quarta-feira, 9 de outubro de 2013

“Candelária nunca mais”

Cruz foi recolocada na Praça Pio X para recordar a chacina de 1993

No dia 30 de setembro, foi realizado um Ato de Desagravo em frente à Igreja Nossa Senhora da Candelária, na Praça Pio X, no centro do Rio. O objetivo foi reparar o ato de vandalismo que aconteceu na madrugada do dia 25 de setembro, quando a cruz que estava há 20 anos no local foi arrancada e destruída.
Durante o ato, foi realizada a recolocação de uma nova cruz em memória de todas as vítimas da Chacina da Candelária, quando oito crianças e adolescentes foram assassinados em julho de 1993. O evento foi promovido pela Asso­ciação Beneficente Amar, pelo Movimento Candelária Nunca Mais e por diversas entidades civis.
“Lutamos para que a Chacina da Candelária não seja esquecida, buscando denunciar a violência contra crianças e adolescentes, porque lembrar é reagir, esquecer é permitir”, afirmou Fatima Silva, integrante do Movimento Cande­lária Nunca Mais.
Para o desembargador do Tri­bunal de Justiça do Rio de Janeiro, Siro Darlan, o mês de outubro é oportuno para recordar a impor­tância da valorização das crianças.
“Queremos que ressurja na sociedade o respeito pelas crianças e adolescentes, pelos seus direitos e cidadania. A sociedade precisa mudar, porque se não respeita as suas crianças está construindo um mundo cada vez mais violento, porque elas crescem, reagem e viram adultos violentos se são tratados com violência”, destacou o desembargador.
Este ano, durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013, o Papa Francisco também disse ‘Candelária nunca mais’ no encontro com oito jovens privados de liberdade, dia 26 de julho, no Palácio Episcopal São Joaquim, na Glória. O Papa abençoou um rosário que con­tinha nomes de vítimas de cha­cinas e que, a partir de agora, será utilizado nas celebrações, caminhadas e vigílias.

“A VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA É INADMISSÍVEL”
“Para nós, a cruz é um símbolo de defesa da vida, em favor dos direitos da criança e do adolescente, e é um marco para a cidade do Rio de Janei­ro, de que a violência contra a criança é inadmissível e não podemos tolerar esse tipo de crueldade”, afirmou Roberto Santos, que é membro da coordenação executiva da Amar, que acolhe menores em situação de rua.
O diácono permanente Sebastião Bernardino de An­drade, membro da coordenação executiva da Amar, recordou que a primeira cruz foi colocada após a Missa de Sétimo Dia pelos mortos na chacina, celebrada pelo Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales.
“Nos primeiros três meses, a cruz foi arrancada duas vezes. Depois de 20 anos, fomos sur­preendidos por esse ato de bar­bárie com um símbolo religioso, e de desrespeito com a causa da criança. Houve um vandalismo, uma profanação, por isso enten­demos que era necessário fazer esse desagravo à Santa Cruz do Senhor”, disse o diácono.
CLÁUDIA BRITO DE ALBUQUERQUE E SÁ
claudiabrito@testemunhodefe.com.br

FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA