabrito@testemunhodefe.com.br
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA