quinta-feira, 4 de abril de 2013

Somos filhos da ressurreição


Ressoa em nossos ouvidos a alegria do grito contido em nossos corações na Quaresma: “Aleluia! Cristo ressuscitou como disse! Aleluia!”

A cada ano, Deus nos dá a graça de nos renovarmos pela celebração da Páscoa de seu Filho. Sempre é a sua Páscoa que celebramos quando nos reunimos em assembleia. To­davia, faz-se necessário, nesta solenidade anual, renovar a nossa esperança e reavivar em nossa mente a força desse acontecimento glorioso.
A ressurreição de Cristo é o centro da nossa fé. Como nos diz São Paulo em seus escritos: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé.” A sua ressurreição é um fato histórico. Pedro se coloca como testemunha da ressurreição como ouvimos na primeira leitura. A primeira a encontrar o Ressuscitado e a dar testemunho disso aos irmãos é uma mulher; alguém cujo testemunho não era assim tão relevante. Se os evange­listas conservaram esse tes­temunho, isso é sinal de que eles não inventaram nada, mas pelo contrário, o encontro com o Ressuscitado foi tão forte que os fez entender tudo o que Cristo havia dito e realizado sob um novo olhar. O que antes eles viam “sem realmente ver” e ouviam “sem realmente ouvir”, agora se lhes torna claro porque recebem a luz da ressurreição.
Mergulhados no meio da desesperança e de palavras de morte, olhamos para a ressur­reição do Senhor. Ela é a fonte da nossa esperança. Às vezes pensamos que Cristo poderia ter ressuscitado, realizado o jul­gamento de todos, estabelecido o seu reino e pronto. Todavia, nos teria sido negada a maravi­lhosa aventura da vida. Dessa vida cheia de tribulações, dessa vida que teme a morte, mas que pode olhar para a ressurreição e transfigurar tudo. É maravi­lhoso saber que Cristo venceu o nosso maior temor. No fundo tememos a morte. Pecamos também porque tememos a morte e queremos aproveitar ao máximo todas as sensações e prazeres desse mundo. Mas, quando percebemos que a mor­te não nos apavora, que Cristo a destruiu em nossa carne mortal, que embora tenhamos de passar por ela, ela já foi destruída, isso nos enche com um novo ânimo, nos faz querer caminhar mais, nos faz querer ir ao encontro de Cristo, para encontrar a nossa vida que, com Ele, como nos diz o apóstolo, está escondida.
O que deve ser a nossa vida aqui? Nós, que ressuscitamos com Cristo, devemos nos es­forçar por encontrar as coisas do alto, onde está Cristo. A nossa vida não deve ser outra coisa que anunciar a ressur­reição, com nossas palavras e com nossa vida. Não basta dizermos que Cristo ressusci­tou, é necessário que sejamos nós mesmos pessoas-anúncio, pessoas-sacramento dessa pre­sença do Ressuscitado no meio do mundo. Devemos aspirar às coisas do alto. A nossa vida está escondida com Cristo e, se queremos a vida, devemos cada vez querer encontrar Cristo. Meus irmãos, desejo que a nos­sa penitência quaresmal tenha sido uma autêntica busca de Cristo. Se apenas sacrificamos o nosso corpo, isso agora vai desaparecer no tempo pascal, sem deixar vestígio algum. To­davia, se aquilo que aos olhos humanos parecia sacrifício e renúncia, era uma autêntica busca de Cristo, o exercício agora se tornará uma práti­ca diária e constante, e cada vez mais estaremos próximos d’Aquele que é a vida.

PE. FÁBIO SIQUEIRA
FOTO: REPRODUÇÃO